O
petista disputa o segundo turno da eleição pelo governo de São Paulo contra
Tarcísio de Freitas, que recusou o convite para participar de debate
Por Malu Mões — São Paulo
24/10/2022
Fernando
Haddad (PT) participa de sabatina do Globo, Valor e CBN nesta segunda (24) em
SP Edilson Dantas
O
candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou nesta
segunda-feira que o ataque do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) a
policiais foi 'planejado' e 'tentativa de desviar atenção' do presidente Jair
Bolsonaro (PL), então aliado de Jefferson. Faltando seis dias para o segundo
turno, o petista participa de sabatina do GLOBO, Valor e CBN. O ex-ministro
Tarcísio de Freitas (Republicanos), oponente de Haddad, foi convidado para
participar de um debate, mas recusou.
Assista
à sabatina com Haddad:
Jefferson
foi preso pela Polícia Federal no domingo, após atacar com pelo menos 20 tiros
de fuzil e duas granadas agentes da corporação. Os policiais foram à casa do
ex-deputado cumprir um mandado de prisão, expedido pelo ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas o político reagiu e deixou uma
agente e um delegado feridos.
Foram
cerca de 14 horas de cerco no entorno da casa do político, até ele se render.
Bolsonaro chegou a escalar o ministro da Justiça, Anderson Torres, para atuar
diretamente no episódio e tentar negociar com Jefferson.
—
Bolsonaro vive de crise. Bolsonaro não vive de governar. E ele depende deste
tipo de evento para sobreviver politicamente. Toda semana acontece
alguma coisa inusitada (...) Como o sujeito (Bolsonaro) manda o
ministro da Justiça fazer uma mediação? Quem é o Roberto Jefferson para ter o
ministro da Justiça à sua disposição? — disse Haddad.
Ex-prefeito
da capital paulista e ex-ministro da Educação, Haddad chamou seu adversário,
Tarcísio de Freitas, de "joguete do presidente". O candidato do
Republicanos foi ministro da Infraestrutura de Bolsonaro e faz palanque para o
presidente em São Paulo.
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—
Ele é um joguete do presidente. Vai fazer o que Bolsonaro mandar (...) Ele
queria ser candidato a governador de Goiás. De repente aluga casa do cunhado,
simula uma locação e vira candidato a governador — declarou o
petista.
Sobre
o incidente em Paraisópolis, que Tarcísio chegou a chamar de atentado, hipótese
depois descartada pela polícia, Haddad criticou que nenhuma imagem do caso
tenha sido divulgada para esclarecer o que aconteceu.
—
Eu não tenho Polícia Militar à disposição como ele tem. Por que ele tem um
tratamento e eu tenho outro? — questionou — Acho estranho não aparecer uma
imagem do episódio. Se os policiais estavam com câmera na farda, por
que essas imagens não foram divulgadas? Um governador tem que ter transparência
— completou, em referência ao governador Rodrigo Garcia (PSDB), que declarou
apoio ao candidato bolsonarista.
Haddad
criticou ainda o jantar promovido por Garcia a Bolsonaro e Tarcísio na semana
passada, no Palácio dos Bandeirantes, na sede do governo paulista:
—
Nunca vi estender tapete vermelho para Bolsonaro, é um suicídio político
(...) Eu lamento muito a reedição do BolsoDoria.
Haddad
afirmou que preferia ter ido com o tucano para o segundo turno. Mas que,
segundo ele, o objetivo das campanhas de Garcia e Tarcísio era tirá-lo do
segundo turno, o que, diz Haddad, "seria trágico, inclusive para a
campanha nacional". Ele disse que passou a direcionar os seus ataques no
candidato do PSDB para se defender da ofensiva tucana.
—
No meu entorno, 70% preferia ir com o Tarcísio para o segundo turno. Eu era do
time que queria ir com o Rodrigo para o segundo turno. Eu dizia isso para a
minha equipe. (Defende isso) porque o Brasil está em jogo. Você fazer uma
disputa com o Rodrigo, e ele se manter equidistante do Lula e do Bolsonaro, não
entrar na briga nacional, era melhor para o cenário nacional, do meu ponto de
vista — disse o ex-prefeito.
O
petista afirmou que essa é a primeira eleição em São Paulo que o PT tem um
candidato competitivo no segundo turno. O candidato do Republicanos, no
entanto, lidera as pesquisas de intenção de voto. No último levantamento do
Instituto Datafolha, divulgado na quarta-feira, 49% dos entrevistados disseram
que pretendem votar nele no domingo (30), ante 40% em Haddad.
