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Em carta a Biden, 31 congressistas dizem que EUA devem se preparar caso
Bolsonaro rejeite resultado© Itamaraty
A menos de 48 horas do início da eleição
presidencial no Brasil, 31 congressistas dos Estados Unidos enviaram, na manhã
desta sexta-feira (28/10) uma carta ao presidente americano Joe Biden em que
expressam "preocupação crescente" em relação à disputa eleitoral no
Brasil e recomendam que a Casa Branca reconheça o resultado da eleição assim
que anunciado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na noite do próximo
domingo (30/10).
Na carta, os congressistas — independentes ou
democratas — dizem que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terminou o primeiro turno
na frente de Jair Bolsonaro (PL), que atrelou o reconhecimento dos resultados a
um relatório das Forças Armadas. Depois de pronto — e sem encontrar indícios de
fraude — o relatório dos militares não foi divulgado.
O Ministério da Defesa afirmou que pretende tornar
público o material apenas após o segundo turno eleitoral. Além dos militares, o
Tribunal de Contas da União (TCU) e observadores internacionais, como a
Organização dos Estados Americanos (OEA), não encontraram qualquer indício de
irregularidades na votação e apuração dos votos no primeiro turno.
"Dada a recusa do presidente Bolsonaro em
admitir que respeitará o resultado da eleição e, na ausência de denúncias
fundamentadas de irregularidades por observadores eleitorais independentes
credíveis, os Estados Unidos e a comunidade internacional devem estar
preparados para reconhecer prontamente os resultados anunciados pelo autoridade
em 30 de outubro", escreveram os parlamentares a Biden, às vésperas do pleito
no Brasil.
Entre os signatários da carta estão estrelas da
política americana, como os presidentes das Comissões de Relações Exteriores do
Senado, Bob Menendez, e da Câmara, Gregory Meeks.
Bolsonaro tem insistido na possibilidade de fraude
— mesmo sem evidências — e agora afirma que nem mesmo os militares podem
certificar a lisura do processo.
"O que nos traz certa confiança é que as
Forças Armadas foram convidadas a integrar uma comissão de transparência
eleitoral. E elas têm feito um papel atuante e muito bom neste sentido",
disse, há alguns dias, quando questionado sobre a confiabilidade do pleito.
"Contudo, eles me dizem que é impossível dar um selo de credibilidade,
tendo em vista ainda as muitas vulnerabilidades que o sistema apresenta",
completou.
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Bolsonaro venceu todas as eleições que disputou com
às urnas eletrônicas ao longo de sua carreira política de mais de 3 décadas.
Embora já tenha dito que, caso perdesse a disputa, "não teria mais nada
para fazer na Terra" e que passaria a faixa presidencial, Bolsonaro tem
sistematicamente atacado o TSE, que organiza as eleições, e lançado dúvida
sobre as urnas. Ele já disse, sem apresentar qualquer prova, que ganhou no
primeiro turno de 2018.
As reiteradas afirmações de Bolsonaro em desafio à
eleição acenderam alertas entre as autoridades dos EUA.
Em carta, congressistas dizem que "os EUA e a comunidade internacional devem estar preparados para reconhecer prontamente os resultados anunciados em 30 de outubro"© BBC
Na mensagem ao presidente americano, os
congressistas citam ainda que Bolsonaro estaria atuando de modo semelhante a
Donald Trump, que contestou a vitória de Biden em 2020 com alegações jamais
comprovadas. As afirmações do republicano, que não admitiu a derrota nem
compareceu à posse de seu sucessor, desaguaram na invasão do Congresso dos EUA
por trumpistas durante a certificação da vitória de Biden. O episódio resultou
em cinco mortes e em uma investigação no Congresso sobre os atos de Trump e
seus aliados no episódio.
"Há fortes temores de que, se Bolsonaro
perder, ele vá contestar os resultados do segundo turno, quando a diferença
entre Bolsonaro e Lula pode vir a ser reduzida. Segundo aliados de Bolsonaro,
ele já está supostamente trabalhando em um 'projeto de resistência ao estilo
Donald Trump' no caso de perder a eleição. Se esses temores se confirmarem e
Bolsonaro rejeitar ativamente os resultados das eleições, devemos estar
preparados para nos posicionar inequivocamente em defesa da democracia no
Brasil", escrevem na mensagem.
O texto menciona ainda a alta da violência política
no país no período eleitoral e diz que será papel dos americanos denunciar
qualquer "incitação à violência política"no dia da eleição ou depois
disso.
Monitoramento
A BBC News Brasil apurou que a Casa Branca e o
Departamento de Estado monitorarão de perto o decorrer da votação e o anúncio
do vencedor ainda no domingo.
Poucos dias antes do primeiro turno, por iniciativa
do senador Bernie Sanders, o Senado dos EUA aprovou uma recomendação para que o
governo dos EUA rompesse relações com o Brasil em caso de tentativa de ruptura
democrática.
A manifestação às vésperas do segundo turno se soma
a uma série de mensagens enviadas pela administração Biden, direta ou
indiretamente, ao governo Bolsonaro, expressando preocupação com a saúde da
democracia no Brasil e desencorajando eventuais comportamentos golpistas dos
atores políticos e militares do país.
A defesa da democracia é uma das agendas
prioritárias da gestão Biden, que chegou a realizar um encontro com quase uma
centena de países - incluindo o Brasil - para debater e cobrar compromissos em
relação à promoção dos princípios democrático.
- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63430576
EM TEMPO:
- Bozo é tão ruim que nem a CIA (perita em golpes de Estado em outros países), nem o governo Biden e nem os congressistas querem conversa com o Bozo;
- É óbvio que com essa movimentação ora em movimento nos EUA, as Forças Armadas não irão na onda do arruaceiro Bozo. Alguém tem dúvida?
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