Logo do perfil @choquei e a jovem Jéssica Canedo (Foto: Reprodução) |
26 de dezembro de 2023
"A misoginia é uma mercadoria que, junto à internet, constitui uma bomba", escreve Marcia Tiburi (Filósofa e Professora)
Precisamos falar sobre o suicídio de Jéssica Canedo que, aos 22 anos, tirou a própria vida depois de dias sendo vítima de uma “Fake News” que, segundo consta, foi produzida por um site chamado Choquei.
A página e seus agentes precisam ser
responsabilizados, contudo diante da inexistência de regulamentação das
plataformas digitais não será fácil. Além da mentira, a misoginia monetizada
rende muito dinheiro para sites desde a época do golpe contra Dilma Rousseff
quando o CEO do Google avisou que os discursos mais rentáveis implicavam
ataques à presidenta. Ou seja, quem quisesse lucrar, devia atacar.
O problema tem raízes profundas. A internet se
tornou terra de ninguém onde a desinformação é mercadoria consumida diariamente
pelas massas assediadas por conteúdos sofríveis, mas que constituem o grande
apelo da lógica publicitária que rege o mundo atual. A misoginia é uma
mercadoria que, junto à internet, constitui uma bomba.
Uma mulher que tenha sido vítima de misoginia não
tem como se defender legalmente, pois a misoginia não é criminalizada.
Whindersson Nunes foi envolvido em algo hediondo.
Ele também paga um preço alto - embora deva ganhar muito dinheiro - por ter
virado fenômeno comercial nas redes sociais. Mas ele mesmo reconheceu que
sempre é pior para as mulheres. E foi pior, foi muito pior, foi insuportável
para Jéssica. Sofrendo de depressão, acabou não suportando o que fizeram contra
ela.
Ninguém tem o direito de brincar com a vida dos
outros, nem de lucrar com mentiras, do mesmo modo que ninguém tem a obrigação
de aguentar. E, sendo isso verdade, esse tipo de processo de difamação (na
indústria da desinformação) e Fake News que rende tanto dinheiro para quem não
tem escrúpulos, destrói a vida de pessoas inocentes.
Jéssica foi levada ao suicídio como muitos(as) podem
ainda ser levados a ele.
Contudo, essa tragédia não teria ocorrido se
empresas de mídia - e pessoas que se alimentam de fofoca - não ganhassem algo
com isso. Aqueles que ocupam o lugar de manipuladores na cadeira da
desinformação, ganham dinheiro e poder enquanto os que ocupam o lugar de
manipulados do sistema sentem, quando muito, preencher o vazio existencial com
fofoca, conteúdo sempre questionável.
Jéssica foi vítima da indústria da fofoca na era da
internet, de quem criou a mentira, de cada site, de cada perfil que se
aproveitou por dinheiro ou mero godo, e de cada pessoa física que a xingou, que
deu seu like na mentira, que passou adiante a informação sem verificar se ela
fazia sentido, e mesmo que fizesse. O gozo perverso-economico do processo levou
uma jovem à morte por suicídio e isso é simplesmente imperdoável.
EM TEMPO: A nossa sociedade é muito despolitizada e sofreu recentemente, no governo do ex-presidente Bozo, a campanha do ódio, do armamento e da intriga entre as pessoas. Daí deu lugar aos "gaiatos fofoqueiros", os quais atuam livremente para ganharem dinheiro, prejudicando as pessoas.
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