"Esta posição da militância pedetista que
honra a memória de Brizola poderá ser decisiva para a vitória do Lula já no
primeiro turno", escreve Jeferson Miola (*)
Luiz Inácio Lula da Silva, Leonel Brizola e Ciro
Gomes (Foto: Ricardo Stuckert | Reprodução)
Por Jeferson Miola,
para o 247
A campanha de Ciro Gomes, movida a ódio a Lula e ao PT e propagadora da mesma retórica virulenta do Bolsonaro, tem provocado divisões e dissidências no PDT e levado pedetistas a fazerem campanha para eleger Lula no primeiro turno. É notório o mal-estar de pedetistas, ex-pedetistas, brizolistas e trabalhistas com a campanha bolsonarizada de Ciro, que se posiciona como uma vertente da extrema-direita bolsonarista.
Nas últimas semanas cresceu significativamente o incômodo da militância pedetista com o rumo da campanha do Ciro. Em razão disso, inúmeros militantes de base e ativistas sociais vinculados ao PDT abandonaram Ciro e passaram a defender o voto em Lula. Recentemente, companheiros e aliados históricos de Leonel Brizola – como Siqueira Castro e José Augusto Ribeiro – conclamaram brizolistas e trabalhistas a votarem em Lula.
Nas atividades de campanha nas ruas, apoiadores de candidatos pedetistas aos legislativos estaduais e à Câmara Federal pedem voto a Lula para a presidência, pois sabem que a vinculação a Ciro tem o efeito de uma pesada âncora. O encontro de trabalhistas e pedetistas históricos no dia 21 de setembro, originalmente concebido como evento específico do estado do Rio de Janeiro, deverá contar, também, com a presença de dissidentes pedetistas de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo.
Em razão do interesse despertado nacionalmente, os organizadores do encontro avaliam que também deverão participar do evento pedetistas baianos, pernambucanos e cearenses. Se isso de fato acontecer, significará a nacionalização do processo de adesão de trabalhistas e brizolistas à campanha do Lula. O esvaziamento da candidatura do Ciro não cessa. O vice-presidente da Fundação Leonel Brizola e candidato a deputado estadual pelo PDT do Paraná Haroldo Ferreira, que também integra o diretório nacional do Partido, pediu afastamento partidário por discordar de Ciro.
Haroldo entende que Ciro “imprime uma campanha odiosa contra o principal candidato de oposição ao regime bolsonarista, lhe impondo pesadas críticas, inclusive, no campo pessoal e familiar”. Na carta enviada a Carlos Lupi [19/8], presidente nacional do PDT, Haroldo diz que Ciro é “o principal detrator de Lula, servindo direta ou indiretamente, de linha auxiliar” do Bolsonaro. Ele ainda se diz constrangido, pois os ataques pessoais do Ciro ao Lula servem de “munição eleitoral nas redes sociais bolsonaristas”.
Para o dirigente pedetista, com sua “conduta
equivocada”, Ciro nega “a história dos posicionamentos de Brizola”.
Nesta eleição, que é a eleição mais importante da
história do Brasil, Ciro está fazendo o percurso de regressão à sua origem
autoritária, direitista e coronelista. Ele, que iniciou a carreira política no
PDS, a ex-ARENA, partido de sustentação da ditadura militar, “não tem identidade ideológica
profunda com o trabalhismo, o brizolismo e o progressismo”.
É significativo, por isso, que diante da trajetória cirista de linha auxiliar do bolsonarismo, brizolistas e pedetistas históricos abandonem Ciro para seguir os passos que Brizola com certeza seguiria, se estivesse vivo. Esta posição da militância pedetista que honra a memória de Brizola poderá ser decisiva para a vitória do Lula já no primeiro turno – fator central para derrotar o fascismo e deter as ameaças que Bolsonaro e as cúpulas partidarizadas das Forças Armadas representam à democracia.
(*) Articulista
EM TEMPO: Ciro sempre foi autoritário, coronel político e direitista.
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