Em 4 de fevereiro de 2019
Paulo Correia. ODIARIO.INFO
É a lama, é a lama: Águas de Janeiro num país enlameado
A tragédia resultante
do colapso da barragem de Brumadinho veio de novo chamar a atenção para a
empresa Vale S/A, uma empresa mineira transnacional que opera na América Latina
e que está presente também em Moçambique, Angola e Guiné. Tem lucros de centenas
de milhões. Está no 5° lugar das empresas mais irresponsáveis do mundo, do
ponto de vista ambiental e social. Está envolvida em casos suspeitos no Brasil,
Chile, Colômbia e Peru e é acusada de causar sérios impactos ambientais e
sociais nos países africanos onde opera. Agora dispõe-se a atribuir 23.615
euros a cada família com vítimas nesta tragédia horrenda.
A última contagem de
vítimas desta tragédia ocorrida a 25 de janeiro no município de Brumadinho, a
65 Km da capital do Estado de Minas Gerais (MG) – Belo Horizonte – foi de 121
mortos e 226 desaparecidos. O desastre aconteceu quando a barragem da mina de
ferro de «Córrego do Feijão», que continha lamas provenientes de rejeitos das
atividades mineradoras, colapsou, provocando uma enxurrada de 12 milhões de
metros cúbicos (m³). Esta sopa densa e viscosa, constituída por lamas tóxicas,
ricas em metais pesados e compostos utilizados no processo de beneficiação
industrial dos minérios de ferro (aminas, éter,…), levou tudo pela frente,
incluindo uma ponte ferroviária, desaguando no rio Paraopeba, um afluente do
rio São Francisco, um dos maiores cursos de água do Brasil e que atravessa 5
Estados brasileiros.
O responsável maior,
a empresa de mineração «Vale S.A.». é o resultado de uma privatização parcial
da empresa estatal, implementada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em
1997, que «vendeu» a companhia «a preço de banana», aliás, comprada pelo
banqueiro/empresário Benjamin Steinbruch, com dinheiro oferecido pelo Banco
estatal BNDES. Criada por Getúlio Vargas em1942, chamava-se então «Companhia do
Vale do Rio Doce» (VCRD). Hoje em dia, é uma empresa mineradora transnacional
que opera na América Latina, estando presente em Moçambique, Angola e Guiné.
Está também no 5° lugar das empresas mais irresponsáveis do mundo, do ponto de
vista ambiental e social. A companhia está envolvida em casos suspeitos no
Brasil, Chile, Colômbia e Peru e é acusada de causar sérios impactos ambientais
e sociais nos países africanos onde opera. Em janeiro de 2012, recebeu o prêmio
de «pior empresa do mundo em direitos humanos e meio ambiente», também chamado
o «Óscar da Vergonha», atribuído pelo «Public Eye People’s», organizado pelas
ONGs «Greenpeace» e «Declaração de Berna».
Como não podia deixar
de ser, a «Vale» é o tipo de empresa criminosa, do gênero mutante, entre um
vampiro e um abutre, que suga o máximo de recursos, maximizando lucros e
distribuindo gordos dividendos aos acionistas, em detrimento de salários e de
proteção social e ambiental. O fato de que «as pessoas contam» para a companhia
é o do refeitório do pessoal da empresa ter sido construído na parte debaixo da
barragem. O colapso deu-se na hora do almoço !
Não é preciso ser
especialista para estimar que a causa provável do colapso se deveu à falta de
controle e fiscalização da estrutura. É legítimo apontar aos dirigentes desta
empresa e aos organismos que deveriam controlar as suas atividades, a
responsabilidade deste gravíssimo ato criminoso. A prova de que essa gente vai
ficar impune é o desprezo com que tratam as famílias das vítimas deste ignóbil
crime. Ora vejamos: a «Vale S.A.», grande grupo multinacional de mineração
mundial (que os telejornais franceses apelidaram de «empresa mineradora» sem a
nomear), com 70 mil empregados, maior exportador mundial de minério de ferro do
mundo, vangloria-se de oferecer R$ 100 mil reais (23.615 euros), a cada família
com vítima, nesta tragédia horrenda, afirmando em campanhas publicitárias que
«a prioridade são as pessoas» ! Será que esta elite dirigente, cínica e impune
sente que está oferecendo mais do que ela estima ser o valor de uma Vida
Humana?
O presidente da
«Vale», Fabio Schvartsman, aufere 1,6 milhões de reais mensais (378 mil euros),
mais ou menos cerca de 4,5 milhões de euros anuais!!! Os outros 5 diretores da
companhia auferem cerca de 236 mil euros por mês. Para esta malta sanguessuga,
uma vida vale então 6% de um mês de salário do «boss». Com gente como esta,
como é que havemos de salvar o Planeta? Como é que que podemos salvar-nos, a
nós de um fim escabroso, como o das vítimas de Brumadinho?
Precedente: a 5 de
novembro de 2015 deu-se o colapso da barragem de rejeitos do Fundão, no
município de Mariana (MG), propriedade da «Vale S.A» e do megagrupo
anglo-australiano BHP-Billiton. A tragédia (mais uma) de Mariana, foi o
desastre industrial que causou o maior impacto ambiental do Brasil e o maior
desastre ambiental mundial envolvendo rejeitos, com o vazamento de 62 milhões
m³ de entulho sujo, tóxico…lamacento,
Fonte:
https://ideiaperigosa.wordpress.com/2019/01/31/e-a-lama-e-a-lama-aguas-de-janeiro-num-pais-enlameado/
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