Atos semelhantes aos que reuniram milhares de pessoas em capitais como Washington, Londres, Berlim, Paris e Buenos Aires também ocorreram em diversas cidades no Brasil
4 de novembro de
2023
Ato em favor da causa palestina (Foto: Paulo Pinto
/ Agência Brasil)
Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil* - Brasília
Manifestantes
pró-Palestina espalhados por diversas cidades do mundo se reuniram, neste
sábado (4), para protestar contra a ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza
– estreito pedaço de terra de cerca de 41 quilômetros de comprimento por 10
quilômetros de largura, às margens do Mar Mediterrâneo, no Oriente Médio, onde
cerca de 2,2 milhões de palestinos vivem.
Atos semelhantes
aos que reuniram milhares de pessoas em capitais como Washington (EUA), Londres
(Reino Unido), Berlim (Alemanha), Paris (França), Ancara (Turquia), Buenos
Aires (Argentina) e Taipei (Taiwan) também ocorreram em diversas cidades no
Brasil. Em Brasília, os manifestantes se reuniram na Asa Norte, junto aos
frequentadores de uma feira agroecológica criada em 2019 por assentados ligados
ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Feira da Ponta Norte.
Empunhando
bandeiras da Palestina, faixas e cartazes, o grupo que se reuniu na capital
federal cobrou medidas mais enérgicas do governo brasileiro contra a escalada
da guerra, que classificam como um “genocídio” do povo palestino, como
suspensão da relação comercial com Israel.
Faixa de Gaza. Foto: Mohammed Al-Masri / Reuters
Presente ao ato da capital federal, o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, disse à Agência Brasil que as recorrentes manifestações brasileiras de solidariedade têm sido muito importantes. “Estamos muito satisfeitos por esta expressão solidária do povo brasileiro, que sempre demonstrou estar e atuar à altura [dos desafios] quando se trata da [manutenção de uma] paz justa.
Nós, palestinos, estamos precisando destas manifestações, de uma palavra, de um ato de solidariedade, para aliviar um pouco de nossa dor”, comentou o embaixador, acrescentando que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tem expressado o mesmo tipo de solidariedade ao povo palestino.
“O presidente Lula não perde oportunidade de
expressar seu apoio à paz, à justiça e [à necessidade de] uma solução
pacífica”.Nos últimos 31 dias, Brasil presidiu o Conselho de Segurança das
Nações Unidas (ONU). Na tentativa de mediar o conflito no Oriente Médio, o país
apresentou quatro propostas de acordo entre os países-membros do conselho para
um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Porém, as propostas de resolução sobre o
conflito foram rejeitadas.
Segundo a Federação
Árabe Palestina do Brasil (Fepal), também foram anunciadas manifestações de
apoio ao povo palestino em Belo Horizonte, Campo Grande, Florianópolis,
Fortaleza, Goiânia, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, São Paulo, Vitória e
diversas outras cidades.
De acordo com o
Hamas, os ataques de Israel já mataram ao menos 9.488 pessoas e feriram outras
24 mil na Faixa de Gaza. Representantes da Organização das Nações Unidas (ONU)
afirmam que mais de 1,4 milhão de palestinos já tiveram que deixar suas casas
na Faixa de Gaza. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou, nesta
quinta-feira (2), que 12 dos 35 hospitais do território palestino não têm
condições de atender à população devido à falta de combustível, suprimentos ou
por ter sofrido algum dano.
“Os hospitais têm sido o principal alvo na Faixa de Gaza”, afirmou à reportagem o presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), Ahmed Shehada, durante a manifestação. “Há cerca de 500 pessoas sendo assassinadas por dia. Milhares ainda estão soterradas sob os escombros de prédios atingidos por mísseis israelenses. É preciso parar essa agressão, este genocídio. Isto não é uma guerra. É um genocídio e nenhum ato justifica algo assim”, afirmou Shehada, acrescentando: “Independentemente de religiões e orientações políticas, os povos livres têm de levantar suas vozes e exigir um imediato cessar-fogo”.
Em São Paulo, a
concentração, na tarde deste sábado (4), foi em frente ao Museu de Arte de São
Paulo (Masp), na Avenida Paulista. O cozinheiro Shajar Goldwaser, de 30 anos, é
judeu, nascido em Israel e fez questão de participar do ato pela paz no Oriente
Médio. “A causa palestina não é contra os judeus, e nem é necessariamente
contra os cidadãos israelenses. A gente está aqui para defender e legitimar a
luta do povo palestino por direitos básicos, por acesso à água, por acesso à
comida, por acesso à eletricidade, por não ser bombardeado”, explica.
Goldwaser defende a
existência de estados laicos e democráticos na região, como um caminho para
solução dos conflitos. “A gente deve se pautar pela democracia, pelos direitos
humanos, pela construção de uma sociedade laica, na qual judeus, muçulmanos,
cristãos, israelenses, palestinos, possam conviver em paz e em harmonia e
possam explorar as suas enormes capacidades e riquezas culturais, que tanto a
cultura judaica tem, quanto a cultura palestina também tem.”
Ofensiva de Israel
A ofensiva israelense teve início após ação do Hamas. Em 7 de outubro, militantes do grupo ingressaram em território israelense e atacaram vários kibutzim (comunidades) próximos à fronteira. Parte do grupo também atacou os frequentadores de uma festa de música eletrônica, matando ao menos 260 jovens. A ação por terra foi precedida por um intenso ataque aéreo, com mísseis sendo lançados contra o território israelense.
Segundo as Forças de Defesa de Israel, o ataque do Hamas
deixou mais de 1.400 mortos e ao menos 240 pessoas de diversas nacionalidades
continuam mantidas como reféns. Israel não concorda com cessar-fogo temporário
com o Hamas até que os reféns sejam libertados, disse o primeiro-ministro
Benjamin Netanyahu nesta sexta-feira (3). "Israel recusa um cessar-fogo
temporário que não inclua o retorno de nossos reféns", afirmou durante
discurso transmitido pela televisão.
Manifestações pelo
mundo
Manifestantes
pró-palestinos foram às ruas de Londres, Berlim, Paris, Ancara e Istambul para
pedir um cessar-fogo na Faixa de Gaza e punição a Israel por ter intensificado
a ofensiva na região.
Em Londres, grandes
multidões bloquearam partes do centro da cidade, antes de marcharem para
Trafalgar Square. Os manifestantes seguravam cartazes "Liberdade para a
Palestina" e gritavam "cessar-fogo agora" e "aos milhares,
aos milhões, somos todos palestinos".
De acordo com a
polícia, 11 pessoas foram presas, uma delas por exibir um cartaz que poderia
incitar ao ódio, contrariando a legislação antiterrorismo.O Reino Unido apoia o
direito de Israel de se defender depois do ataque do Hamas, porém o governo
defende pausas humanitárias para permitir a entrada de ajuda em Gaza.
No centro de Paris,
os manifestantes portavam cartazes com os dizeres "Pare o ciclo de
violência" e "Não fazer nada, não dizer nada é ser cúmplice".
Foi uma das primeiras grandes reuniões de apoio aos palestinos legalmente
permitidas na capital parisiense desde o ataque de 7 de outubro. As autoridades
francesas haviam proibido concentrações pró-Palestinas em razão da desordem
pública.
* Com informações
da Reuters
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