© Fornecido por Estadão. Muro de igreja é usado para fazer propagada de armas e Bolsonaro em Cascavel (PL). Imagem foi compartilhada por internautas nas redes sociais. Foto: Reprodução
ESTADÃO - Daniel Weterman e Vinícius Valfré
BRASÍLIA - O muro de uma igreja
evangélica foi usado como outdoor para fazer propaganda de armas e do
presidente Jair Bolsonaro (PL),
em Cascavel, no interior do Paraná. A congregação pertence à Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB)
e é liderada por um apoiador do presidente. O anúncio foi colocado por uma loja
de armas e munições que fica ao lado do templo religioso. A propaganda é ilegal
por descumprir o Estatuto do Desarmamento, de acordo com especialista ouvido
pelo Estadão.
O anúncio foi compartilhado por
internautas nas redes sociais e ainda está no local. A igreja fica na região
central de Cascavel, município de aproximadamente 330 mil habitantes no oeste
do Paraná. A propaganda exibe três pistolas vendidas pela loja, que fica ao
lado da igreja. Quem passa pela rua vê a publicidade e, na sequência, a fachada
do templo com uma cruz. O muro divide os dois terrenos. Além das armas, o
outdoor traz uma foto de Bolsonaro com a frase “Brasil acima de tudo, Deus
acima de todos”, slogan usado pelo presidente para atrair o público cristão já
em 2018.
O pastor da igreja, reverendo Ednaldo
Batista Ribeiro, é apoiador de Bolsonaro. Na campanha de 2018, ele fez uma
pregação dizendo que “esta praga do PT tem que acabar, em nome de Jesus”. Em
abril deste ano, o pastor fez uma nova pregação dizendo ter uma mensagem divina
para orientar os fiéis sobre como votar nas eleições de 2022. “Se aquele
candidato é comunista, ele está contrário à Palavra de Deus”, disse o reverendo
da Igreja Presbiteriana, a mesma que discutiu recentemente
uma proposta para afastar os cristãos da esquerda.
Ao Estadão, o líder religioso afirmou que o anúncio foi colocado pela
loja de armas Pesca & Cia, que vende armas, munições e artigos esportivos.
Como o muro é dividido, o estabelecimento colocou o anúncio no lado que
pertence à loja. “Fica ruim para a igreja essa propaganda porque alguém que
olha pensa que é nosso. Lamentamos, mas não temos o que fazer. Como estamos
aqui há muitos anos, não vamos arrumar briga com o vizinho”, disse o pastor.
Ele reforçou que a igreja não tem um candidato oficial e que o armamento é
tratado pela instituição como um assunto de foro íntimo. “Se a pessoa quer ter
uma arma, se ela tem condição psicológica para ter, dentro das normas e da lei,
é um direito dela. Tem que desarmar os bandidos. Na igreja, ninguém vem armado,
evidentemente.”
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O Estadão entrou em contato com o proprietário da loja,
Adalberto Lavratti, mas ele desligou o telefone quando informado sobre o teor
da reportagem. A reportagem também telefonou à loja em busca de manifestação
sobre o caso. Não houve respostas.
Fazer propaganda de armas é ilegal no
Brasil. A única exceção, autorizada pelo Estatuto do Desarmamento, é para
publicações especializadas, como revistas destinadas a quem consome esses
equipamentos. A multa prevista para quem descumprir a lei varia de R$ 100 mil a
R$ 300 mil. Nesse caso, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária
(Conar) é responsável por fiscalizar e aplicar sanções no âmbito
administrativo. A propaganda pode ser derrubada pela Justiça, se houver um
processo questionando a publicidade.
“Na minha leitura, a propaganda é
ilegal porque a publicidade só pode ser feita em revista especializada. Ou
seja, ela está fora do padrão e extrapola o limite”, afirmou o advogado André
Luís de Paula, especialista em processo legislativo, ao analisar o anúncio em
Cascavel. O jurista assessorou a elaboração do parecer ao projeto de lei que
libera a propagada de armas na Comissão de Segurança Pública da Câmara.
A proposta que autoriza a propaganda
é de autoria do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente Jair
Bolsonaro. Na justificativa do projeto, o parlamentar cita uma frase do pai ao
dizer que “um povo armado jamais será escravizado” e uma declaração atribuída a
Jesus Cristo na Bíblia: “o homem sem uma espada deve vender sua veste e comprar
uma”. O relator, deputado Eli Corrêa Filho (União-SP), apresentou um parecer contra
o projeto na Comissão de Segurança Pública. O relatório, no entanto, foi
derrotado e a comissão acabou aprovando a mudança, no dia 7 de junho deste ano.
O texto ainda depende da análise de outras comissões da Câmara para avançar.
EM TEMPO: O Bozo tem a capacidade de piorar as pessoas, em todos os sentidos, incluindo da maldade e da ruindade, ou até das mesmas exporem o que realmente são. Portanto, saírem do "armário". Mas, o psicanalista Freud explica isso. OK, Moçada!
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