Jair Bolsonaro e General Marco Antônio Freire Gomes (Foto: Isac Nóbrega/PR) |
8 de março de 2024
Novos detalhes "assustadores" sobre o depoimento de Cid à PF revelam como foi a reunião entre Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas para discutir golpe de Estado
247 - O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, revelou em seu depoimento à Polícia Federal detalhes "assustadores" e que "parecem surreais", de acordo com a nova edição da revista Veja, sobre a trama de golpe de estado discutida pela cúpula bolsonarista após a derrota para o presidente Lula (PT) nas eleições de 2022. A versão do militar voltou a ganhar relevância após o depoimento do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, realizado na sexta-feira passada (1), que forneceu relatos que corroboraram com as informações de Cid.
Cid descreveu a reunião ocorrida em novembro de
2022 no Palácio da Alvorada, logo após a derrota nas eleições presidenciais
para o presidente Lula (PT). Segundo o relato de Cid, durante essa reunião, o
então assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins,
apresentou a Bolsonaro uma minuta de decreto que denunciava uma falsa
interferência do Poder Judiciário no Poder Executivo. Além disso, a minuta
propunha a prisão de diversas autoridades, incluindo ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e o
presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) sob a justificativa
de oposição ideológica ao ex-presidente.
O documento também sugeria a anulação do resultado
das eleições de 2022, alegando violações nas urnas eletrônicas, e convocava um
novo pleito. Bolsonaro ativamente participou da confecção de uma nova versão do
documento, retirando as prisões de Gilmar e Pacheco, mas ainda assim mantendo
elementos golpistas. Filipe Martins, dias depois, retornou ao Palácio da
Alvorada com as alterações pedidas e, assim, Cid afirmou que Bolsonaro leu e
aprovou o documento que visava demolir a democracia brasileira.
Bolsonaro, então, convocou a famigerada reunião com
os comandantes do Exército, Aeronáutica e Marinha. Durante esse encontro,
Martins explicou detalhadamente o conteúdo do documento, mas não mencionou
prisões ou anulação das eleições. Segundo o relato de Cid, em outro momento da
reunião, sobraram apenas Bolsonaro e os comandantes na sala e o ex-presidente
os pressionou sobre a possibilidade de implementar o decreto golpista. Cid
alega que ficou sabendo desta parte do encontro pela boca do general Freire
Gomes.
Enquanto o general e o brigadeiro Carlos Baptista
Junior não demonstraram apoio à ideia, o almirante Garnier colocou as tropas à
disposição, de acordo com o relato de Cid à Polícia Federal.
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