Ex-presidente dos EUA expôs violações de direitos humanos do regime brasileiro, enfraqueceu sua legitimidade internacional e incentivou redemocratização
29 de dezembro de 2024
Jimmy Carter (Foto: REUTERS/Amr Abdallah Dalsh) |
247 - Durante seu
mandato presidencial, entre 1977 e 1981, Jimmy Carter, falecido aos 100 anos neste domingo (29),
desempenhou um papel importante na fragilização da ditadura militar brasileira
(1964-1985), ao adotar uma política externa centrada na defesa dos direitos
humanos. Essa abordagem, inovadora para a época, gerou tensões com o então
presidente do Brasil, general Ernesto Geisel, e contribuiu para o isolamento do
regime militar no cenário internacional.
A relação entre Carter e Geisel foi
marcada por conflitos abertos. A administração norte-americana utilizou
relatórios da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e de organizações não
governamentais para denunciar práticas de tortura, desaparecimentos forçados e
repressão política no Brasil. Essas críticas foram amplamente divulgadas em
discursos oficiais dos EUA, irritando profundamente o regime brasileiro, que
acusava Washington de interferência em seus assuntos internos.
Em resposta às denúncias, Geisel adotou uma postura de resistência, mas também reconheceu que o fortalecimento do regime dependia de uma transição controlada para a democracia. Sob pressão internacional e enfrentando uma crise econômica interna, o general iniciou o processo de abertura política, descrito como “lento e gradual”. Essa estratégia visava preservar o controle militar enquanto acomodava as crescentes demandas por redemocratização.
Corte de auxílio militar e isolamento diplomático
Uma das principais ferramentas de
Carter para pressionar o regime brasileiro foi o corte na cooperação militar. A
restrição à venda de equipamentos e ao treinamento de oficiais brasileiros
enfraqueceu a capacidade do Brasil de sustentar sua legitimidade no plano
internacional. Essas medidas também destacaram a mudança de postura dos Estados
Unidos em relação às ditaduras militares, antes vistas como aliadas essenciais
na contenção do comunismo durante a Guerra Fria.
A política de direitos humanos de Carter teve um impacto significativo dentro do Brasil, fortalecendo movimentos de oposição como a Campanha pela Anistia. A postura dos EUA incentivou ativistas e setores democráticos a pressionarem o regime por reformas políticas e maior respeito aos direitos civis. Essa pressão interna, aliada ao isolamento diplomático, ajudou a acelerar a erosão do suporte ao regime militar.
Legado
Apesar da reversão parcial dessa política pelo
sucessor de Carter, Ronald Reagan, que retomou relações mais amistosas com
regimes autoritários, o impacto de Carter foi significativo. Sua administração
expôs as violações de direitos humanos do regime brasileiro, enfraqueceu sua
legitimidade internacional e incentivou movimentos internos pela
redemocratização.
EM TEMPO: O ex-presidente e general Geisel considerava Bozo como um "mal militar" e o seu Comandante Militar, general Leônidas Pires, proibiu Bozo de visitar os quartéis do Exército. Perguntar não incomoda: de lá para cá, considerável parcela dos militares brasileiros, pioraram ou melhoraram sua capacidade de entender a geopolítica ao aderirem a uma armadilha golpista plantada pelo indisciplinado e arruaceiro Bozo, mesmo com o alerta de uma Generala para o Cone Sul, isto é, América Latina, a qual esteve no Brasil, em meados do primeiro semestre do ano de 2022, a mando do governo Biden, para dizer, em reunião, ao Alto Comando das Forças Armadas que os EUA, leia-se CIA, não apoiavam aventura militar no Brasil.
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