Ex-interventor na Segurança do Distrito Federal, Ricardo Cappelli poderia ajudar a deter a extrema direita a partir do laboratório do Rio, analisa Esmael Morais (Jornalista e do Blog do Esmael)
13 de novembro de 2025
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| Lula e Ricardo Cappelli (Foto: Reprodução/PR) |
Lula precisa chamar o Cappelli para
segurar a virada política construída pelo laboratório de violência do Rio de
Janeiro, que catapulta a extrema direita nas pesquisas divulgadas pela Paraná
Pesquisas, Quaest e Datafolha [que está no forno, prestes a sair]. O alerta foi
dado pelo Blog do Esmael há quase um mês, após a megaoperação que deixou 121
mortos. Sem intervenção federal, a extrema direita avançou.
O presidente Lula vinha surfando no
tarifaço imposto por Donald Trump e, logo depois, no inédito aperto de mão com
o líder americano na Malásia, movimentos que ampliaram seu capital político.
Porém, a matança no Rio funcionou como freio de arrumação, recolocando a
extrema direita no centro do debate e segurando o impulso governista.
Ricardo Cappelli é
o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Jornalista e especialista em administração pública, Cappelli acumula 24 anos de
experiência nos três níveis de governo. Em virtude dos ataques do dia 8 de
janeiro de 2023, Cappelli foi nomeado interventor federal na Segurança Pública
do Distrito Federal pelo presidente Lula. No mesmo ano, foi secretário
executivo e ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República.
Dito isto, voltemos ao Rio.
O estado fluminense é um laboratório
para assuntos de violência e, a partir dali, se consolidou Bolsonaro, pariu Wilson
Witzel e Braga Netto. Também elevou o trôpego governador Cláudio Castro (PL) à
condição de popstar, com direito à homenagem de sua necropolítica no Congresso
Nacional. Um horror.
A necropolítica praticada no Rio
funciona como uma metástase, um câncer institucional que, se não contido, se
espalha rapidamente pelo país. O método da violência como política pública,
legitimado pela disputa eleitoral e pela propaganda oficial, tende a contaminar
outras administrações, criar atalhos autoritários e naturalizar a ideia de que
matar é governar. É um modelo que, uma vez replicado, corrói a democracia por
dentro e transforma o Estado em operador da morte como cálculo político.
A Constituição Federal, esse
dispositivo liberal, pede que o presidente da República intervenha quando o
governo do estado não dá conta do recado. E, com o saldo de 121, convenhamos,
Castro perdeu o controle há muito tempo, apesar do sensacionalismo em cima de
sua política da morte.
Se o governo federal nada fizer, além
de naturalizar chacinas e genocídios, outros governos estaduais preferirão
repetir matanças em seus estados, bandidos ou não, sem o devido processo legal,
com execuções extrajudiciais. Se o governador pode, por que o prefeito de uma
cidade média, que tem a guarda municipal armada, também não poderia fazer uma
limpa nas vésperas da eleição para melhorar o Ibope?
As execuções extrajudiciais parece
que ajudam na popularidade da extrema direita, enquanto os governos
progressistas experimentam baixa diante do funcionamento do laboratório de
matança à céu aberto.
É nesse ponto que a crise do PL
Antifacção, relatado pelo deputado Guilherme Derrite, precisa ser lida como
parte de um projeto de poder, não como desorganização legislativa. As mudanças
propostas esvaziam competências da Polícia Federal, transferem o enfrentamento
ao crime organizado para esferas estaduais alinhadas à extrema direita e
tumultuam investigações como a Operação Carbono Oculto.
O método é claro: reconfigurar o
aparato institucional, enfraquecer a União, blindar aliados e criar a narrativa
de que somente eles teriam coragem para enfrentar facções, enquanto na prática
ampliam riscos, favorecem redes criminosas e pavimentam uma arquitetura
política para 2026.
Como a discussão sobre segurança
pública ficou aquartelada na extrema direita, eles estão ensaiando para criar a
figura da Polícia Federal Independente, inspirada no Banco Central
Independente, cuja autonomia garantiu o surgimento do maior juro real do mundo,
que desgraça o desenvolvimento nacional, a geração de emprego bom, aumento do
salário, consumo de bens e serviços, enfim, proporcionar felicidade para as
famílias brasileiras. Com a PF Independente, não seria diferente. Quem ficaria
feliz seria o crime organizado, os oligarcas da Faria Lima e setores da velha
mídia corporativa.
É nesse contexto, de virada, que Lula deveria
chamar o Cappelli. Ou, se preferir, resignadamente, pagar para ver o avanço da
extrema direita a partir do laboratório do Rio.

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