10 de setembro de 2023
Relatório datado de
27 de dezembro de 2022, que lança luz sobre o grupo extremista conhecido como
"boinas vermelhas", foi encaminhado à CPMI dos Atos Golpistas
Militares do Exército e terroristas bolsonaristas
(Foto: ABR | REUTERS/Adriano Machado)
247 - Um
relatório sigiloso elaborado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin),
datado de 27 de dezembro de 2022, lança luz sobre o grupo extremista conhecido
como "boinas vermelhas", que seria formado por militares da reserva
das Forças Armadas e que marcou presença no acampamento montado por apoiadores
de Jair Bolsonaro (PL) em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília,
com o objetivo de questionar o resultado da eleição presidencial e defender um
golpe de Estado.
O documento, obtido
com exclusividade pelo site Congresso em Foco, foi
encaminhado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos
Golpistas, que apura a intentona golpista do dia 8 de janeiro, quando
militantes bolsonaristas e de extrema direita invadiram e depredaram as sedes
dos Três Poderes, em Brasília.
De acordo com a
reportagem, o relatório da Abin aponta que o grupo “boinas vermelhas” está
ligado a diversas manifestações bolsonaristas por meio de organização,
incitação e conexão com outros grupos propensos à violência, como no caso
tentativa de invasão da sede da Polícia Federal, no setor comercial norte de
Brasília, na noite de 12 de dezembro de 2022.Tradicionalmente, a boina bordô é
associada à Brigada Paraquedista do Exército.
“A Abin afirma que os membros do grupo adotam
discurso de ruptura constitucional e demonstram disposição para envolvimento em
ações violentas, além de cultivarem uma imagem de prontidão para uma suposta
ordem presidencial para serem acionados. O texto ainda levanta a hipótese do
grupo ter feito um estoque de combustível na tenda que usava em frente ao
Quartel General do Exército de Brasília e de promover risco de ataques durante
a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, destaca a reportagem.
“A presença do
grupo na Capital Federal eleva o risco de ocorrência de ação violenta com
potencial de impactar a posse do presidente eleito. Avalia-se que o grupo tem a
capacidade, a motivação e os meios para planejar, executar ou prestar suporte a
um ato extremista violento. Ademais, pode atuar como indutor de atos de
vandalismo e obter a adesão de participantes da ocupação que originalmente não
demonstravam propensão à violência”, aponta um trecho do documento.
Ainda conforme a
Abin, o relatório aponta que o grupo extremista também teria participado de
outras manifestações na capital federal e que no feriado do Dia da
Independência, em 2021, e nos dias que se seguiram, os integrantes do movimento
radical teriam incitado manifestantes a forçar passagem pelas barreiras de
contenção montadas pelas forças de segurança na Esplanada dos Ministérios.
De acordo com o
registro, em certos momentos, integrantes do grupo buscaram assumir a liderança
das manifestações, coordenando a segurança das pessoas e por vezes mediando a
comunicação com representantes do governo federal, do governo do Distrito
Federal e das forças de segurança.
As lideranças identificadas no relatório incluem o militar da reserva Marcelo Soares Corrêa, conhecido como Cabo Corrêa, e Ricardo Arruda Labatut Rodrigues, conhecido como coronel Labatut. Corrêa é apontado como um dos líderes do grupo, organizando manifestações contrárias à mudança de governo e sendo associado a eventos semelhantes ocorridos em outros países. O relatório também revela que políticos, como Hamilton Mourão e Jair Bolsonaro, tiveram ligações com membros do grupo.
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