Declarações do presidente ucraniano foram feitas um dia após o vice-presidente dos EUA, JD Vance, minimizar a importância dos aliados europeus
15 de fevereiro de 2025
![]() |
Volodymyr Zelensky (Foto: Telegram/V_Zelenskiy_official) |
Por Paulo Emilio
247 - O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, alertou que os dias de apoio garantido dos Estados Unidos à Europa chegaram ao fim e pediu que o continente se una na criação de um exército e de uma política externa comuns. Em discurso durante a Conferência de Segurança de Munique, neste sábado (15), Zelensky expressou preocupação com um telefonema recente entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o ex-presidente americano Donald Trump. Segundo ele, o diálogo levantou temores em Kiev de que a Ucrânia esteja sendo excluída das negociações, enquanto a Casa Branca minimiza as perspectivas de adesão do país à Otan.
“Alguns dias atrás, o presidente
Trump me contou sobre sua conversa com Putin. Ele não mencionou nenhuma vez que
a América precisa da Europa naquela mesa. Isso diz muito”, afirmou Zelensky, de
acordo com a CNN. O ucraniano acrescentou que "os velhos tempos acabaram —
quando a América apoiava a Europa apenas porque sempre apoiou”. Ele ainda
admitiu que “não estava feliz” com o fato de a primeira ligação de Trump ter
sido com Putin.
O presidente da Ucrânia alertou que seria ainda “mais perigoso” se Trump se reunisse com Putin antes de encontrá-lo. O ex-presidente dos EUA não se comprometeu a se encontrar com Zelensky primeiro, segundo afirmou o líder ucraniano à CNN. No entanto, destacou que Trump entende a necessidade de “se reunir urgentemente” para discutir “planos concretos” para encerrar a guerra. Zelensky fez suas declarações um dia depois de o vice-presidente dos EUA, JD Vance, minimizar a importância dos aliados europeus em um discurso na conferência, praticamente ignorando a questão ucraniana e um possível acordo com a Rússia.
Diante do cenário incerto, Zelensky reforçou a necessidade de a Europa se tornar militarmente independente. “Vamos ser honestos — agora não podemos descartar a possibilidade de que os EUA digam ‘não’ à Europa em questões que os ameaçam. Muitos líderes falaram sobre a Europa precisar de seu próprio exército — um Exército da Europa”, afirmou. Ele também citou a participação de JD Vance na conferência, destacando que a declaração do vice-presidente americano deixou claro que "as décadas do antigo relacionamento entre Europa e EUA estão terminando" e que "a Europa precisa se ajustar a isso".
Mais adiante em seu discurso, o presidente ucraniano acusou Putin de tentar “dividir o mundo” por meio de conversas individuais com Trump. “Putin tentará fazer com que o presidente dos EUA esteja na Praça Vermelha em 9 de maio deste ano, não como um líder respeitado, mas como um suporte em sua própria performance. Não precisamos disso”, alertou. Em um momento descontraído que provocou risos na plateia, Zelensky admitiu ter dito a Trump que Putin o teme. “Eu disse a Trump que Putin tem medo dele, e ele me ouviu. E agora Putin sabe”, ironizou.
Ele também afirmou que o presidente russo parece ser a maior influência na Otan, ao impedir avanços na aliança. “Neste momento, o membro mais influente da Otan parece ser Putin — porque seus caprichos têm o poder de bloquear as decisões da aliança.” Zelensky enfatizou que a Ucrânia nunca aceitará acordos firmados sem sua participação e defendeu que o mesmo se aplique a toda a Europa. “Nenhuma decisão sobre a Ucrânia deve ser tomada sem a Ucrânia. Nenhuma decisão sobre a Europa deve ser tomada sem a Europa. A Europa deve ter um assento à mesa quando decisões sobre o continente estão sendo tomadas”, reforçou.
Após o discurso de Zelensky, o primeiro-ministro da
Polônia, Donald Tusk, alertou que a Europa "precisa urgentemente de um
plano de ação" sobre a Ucrânia, sob risco de outros atores globais
decidirem o futuro do continente. “Este plano deve ser preparado agora. Não há
tempo a perder”, escreveu Tusk em um post na rede social X.
EM TEMPO: Trump não tem interesse na guerra da Ucrânia contra a Rússia, porque ele mudou a estratégia para recuperar o Império, ou seja, tratar as guerras como um negócio capitalista que lhe dê garantia de retorno e, portanto, lucro. Até agora a Ucrânia, isto é, o governo Zelensky, só deu prejuízo aos EUA e nenhuma garantia que vai pagar os armamentos e empréstimos recebidos. Por isso Trump quer que a Ucrânia ceda sua riqueza mineral, brevemente, antes que a Rússia ocupe. a qual já conquistou vários territórios. Antes das eleições presidenciais de 2024 nos EUA, Trump já tinha dito que o governo do ex-presidente Joe Biden, tinha sido muito generoso com o governo de Zelensky. Só que ele não disse, mas sabe, que o filho de Biden tem negócios na Ucrânia. Observe que Trump está fazendo coisa semelhante com Israel. Ou seja, Trump quer que Israel ceda o território de Gaza. É mais uma prova que a política externa de Trump está mudando. Em outras palavras quer dizer: nós, os EUA, financiamos as guerras com armas e dólar, mas vocês pagam o que receberam e ainda cedem o que ocuparam com as guerras. Essa é a regra atual do imperialismo norte-americano. Fazer as pazes com a Rússia é imprescindível. Único proveito dessa aproximação de Trump com Putin, consiste em evitar a terceira guerra mundial, a qual está se esvaziando. O que é um ponto positivo para todos nós. Em resumo: Trump vai agir militarmente a onde o imperialismo norte-americano obter lucro. Ou seja, a guerra é uma mercadoria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário