Sebastião Melo (Foto: Giulian Serafim/PMPA) |
Estragos em Porto Alegre "foram exponenciados pela incompetência, negligência, omissão e equívocos do prefeito Sebastião Melo", diz Jeferson Miola
“Se tivesse funcionando, nada seria inundado
em Porto Alegre. Exceto no Sarandi, que verteu [água] por cima [do dique]”,
disse Iporã Possantti, Engenheiro Ambiental e Mestre em Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental pela UFRGS.
O especialista salienta que o sistema
de proteção de enchentes implantado na capital gaúcha desde o final dos anos
1960 é eficiente e confiável, mas nos últimos anos ficou comprometido devido a
falhas relevantes de manutenção.
Iporã diz que as falhas e
negligências ficaram bem evidenciadas nestes dias, e relatou situações
ocorridas que contribuíram para a inundação da cidade, como tubulações
revertendo água que sai pelas tampas, comportas sem vedação e estações de
bombeamentos sem plano de contingência quando da falta de energia elétrica.
Na visão dele, o colapso só não é
pior porque os trabalhadores do DMAE, o Departamento Municipal de Águas e
Esgotos, se dedicam incansavelmente para garantir o abastecimento de água para
a população, mesmo enfrentando condições adversas e o sucateamento do órgão
pelo governo municipal, que planeja privatizá-lo. “São verdadeiros heróis”,
afirma.
O diagnóstico de Iporã é corroborado
por outros especialistas. O professor Jaime Federici Gomes, da PUC/RS, entende
que “o sistema falhou, e as comportas não deram a resposta adequada”.
Federici entende que, mesmo com
alguma falha, o centro da cidade não seria afetado, e o aeroporto estaria
funcionando normalmente, assim como a Estação Rodoviária.
Mas, com a inundação, a região
central ficou colapsada, obrigando milhares de pessoas a se deslocar para
outros locais. O aeroporto e a rodoviária estão totalmente interditados, e por
tempo indeterminado. As águas barrentas danificaram os centros de comando
operacional.
Por mais devastador que possa estar
sendo este evento climático ainda em desenvolvimento, está claro que os
terríveis efeitos que ele causou foram exponenciados pela incompetência,
negligência, omissão e equívocos do governo comandado pelo prefeito Sebastião
Melo.
Para Iporã, a força e violência deste
evento climático severo não surpreende. Ele destaca que sua ocorrência estava
prevista em setembro de 2023, e as autoridades municipais e estaduais foram
alertadas a esse respeito, mas nada fizeram para prevenir seus efeitos e
preparar com antecedência um plano de contingência para enfrentar a situação
prevista com 100% de certeza que aconteceria.
Para o engenheiro ambiental e
especialista em recursos hídricos e saneamento ambiental, a inundação de Porto
Alegre não decorreu de uma falha de operação do sistema, que pode ocorrer em
situações de grande estresse; mas, sim, de falhas de manutenção do sistema; ou
seja, devido ao sucateamento e negligência humana.
Importante lembrar que foram
identificadas falhas absurdas, que poderiam ter sido evitadas com providências
administrativas comezinhas, como a falta de parafusos de pressão e de borrachas
de vedação, fatores que comprometeram o fechamento eficiente das comportas. Com
isso, as águas tiveram passagem livre para inundar extensa área da cidade.
Apesar do empenho da mídia hegemônica
em blindar o prefeito de Porto Alegre e ocultar as graves falhas cometidas, é
comprovável a responsabilidade da Prefeitura de Porto Alegre pela magnitude dos
efeitos catastróficos causados à população e à cidade.
EM TEMPO: O Sistema de Proteção através de "Diques" funciona bem considerando a inexistência de agressão ambiental de grande porte. Evidentemente, que se o Sistema de Proteção estivesse em pleno estado de conservação diminuiria bastante os efeitos da catástrofe. Porém, fica difícil prevê que não haveria alagamento na capital Porto Alegre. Além das soluções técnicas que se avizinha, é imperioso que seja restaurado áreas devastadas pela ganância capitalista. Novo modelo de ocupação e uso do solo deve ser discutido no Congresso Nacional para que se tenha uma política de preservação da natureza. Mas, o que existe no Congresso, ora dominado pelos capitalistas, são projetos de ataques a natureza. Consequentemente, a população gaúcha deve "acordar pra Jesus" e cobrar dos seus parlamentares e governantes ações eficazes de preservação da natureza. Ok, Moçada!
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