"Para Bolsonaro e militares, a prioridade é
levar a decisão para o segundo turno; para a democracia, é fundamental vencer
no primeiro turno", diz Jeferson Miola, Articulista.
10 de abril de 2022
Ciro Gomes, Lula e Bolsonaro (Foto: Reuters |
Ricardo Stuckert)
Em artigo na Folha [10/4] Vinícius
Torres Freire afirma que “[1] Há muita campanha pela frente.
[2] Mas o primeiro objetivo de Bolsonaro é garantir o segundo turno. [3]
Quaisquer dois ou três pontos nas pesquisas são cruciais”.
Essas três frases refletem três verdades. A
primeira, de que ainda há tempo para Bolsonaro se reforçar eleitoralmente.
A segunda verdade: para Bolsonaro e para as cúpulas militares que partidarizaram as Forças Armadas, a prioridade absoluta é levar a decisão da eleição para o segundo turno; ao passo que para Lula e para a democracia brasileira, é fundamental, para não dizer vital, decidir e vencer a eleição já no primeiro turno.
E, a terceira verdade: para concretizar seu
objetivo estratégico da eleição em dois turnos, o extremismo bolsonarista
precisa dos votos anti-Lula aos quais o candidato pedetista Ciro Gomes se soma.
A realização do segundo turno é uma pré-condição
fundamental para a estratégia de guerra que Bolsonaro e os militares preparam
contra a debilitada democracia brasileira [aqui].
Em um cenário ultra polarizado de segundo turno,
que terá sido precedido de um brutal gangsterismo político da matilha fascista
contra Lula no primeiro turno, o bolsonarismo ficará muito à vontade para
fomentar um clima de violência, conflito e caos.
A retirada da candidatura do Ciro Gomes, que nas
pesquisas aparece com entre 7% e 9% das intenções de votos, praticamente
decretaria a decisão da eleição já no primeiro turno e com a vitória do Lula
com vantagem ao redor de 15% – ou quase 20 milhões de votos – em relação a
Bolsonaro.
Continue lendo
Mesmo uma vitória nesta circunstância não será
garantia de que Bolsonaro e os comandos das Forças Armadas aceitem o resultado.
Mas uma diferença desta magnitude enfraqueceria enormemente e deslegitimaria em
definitivo o pretexto deles para tumultuar o processo e instalar o caos.
A retirada da candidatura pedetista do Ciro, nesta
perspectiva, contribuiria para desempatar a eleição em favor da democracia
contra a barbárie fascista-militar.
No entanto, se mantida, a candidatura dele não só
prejudicaria o desempenho do PDT nas eleições a governos estaduais, ao Senado e
à Câmara dos Deputados, como teria o trágico efeito de contribuir para a
concretização do objetivo estratégico do Bolsonaro e das “Milícias Fardadas”
transvestidas de Forças Armadas “profissionais, nacionalistas e legalistas”
[sic].
O PDT é
muito maior que Ciro, tem raízes populares e tradição na luta da
resistência democrática e de combate à ditadura.
Se Leonel Brizola, o memorável líder e fundador do
PDT, ainda estivesse vivo, ele muito provavelmente estaria liderando, junto com
Lula e setores democráticos e populares do Brasil, uma frente antifascista para
conter a continuidade da contrarrevolução
fascista do bolsonarismo.
A vitória de Lula em outubro é a maior das
urgências desta longa, interminável e complexa conjuntura aberta com a
desestabilização do governo Dilma a partir de 2013.
Para possuir efetiva eficácia diante dos desafios
desta conjuntura, a vitória do Lula precisa ocorrer no primeiro turno, por uma
diferença estrondosa e com a sólida unidade do campo progressista, popular e de
esquerda. E, para isso acontecer, a retirada da candidatura pedetista é uma
necessidade imperiosa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário