“O brasileiro é o novo rolo do fascista cansado da interlocução com as mesmas figuras de sempre”, escreve Moisés Mendes (Jornalista)
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Donald Trump e Lula (Foto: REUTERS) |
Trump nunca disse a Putin e Zelensky o que agora diz a Lula, apesar de ter sentimentos semelhantes em relação aos dois. Lula entra em outro departamento dos afetos do americano, porque lhe oferece novas pautas, novas brigas e a possibilidade dos desenlaces latinos imprevisíveis.
Trump quer Lula como seu novo rolo.
Lula é mais artista do que os outros dois juntos. O brasileiro oferece a chance
da novidade, o desafio de uma esperteza não só cerebral, mas intuitiva e
poética, e a perspectiva de coisas surpreendentes.
Novos inimigos reanimam os cansados
de guerra. Lula revitaliza Trump, que passa a desfrutar da inteligência única
de Lula. Trump começou, com a primeira conversa, um duelo que pode até
desencurvar seu corpo cansado.
Nenhuma ingenuidade alvissareira,
movida pelo entusiasmo do primeiro telefonema, pode nos levar a pensar que Lula
vai mudar Trump. Nada disso. Trump poderia ser um Biden se não fosse Trump.
O que Lula disse a Trump e o
hipnotizou é que ele tem condições de enfrentá-lo. Tanto quanto Putin o
enfrenta, como o mais fantástico estrategista do século 21.
Mas Lula é o mais sedutor, o mais
serelepe, o mais literário, o mais engraçado. Lula tira Trump da mesmice das
outras guerras, das conversas medíocres com seus amigos e inimigos europeus e
do bafo insuportável de Netanyahu.
Lula diz a Trump que atrações
pessoais não vão se sobrepor às macroquestões econômicas, políticas e
ideológicas e que ele respeita essa verdade.
Lula sabe que é impossível ver afetos
repentinos falsos ou verdadeiros encobrindo gestos maiores que expressam todos
os ódios em relação ao Brasil, às esquerdas e aos latinos. Trump sabe que Lula
pensa assim e que vai para o jogo no que sobra de espaço de
racionalidade.
Trump poderá descansar um pouco a
própria agressividade. Vai tirar dois ou três bodes da varanda. Cederá no
detalhe para não perder o essencial, porque ele criou o jogo e as regras e
determina quem avança e recua. Lula admite que é assim mesmo e que topa jogar,
porque não há o que fazer.
Trump cede porque precisa afrouxar a
corda, por pressão econômica interna, por calibragem de retórica e de blefes e
porque não pode brigar com todo mundo o tempo todo.
Trump vai pedir aos Bolsonaro que se
acalmem um pouco. Eles terão que buscar forças em Valdemar Costa Neto e Ciro
Nogueira.
Trump precisa reacomodar seu tom de
voz e se dedicar a Lula, enquanto enrola russos e ucranianos e finge querer
parar a matança em Gaza. E que a família fique à espera de novos sinais mais
adiante, se for preciso chamá-la de novo.
Trump sabe que Lula defende um país e
que Bolsonaro defende uma facção criminosa já condenada. Nem seus generais
golpistas Bolsonaro defende.
Trump continuará sendo o mesmo fascista perseguidor
dos diferentes. Lula não vai humanizá-lo. Sabe que está num rolo. Que o
esquemático Marco Rubio não estrague tudo.
EM TEMPO: Em resumo: Lula é mais habilidoso e "pop star". O presidente francês, Macron, já percebeu isso. Idem para Putin, Xi Jinping e agora Trump e Zelensky. Quem quiser chorar, pode, faz bem a saúde em todos os aspectos. Convém lembrar que os diplomatas Celso Amorim e Mauro Vieira, são altamente capacitados para bem representarem o Brasil. Ok, Moçada!
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