Imprensa europeia vê desempenho de Bolsonaro no 1°
turno como risco para a democracia© AFP - EVARISTO SA
A imprensa europeia prevê um segundo turno tenso da eleição presidencial no Brasil. Jair Bolsonaro resistiu mais do que previam as pesquisas, com 43% dos votos, contra 48% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O líder de extrema direita recebeu quase 1,8 milhão a mais do que em 2018, destaca o correspondente do jornal Le Monde no Twitter. "O Brasil está em uma encruzilhada: o político mais popular do mundo [Lula] é seguido de perto por um pária acusado de crimes contra a humanidade. Temos tempos sombrios pela frente".
Mesmo assim, "Lula sai vencedor
da disputa, com 6 milhões de votos de vantagem sobre Bolsonaro", destaca a
manchete do Público, em Portugal. O professor da FGV Sérgio Praça, entrevistado
pelo jornal português para explicar a razão do resultado apertado, diz que
lamenta a descredibilização das sondagens, que ele atribui aos simpatizantes de
Bolsonaro que não quiseram colaborar com os institutos de pesquisa, alvo de
constantes ataques do atual presidente.
O espanhol El País diz em seu
editorial que a esquerda está próxima do poder na
maior democracia da América Latina, mas o possível retorno
representa um enorme desafio político para Lula. O diário espanhol lembra que
na véspera da eleição, o candidato do Partido dos Trabalhadores disse estar
disposto a "falar com todos, para o bem do Brasil".
Na avaliação de El País, Lula terá de buscar "os eleitores de Ciro Gomes, seu ex-ministro, naturalmente mais para a esquerda do que para a direita, e os 20% da população com direito a voto que decidiram ficar em casa". "O mundo precisa de um Brasil democrático e próspero", escreve El País.
"Duro golpe para os progressistas"
No Reino Unido, o jornal The Guardian
diz que "o resultado das eleições foi um duro golpe para os brasileiros
progressistas que estavam torcendo por uma vitória enfática sobre Bolsonaro, um
ex-capitão do Exército que atacou repetidamente as instituições democráticas do
país e vandalizou a reputação internacional do Brasil".
O Guardian ainda nota que
"vários bolsonaristas proeminentes foram eleitos para o Congresso e como
governadores de estado. O jornal cita os casos de Eduardo Pazzuelo -
"ex-ministro da Saúde no auge da pandemia que provocou 685 mil mortes no
Brasil" -, eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro, e Ricardo Salles,
eleito para a Câmara dos Deputados por São Paulo, um incentivador do
desmatamento.
De acordo com o italiano Corriere de
la Sera, "o que está em jogo no segundo turno é a própria democracia
brasileira, em um cenário de polarização que vai aumentar nas próximas
semanas".
Nenhum comentário:
Postar um comentário