—
Em 40 anos, nós participamos de 11 eleições com candidato próprio. E é apenas a
segunda vez que nós vamos para o segundo turno. E a primeira que a gente vai
para o segundo turno competitivo. Em 2002 não estávamos competitivos, mesmo com
Lula tendo ganhado em São Paulo — apontou.
Haddad
disse ter esperança de vencer o segundo turno, mesmo atrás de Tarcísio. -
—
Estamos muito perto de virar essa eleição. E eu quero fazer uma aliança com o
centro isolando o centrão — afirmou, acrescentando que o centrão do partido
"do Edir Macedo, o Republicanos, o PL, do Valdemar Costa Neto, e o PP, do
Ciro Nogueira" sempre foi "coadjuvante", mas que hoje está
"comandando" e "destruindo o país".
O
candidato do PT teve 36% dos votos válidos no primeiro turno e disputa o
Palácio dos Bandeirantes no próximo domingo contra Tarcísio, que saiu na frente
no primeiro dia de votação, tendo o apoio 42% dos eleitores.
O
ex-prefeito afirmou que uma parte do eleitorado está "votando cegamente no
Tarcísio" por causa da polarização nacional entre Bolsonaro e o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disputam o segundo turno pela
Presidência da República. Nas críticas ao adversário, Haddad insistiu que
"ninguém conhece o Tarcísio". Disse, ainda, que o bolsonarista não
tem autonomia, obedece ordens "do Palácio do Planalto" e que tem
apenas "três propostas" para São Paulo: desobrigar a vacina, tirar
câmera do uniforme de policiais e vender a Sabesp.
Haddad
chamou de "ridículo" o medo do agronegócio com o PT e a crença de que
haveria mais investimentos no campo com Tarcísio do que com o petista.
—
Essa tese sobre o Tarcísio é ridícula. O Tarcísio colocou o estado de São Paulo
no último lugar (quando era ministro da Infraestrutura). É o estado que mais
produz produtos agrícolas e o Tarcísio não fez absolutamente nada para ajudar
São Paulo — declarou.
Haddad
disse não ser contra a privatização das balsas de Santos e que é necessário
fazer algo para modernizá-las. Ele também criticou o ministro da Economia de
Bolsonaro, Paulo Guedes:
—
O Guedes não tem compromisso com nada a não ser o poder. O Guedes não segue
critério nenhum, a não ser de angariar votos para o bolsonarismo. É uma loucura
o que está acontecendo na economia. O Guedes está cavando um rombo fiscal que
eu não sei como vai ser resolvido.
O
ex-prefeito também saiu contra o atual mandatário da Prefeitura de São Paulo,
Ricardo Nunes (MDB), por não liberar o transporte público gratuito no dia da
eleição. Ele chamou a resistência do prefeito, que apoia Bolsonaro, de
"ideológica".
—
Eleição é um dia a cada dois anos. É baixíssima a demanda por transporte
público no domingo. A perda de arrecadação é mínima. Eu não vejo razão para
recursar. Essa resistência do Ricardo Nunes me parece mais ideológica do que
pragmática. Pragmaticamente falando, um prefeito falando é um benefício de
fortalecimento da democracia — argumentou o petista.
Aliados
de Lula tem defendido o transporte gratuito para evitar a abstenção entre os
eleitores mais pobres, principal base do petista. Bolsonaristas também entraram
nesta ofensiva defendendo a gratuidade em cidades do interior, onde o
presidente tem mais força. Haddad disse que "não é a conta de a quem você
vai favorecer" que deve ser feita. Segundo ele, "ou você defende um
princípio, ou não defende". O ex-prefeito é a favor do transporte grátis
em todas as cidades.
Haddad
admitiu que existe uma dificuldade do PT em conseguir votos no interior. Ele
afirmou que a aliança de Lula com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), vice
na chapa petista à Presidência, teve o objetivo de sinalizar a esse segmento da
população. Disse que "o Brasil precisava deste gesto nacional e
local", referindo-se também a São Paulo. Mas ponderou ser difícil mensurar
se Alckmin conseguiu ajudá-lo a conseguir votos no interior na eleição
estadual.
EM TEMPO: Os Nordestinos que moram no Nordeste façam campanha para os seus irmãos que moram em SP votarem em Haddad e Lula.
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