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BRASÍLIA - O “revogaço” assinado pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra medidas pró-armas do governo
anterior barra novos clubes de tiro e novos Colecionadores, Atiradores e
Caçadores (CACs) por pelo menos cinco meses. O segmento cresceu fora de
controle, com incentivos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e se tornou o
principal grupo armado do País, maior que as Polícias Militares.
O decreto de Lula, publicado nesta
segunda-feira, 2, ataca demandas centrais dos armamentistas atendidas na gestão
passada. Agora, os CACs estão proibidos de transportar armas municiadas. A
autorização para transitar a clubes de tiro com os equipamentos prontos para
uso, na prática, deu um porte de arma aos CACs, sem que eles precisassem se
submeter ao procedimento regular da Polícia Federal para civis.
Também
está suspenso o “tiro recreativo” nos clubes, o que permitia pessoas sem porte
de armas ou registro de CACs irem aos estabelecimentos praticar disparos por
hobby. Como mostrou o Estadão em
setembro, o general Braga Netto, já na reserva, atuou para derrubar
a proibição. O Setor de Fiscalização de Produtos Controlados da 2.ª Região
Militar, que abrange as instalações do Estado de São Paulo, proibiu a recreação
ao interpretar uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Pressionado pelo
general e por grupos armamentistas, acabou voltando atrás.
O novo governo determinou, ainda, que todas as armas de fogo
registradas no banco de dados Sigma, mantido pelo Exército, sejam recadastradas
e inseridas no Sinarm, o sistema de controle de armas da PF. Os CACs, hoje,
ficam inscritos no Sigma. Como mostrou o Estadão,
a medida se junta a outras que reduzem o poder dos militares na Esplanada.
O objetivo do governo é detectar quais armas não estão mais em
posse dos proprietários originais. Com a ampliação do acesso a armas, casos de
desvios de materiais comprados legalmente se tornaram corriqueiros. “As armas
que não forem recadastradas se tornarão ilegais. Portanto, teremos
eventualmente a configuração do crime de porte ilegal de armas. As penas podem
chegar a seis anos”, destacou o ministro da Justiça, Flávio Dino.
O decreto de Lula também reduz a quantidade de munições que
podem ser adquiridas. As de calibre restrito não poderão ser compradas. As de
calibre permitido serão, no máximo 600 por ano. Hoje, os CACs podem comprar 5
mil munições por arma. Todas as suspensões e proibições do decreto valerão até
a entrada em vigor de uma nova regulamentação do Estatuto do Desarmamento. Um
grupo técnico será criado para elaborar o texto. Os integrantes serão
escolhidos em até 30 dias. Depois da escolha, o grupo terá dois meses,
prorrogáveis por mais dois, para apresentar o trabalho ao ministro da Justiça,
Flávio Dino. Portanto, as suspensões e proibições devem durar ao menos cinco
meses.
O novo governo também restaurou uma medida abandonada pela
gestão passada. Os civis interessados em posse de arma (autorização para manter
o objeto em casa) deverão comprovar a “efetividade necessidade” para a Polícia
Federal. Essa é uma exigência burocrática muito questionada pelos
armamentistas. Eles alegam que a comprovação deixa o direito de ter uma arma
para proteção pessoal “à mercê da subjetividade dos delegados”. A comprovação
da necessidade havia sido suspensa por iniciativa de Bolsonaro.
O decreto também determina que pessoas que respondam a inquérito
policial ou a ação penal por crime doloso tenham posse ou porte de arma
cassados. Além disso, obriga os donos de armas a comunicarem imediatamente à
polícia e ao Sinarm extravio, furto, roubo ou recuperação de suas armas.
“É muito boa a iniciativa de recadastramento. Me parece que
querem se assegurar de quantos proprietários estão com suas armas e iluminar os
casos de desvio intencional”, pontuou Bruno Langeani, gerente do Instituto Sou
da Paz e estudioso das políticas armamentistas.
EM TEMPO: Muito bem presidente Lula. O que o governo anterior queria era estimular a guerra civil. Viva a paz e a harmonia entre os povos.
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