Chefe do Departamento de Estado aponta a fragilização de Tel Aviv na arena internacional
05 de outubro de 2025
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio -
16/07/2025 (Foto: REUTERS/Umit Bektas)
:
247 – O secretário de
Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, admitiu neste domingo (5) que o
massacre em curso na Faixa de Gaza abala profundamente o prestígio e o apoio
internacional de Israel, em meio a um crescente isolamento diplomático do
regime de Tel Aviv. A declaração foi feita ao programa Face the Nation,
da CBS News, e publicada pela agência Reuters, que detalhou a atuação
norte-americana na ONU durante o conflito.
“Quer você ache que foi justificado
ou não, certo ou errado, não se pode ignorar o impacto que isso teve na posição
global de Israel”, afirmou Rubio, num raro reconhecimento público do desgaste
do país diante da comunidade internacional.
O secretário respondia a uma pergunta
sobre declarações do presidente Donald Trump, que criticou o primeiro-ministro
Benjamin Netanyahu e reconheceu a perda de apoio global de Israel. “Bibi foi
longe demais em Gaza e Israel perdeu muito apoio no mundo. Agora eu vou restaurar
todo esse apoio”, disse Trump em entrevista ao canal israelense Channel 12.
As falas refletem o colapso moral e
político de um governo acusado por líderes e organizações internacionais de
praticar genocídio contra o povo palestino. O conflito, que já dura quase dois
anos, deixou mais de 67 mil palestinos mortos, em sua esmagadora maioria civis,
segundo autoridades de saúde locais.
O isolamento dos Estados Unidos e a cumplicidade no genocídio
A Reuters lembra que, mesmo diante
das atrocidades cometidas por Israel, os Estados Unidos têm usado seu poder de
veto na ONU para impedir ações de cessar-fogo e proteção humanitária. Foram
seis vetos em dois anos, todos com o objetivo de blindar o governo de Netanyahu
de sanções ou condenações internacionais.
Na mais recente votação, em setembro,
os EUA bloquearam uma resolução que exigia um cessar-fogo imediato,
incondicional e permanente, além do fim das restrições à entrada de ajuda
humanitária em Gaza. Os outros 14 membros do Conselho de Segurança votaram a
favor, isolando completamente Washington.
A posição norte-americana expôs a contradição entre o discurso de “direitos humanos” e a prática de conivência com o massacre. Até mesmo uma declaração condenando ataques em Doha, capital do Catar, só foi aprovada após os EUA insistirem em retirar o nome de Israel do texto.
A ONU denuncia, mas o genocídio continua
Com o Conselho de Segurança
paralisado pelos vetos dos Estados Unidos, a Assembleia Geral da ONU passou a
refletir o clamor global pelo fim do genocídio. As resoluções, embora não
vinculantes, têm mostrado o isolamento crescente de Israel e de seu protetor
norte-americano.
A mais recente, aprovada com 149
votos favoráveis e apenas 12 contrários, exigiu um cessar-fogo permanente e
acesso irrestrito à ajuda humanitária. Em votações anteriores, os números foram
igualmente expressivos: 120 países em outubro de 2023, 153 em dezembro de 2023
e 158 em dezembro de 2024 — um movimento cada vez mais contundente contra a
guerra.
A realidade das ruas de Gaza, marcada por cidades arrasadas, hospitais destruídos e milhares de crianças mortas, contrasta com o silêncio cúmplice das potências ocidentais que continuam a fornecer armas e apoio político a Israel.
Cresce o reconhecimento do Estado palestino
Em meio à devastação, cresce o número
de países que reconhecem a Palestina como Estado soberano. Rubio reconheceu
que, “devido à duração e à condução desta guerra”, potências como França, Reino
Unido, Austrália e Canadá romperam o alinhamento automático com Washington e
passaram a apoiar formalmente o reconhecimento do Estado palestino.
Em julho, França e Arábia Saudita
lideraram uma conferência na ONU para estabelecer um roteiro de dois Estados,
retomada em setembro com uma nova cúpula. No mês passado, a Assembleia Geral
aprovou por ampla maioria uma resolução que respalda “passos tangíveis, com
prazos definidos e irreversíveis” rumo à criação de um Estado palestino.
Apesar disso, o primeiro-ministro
Benjamin Netanyahu insiste que “nunca permitirá um Estado palestino”,
demonstrando total desprezo pela comunidade internacional. Seu governo, apoiado
militar e politicamente por Washington, segue ampliando a ofensiva em Gaza e
consolidando a ocupação de territórios palestinos.
A origem do conflito e a tragédia humanitária
O genocídio em Gaza começou em 7 de
outubro de 2023, após um ataque do Hamas em território israelense que matou
1.200 pessoas, segundo dados de Israel. Desde então, a resposta israelense
ultrapassou qualquer limite moral ou jurídico, com bombardeios indiscriminados
e punição coletiva contra a população civil palestina.
Logo no início da guerra, o
secretário-geral da ONU, António Guterres, já alertava para a desproporção das
ações israelenses. “O número de civis mortos mostra que há algo claramente
errado nas operações militares de Israel”, afirmou. E acrescentou: “Não é do
interesse de Israel ver todos os dias as imagens terríveis do sofrimento do
povo palestino. Isso destrói o país diante da opinião pública global.”
Com dezenas de milhares de mortos, milhões de
deslocados e uma infraestrutura em ruínas, Gaza tornou-se o símbolo
contemporâneo da barbárie e da impunidade internacional. Enquanto isso,
Washington e Tel Aviv seguem isolados, enfrentando o julgamento da história.
EM TEMPO: Convém lembrar que o governo de Israel manda agredir militarmente um povo desarmado com a anuência do governo dos EUA. Mas, contra o Irã a guerra no instante acabou porquê Israel começou a "levar madeira". É assim que a música toca em qualquer lugar do mundo. Por isso as manifestações de rua são bastante importantes quando se quer pressionar o Congresso Brasileiro.
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