Ricardo Berzoini (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil) |
Por Aquiles Lins
19 de março de 2023
Ex-ministro entende que compra da Refinaria
Landulpho Alves pelo fundo Mubadala é suspeita
Rede Brasil Atual - O ex-ministro Ricardo Berzoini entende que pode haver relação direta entre a venda pela Petrobras da Refinaria Landulpho Alves (Rlam) e as joias enviada pelos árabes sauditas como presente para a família Bolsonaro. “Há, no mínimo, um indício dessa relação entre as joias e a venda da refinaria”, afirmou o também ex-deputado federal em entrevista concedida para o programa Revista Brasil TVT, da Rede TVT, na noite deste sábado (18). A Rlam foi comprada pelo fundo Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos, com preço muito abaixo do estimado.
“Quando você tem a venda de uma refinaria
como a da Bahia é óbvio que a suspeita, por conta desses presentes, merecem uma
investigação. Claro, não há provas ainda, a investigação é justamente para
produzir provas, mas há muita suspeita. Devemos tratar com rigor”, disse
Ricardo Berzoini.
>>> MPF vai
investigar Jair Bolsonaro e Michelle por peculato no escândalo das joias
A venda da Landulpho Alves, a primeira
refinaria instalada no Brasil, foi concluída no final de 2021 pelo valor de US$
1,65 bilhão. A Petrobras havia definido preço de US$ 3,04 bilhões e o Instituto
de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Naturais e Biocombustíveis (Ineep),
além de bancos de investimento como XP e BTG, apontou que as instalações valiam
entre US$ 3 e 4 bilhões.
Na quarta-feira (15), a Federação Única dos
Petroleiros (FUP) revelou que a Petrobras pretende abrir investigação interna
para apurar possível relação entre a venda da refinaria e as joias sauditas que
o ex-presidente Jair Bolsonaro tentou se apropriar ilegalmente. Fontes da
empresa ligadas à federação dizem que a estatal deve iniciar as apurações no
mês que vem, após a troca do Conselho de Administração e a posse da nova
diretoria.
Cinco anos de impunidade
O Revista Brasil TVT falou também com a
vereadora do Rio de Janeiro Mônica Benício (Psol), viúva de Marielle Franco. O
assassinato de Marielle completou cinco anos no dia 14 de março. Mônica Benício
afirmou que cinco anos “é muito tempo para um crime como esse não ter sido
elucidado”.
A vereadora, porém, mostrou-se mais otimista
com o esclarecimento completo sobre o crime. “Nesse atual momento político, com
esse novo governo federal, com um ministro da Justiça, que na sua fala de
posse, diz que é uma questão de honra a elucidação desse caso, nos animou
muito”, disse. “A gente confia, e porque confia continua cobrando das
instituições como Ministério Público, como a Polícia Civil. A gente confia
também nesse novo governo e nesse novo momento político.”
Do governo do Rio de Janeiro, porém, poucas
expectativas. Mônica Benício conta que se recusou a participar de uma reunião
com o governador Cláudio Castro. Argumentou que o encontro não acrescentaria
nada e ainda mostraria um falso comprometimento com o esclarecimento desse
caso. “Há um ano essa reunião aconteceu, também num dia 14. O governador disse
que o Allan Turnowski, então secretário de polícia, era seu homem de confiança
e no mesmo ano Allan Turnowski foi preso com envolvimento no jogo do bicho.
Também tiveram várias mensagens vazando pela imprensa mostrando que o Allan era
admirador e amigo pessoal do Ronnie Lessa, acusado de ser o atirador que assassinou
a Marielle”, explicou.
Quem mandou
matar?
Marielle foi assassinada na noite do dia 14
de março de 2018. Foi atingida dentro de um carro por três tiros na cabeça e um
no pescoço. O motorista, Anderson Gomes, também foi morto com ao menos três tiros
nas costas. As investigações levaram à prisão de dois executores. O policial
militar reformado Ronnie Lessa, por ter atirado na vereadora, e o motorista e
ex-policial militar Elcio de Queiroz. Os motivos e os mandantes do crime,
porém, seguem sem elucidação.
A Polícia Civil teve cinco delegados responsáveis
pelo caso e, no Ministério Público Estadual, três equipes diferentes atuaram no
caso durante esses anos. A última mudança aconteceu há 10 dias, quando o
procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, escolheu sete novos promotores
para integrar força-tarefa do Gaeco. As trocas constantes de comando receberam
críticas de familiares e movimentos sociais nesses cinco anos, e levaram a
suspeitas de obstrução nas investigações. No dia 22 de fevereiro, Ministério da
Justiça e Segurança Pública colocou a Polícia Federal no caso após abertura de
inquérito.
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