Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert / PR) |
Por que há tantos lamentos ecoando a ladainha da mídia adversária?
Por Mário Vitor Santos (Jornalista).
Nesta fase do mandato de Lula, muitos de seus
apoiadores parecem tomados por uma espécie de síndrome de alarma, tristeza e
cansaço.
Irritados com o que enxergam como insuficiências do
governo Lula, parecem contaminados com o discurso de seus adversários nas redes
sociais e na mídia corporativa (Globo, Globo news, Folha, Estadão etc). É
incrível como parcela importante se mostra caudataria desse discurso
catastrofista, desse marketing da eterna crise abismal de um governo com
emprego beirando recorde histórico, inflação em queda e salários em
recuperação.
Por que há tantos lamentos ecoando a ladainha da
mídia adversária?
Gente simpática a Lula reclama das flutuações
baixistas nas pesquisas de aprovação de Lula. Dedicam-se a reclamar da falta de
mobilização atribuindo ao governo um problema delas próprias. O inferno está
nos outros. As queixas mais parecem ocultar ou desviar a própria passividade
dos apoiadores do governo.
Para esse entorno dos simpatizantes da esquerda
qualquer espirro dos bolsonaristas é enorme e apavorante, demandando resposta
imediata. Já as tentativas ou vitórias do governo são nulas ou insuficientes.
A reação à sindrome é desorientada e irracional.
Como quase tudo está errado para eles, surgem alternativas que na verdade, com
alguma busca atenciosa, foram sopradas sem sutileza pelos "analistas"
da mídia oposicionista.
O governo perdeu uma votação óbvia? Os sábios
ansiosos dizem que é preciso trocar a articulação política. Ou pior: dizem que
está na hora de nada menos que uma ampla reforma ministerial. As pesquisas
apontam uma queda relativa na aprovação (esperada nessa altura do mandato)? Os
espertos já têm a solução: demandam a demissão do ministro da Secretaria de
Comunicação, Paulo Pimenta, como se o tema fosse resolvido por mera troca de
nomes.
Há até quem veja poderes milagrosos num pronunciamento
presidencial em rede nacional de rádio e TV.
A menção a Pimenta tampouco é em sua origem
imparcial ou inocente. Ele está entre os mais combativos auxiliares do
presidente, impermeável às pressões da mídia hegemônica.
Foi o polemista estadunidense H.L.Mencken o autor
da conhecida definição para esta síndrome: "Para todo problema complexo
existe sempre uma solução simples, elegante e completamente errada".
As formas de fazer política e de o público se relacionar
com ela seguem sofrendo profundas mudanças. A digitalização de todas as
esferas da vida implica uma mutação nesse terreno.
A informalidade e o trabalho remoto agregam
complexidade. A fragilização das entidades sindicais afeta o engajamento dos
trabalhadores.
Há dificuldades de construir uma comunicação
politicamente eficiente a partir do governo, sendo mais fácil fazê-lo da
oposição.
O enraizamento da direita nesse mundo digital não é
fenômeno exclusivamente brasileiro, ao contrário, sendo dominado pela
extrema-direita em todo o planeta.
Quanto à reforma ministerial, nada poderia agradar
mais aos adversários do que esse carimbo oficial de uma grave crise.
Nessa disputa, como quase sempre, não há que negar
as dificuldades. Uma dose de serenidade e estudo faria bem neste momento.
As ações de governo se desenvolvem em inúmeras frentes, os resultados já
aparecem e vão se mostrar com ainda mais clareza na sequência do
trabalho.
Vale anotar que a extrema-direita bolsonarista
mergulha numa crise desde o trauma da derrota em 2022, sempre subestimada pela
periferia do lulismo. Essa crise é agravada pela obrigação de fazer política,
fazer alianças e concessões, o que é a própria negação da identidade fascista
de existir impondo desânimo e divisões em seu campo.
EM TEMPO: A maioria dos analistas políticos de centro-esquerda e de esquerda não consideram que um contingente expressivo da população brasileira é de direita e de centro-direita. Neste grupamento a ala mais democrática oscila eventualmente para a centro-esquerda. Observem que a maioria da população deu uma guinada para a centro-esquerda, isto é, votando no presidente Lula nas Eleições de 2022, porém elegeram uma considerável parcela de direitistas para o Parlamento.
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