Segundo Jamil Chade, inteligência brasileira vê atuação dos EUA para desestabilizar Lula com apoio de Eduardo Bolsonaro e bolsonaristas no exterior
24 de julho de 2025
Lula e um ato contra Donald Trump e Jair Bolsonaro
(Foto: Ricardo Stuckert / PR I Paulo Pinto / Agência Brasil)
247 - Agentes da Agência
Brasileira de Inteligência (Abin) estão em alerta diante de indícios de que
ações recentes do bolsonarismo não são apenas iniciativas isoladas de grupos
extremistas nacionais, mas parte de um plano articulado com apoio direto do
governo dos Estados Unidos. Segundo Jamil Chade, do Vero Notícias, cresce a convicção dentro da inteligência
brasileira de que a estratégia para desestabilizar o governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) conta com envolvimento da CIA e aval da Casa Branca,
sob o comando do presidente Donald Trump.
O sinal mais evidente dessa ofensiva
seria o chamado “tarifaço” imposto ao Brasil por Trump, acompanhado de uma
retórica agressiva contra o governo brasileiro e do fechamento de canais
diplomáticos. Para analistas, essas medidas seriam apenas a face pública de uma
operação mais profunda, com raízes no serviço secreto norte-americano e
execução via personagens-chave do bolsonarismo.
“Trata-se de um típico roteiro elaborado pela
CIA, alimentando atores nacionais para justificar um interesse estratégico
estrangeiro”, afirmou um agente da Abin lotado no exterior.
Eduardo Bolsonaro radicaliza sob proteção - Entre os principais sinais de que algo maior está
em curso, a Abin destaca o comportamento cada vez mais hostil e desafiador do
deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Nas últimas semanas, ele
intensificou ataques à Polícia Federal, a ministros do Supremo Tribunal Federal
e ao próprio Congresso, adotando um discurso de enfrentamento e desinformação
sem demonstrar receio de punições.
Segundo integrantes do serviço de
inteligência, essa postura indica a percepção de proteção internacional. O
paralelo com o movimento trumpista é claro: nos EUA, Trump e seus apoiadores se
movem sob o discurso da “liberdade contra o sistema”, e agora aplica-se ao
Brasil o mesmo enredo, com os Bolsonaro no papel de mártires de um suposto
regime autoritário.
De acordo com os analistas, a
narrativa construída segue um roteiro clássico: um ex-presidente supostamente
“amado pelo povo” (Jair Bolsonaro), “exilados” perseguidos politicamente (como
Eduardo, Allan dos Santos e Paulo Figueiredo) e “ditadores” que usurpam o poder
(nas figuras de Lula e Alexandre de Moraes).
“A palavra-chave é desestabilização”,
alertou um experiente agente da inteligência. O objetivo, segundo ele, é
fragilizar o governo brasileiro e preparar o terreno para que, em 2026, os EUA
tenham um aliado incondicional no poder em Brasília.
Alerta ignorado pelo governo - Ainda em agosto de 2024, antes das eleições norte-americanas, diplomatas
brasileiros elaboraram um mapeamento dos nomes influentes em um eventual
segundo governo Trump. A recomendação era abrir canais com esses interlocutores
para conter possíveis choques futuros.
A Abin sugeriu inclusive traçar um
perfil psicológico de Trump, visando identificar traços de personalidade e
vulnerabilidades que pudessem ser exploradas diplomaticamente. Mas essas
propostas ficaram paradas em gavetas do Itamaraty e do Palácio do Planalto, sem
implementação prática.
Agora, com os primeiros sinais
concretos de uma operação em curso, integrantes da diplomacia avaliam que o
país poderá enfrentar um longo ciclo de instabilidade. O uso de sanções
econômicas, campanhas de desinformação e manipulação de redes sociais serve
para construir, aos poucos, a narrativa de ilegitimidade de um governo eleito.
“Falta apenas um Juan Guaidó
brasileiro para se consolidar a existência de uma tentativa de golpe”, disse um
diplomata experiente, fazendo referência ao líder opositor venezuelano apoiado
pelos EUA.
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