Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert) |
Luiz Inácio Lula da
Silva vence Jair Bolsonaro e é eleito o 39º Presidente do Brasil!
30 de outubro de
2022
247 - O ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente da República neste domingo
(30) com aproximadamente 57.132.197 milhões de votos e 50,68% dos votos
válidos, derrotando Jair Bolsonaro (PL), que recebeu cerca de 56.175.568
milhões de votos e 49,32% dos votos válidos. Lula venceu Bolsonaro por uma
diferença de mais de 1,5 milhão de votos. No primeiro turno do pleito, a
diferença de Lula para Bolsonaro foi de mais de 6 milhões de votos.
Aos 77 anos, Lula
sagrou-se pela terceira vez vitorioso no segundo turno da eleição presidencial,
desta vez liderando um amplo arco de alianças formado por 10 partidos
políticos, por representantes da sociedade civil e do capital e até por
ex-adversários políticos. Esta concertação liderada por Lula assumiu como
principais compromissos a defesa da democracia contra o autoritarismo, o
combate à fome e a retomada do desenvolvimento com inclusão social da
população.
A coligação Brasil
da Esperança enfrentou uma campanha marcada pelo intenso uso da máquina pública
e do poder econômico por Jair Bolsonaro, bem como pela disseminação de notícias
falsas, por denúncias de coação de eleitores e inúmeros episódios de violência
política envolvendo bolsonaristas.
Nos dias finais da
campanha, Lula participou do debate na Globo, do qual saiu vencedor para para
51,5% dos indecisos, enquanto Bolsonaro teve 33,7% da preferência do público,
segundo dados da pesquisa AtlasIntel. O último ato da campanha do presidente
eleito foi na avenida Paulista, em São Paulo, que reuniu milhares de pessoas e
onde Lula demonstrou confiança na vitória e reafirmou sua disposição para
reconstruir o país.
Aprovação recorde e
perseguição política
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Lula governou o
Brasil por dois mandatos, de 2003 a 2010, numa época que ficou marcada pela
prosperidade econômica, redução da pobreza e ampliação de políticas sociais. No
período, o total de trabalhadores com carteira assinada subiu de 28,6 milhões
em 2002 para 44 milhões em 2010. Ou seja, Lula criou, em oito anos, mais de 15
milhões de vagas com carteira assinada.
O poder de compra
dos trabalhadores aumentou em seus governos. Durante os governos de Lula e
Dilma Rousseff (PT), entre 2002 e 2016, o salário mínimo teve aumento real de
76%. Só nos dois mandatos de Lula, o aumento real foi de 57,8%. Além disso,
93,8% das categorias trabalhistas tiveram aumento maior do que a inflação no
ano de 2010. Com Lula e Dilma, 36 milhões de brasileiros e brasileiras saíram
da extrema pobreza e outros 42 milhões ascenderam à classe C. Todos os
segmentos sociais tiveram ganho de renda, porém algo inédito aconteceu – os
mais pobres ganharam mais do que os ricos.
Entre 2003 e 2012,
os 10% mais pobres tiveram crescimento de renda real per capita de 107%,
enquanto os mais ricos obtiveram incremento de 37% na renda acumulada, segundo
estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Durante os governos
Lula e Dilma, a renda média cresceu 38% acima da inflação. Já a renda dos 20%
mais pobres cresceu 84%.
Lula terminou o
segundo mandato com recorde de popularidade. Em dezembro de 2010, pesquisa do
Ibope (atual Ipec), contratada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI),
mostrou que 87% dos entrevistados avaliaram a gestão Lula como “boa ou
ótima”.
O ex-presidente
Lula foi vítima de uma das maiores perseguições políticas registradas na
história brasileira. Em agosto de 2016, Lula foi denunciado pelo Ministério
Público Federal (MPF) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do
tríplex do Guarujá. A denúncia assinada pelo então coordenador da força-tarefa
da Lava Jato, Deltan Dallagnol, hoje deputado federal eleito, não provou as
acusações contra Lula. Mesmo assim, o então juiz federal Sergio Moro, atual
senador eleito, condenou Lula em 2017 a 9 anos de prisão, decisão confirmada em
tempo recorde pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que enquadrou
Lula na Lei da Ficha Limpa e o retirou das eleições de 2018, que foi vencida
por Jair Bolsonaro.
Confirmando seu
interesse político na inabilitação de Lula, Sergio Moro renunciou à
magistratura no final de 2018 para assumir o Ministério da Justiça e Segurança
Pública a convite do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PL). No ano seguinte, o
site The Intercept Brasil revelou conversas privadas entre investigadores da
Lava Jato e o ex-juiz. Os diálogos comprovam o conluio entre o Ministério
Público e a Justiça para perseguir e condenar Lula. Em abril de 2020, após
quase 16 meses como ministro de Bolsonaro, Moro anunciou seu desembarque do
governo Bolsonaro alegando interferência do presidente na Polícia Federal.
Pouco mais de dois anos depois, Moro voltou a se aliar com Bolsonaro ao
declarar apoio ao extremista contra Lula no segundo turno da eleição e chegou a
acompanhar Bolsonaro nos debates contra Lula.
O ex-presidente
Lula foi preso no dia 7 de abril de 2018, após ficar dois dias na sede do
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Ele foi levado
para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, construída durante seus
governos, onde ficou por 580 dias mantido como preso político. Durante todo o
período em que ficou preso na PF, Lula foi acompanhado por uma multidão de
apoiadores, que se instalaram nas imediações do prédio, criando a Vigília Lula
Livre. Documentário do jornalista Joaquim de Carvalho para a TV 247 retrata a
luta da Vigília para denunciar a injustiça e pela liberdade de Lula.
A sentença de
Sergio Moro foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em abril de 2021,
que reconheceu a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar a
ação. No mesmo ano, o Ministério Público Federal (MPF) reconheceu a prescrição
do caso. Defendido pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Martins,
Lula foi inocentado na Justiça em 26 processos movidos contra ele pela máquina
de lawfare que foi a operação Lava Jato. Leia um resumo das vitórias
judiciais de Lula.
Retorno triunfal e
desafios de um Brasil desmontado
Depois de deixar a
prisão em Curitiba, Lula iniciou a construção de um arco de alianças com
partidos políticos, movimentos sociais e sindicais, personalidades da sociedade
civil, da cultura e representantes do mercado para disputar a eleição de 2022,
após ter sido retirado do pleito anterior. Acenou ao centro, ao trazer como
candidato a vice o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que saiu do PSDB
para o PSB, e foi buscar apoios no amplo espectro da sociedade.
A partir do dia 1°
de janeiro de 2023, Lula pegará um país em condições muito piores daquelas
encontradas por ele em 2002. São mais de 33 milhões de pessoas passando fome no
país, outras 115 milhões com algum grau de insegurança alimentar, segundo estudo da Rede Penssan.
O endividamento
atinge 79% das famílias brasileiras e a inadimplência chegou a 29,6%, segundo
estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC),
divulgado no dia 5 de setembro. Na área ambiental, o Brasil é alvo de pressão
internacional pelo aumento no desmatamento na Amazônia para a agricultura e a
invasão e exploração do garimpo em terras indígenas.
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