Por Ana Karen Oliveira
Nos últimos dias, o novo embate entre o campo científico e político com os setores negacionistas e genocidas do governo de Bolsonaro está relacionado à vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a COVID – 19. As afirmações do presidente de que a mortalidade de crianças é quase zero não é real.
O Brasil já tem 311 crianças de 5 a 11
anos mortas por Covid-19 desde o início da pandemia, número elevado em
comparação a parâmetros internacionais, uma carga de doenças relevante entre
essa população e milhares de internações. Além disso, as crianças muitas vezes
são assintomáticas e estão transmitindo para adultos e idosos; podem ter
sequelas neurológicas, renais e cardíacas da doença e estão sujeitas a quadros
de potencial gravidade, como a COVID-19 longa e a síndrome inflamatória
multissistêmica pediátrica (SIM-P).
O aumento da transmissibilidade da doença gerado pela variante Ômicron está diretamente relacionado com as novas ondas nos EUA e na Europa. Mesmo países com uma alta vacinação, como a Inglaterra, com 70% de sua população vacinada, estão com um número alarmante de novos casos. A vacinação auxilia a diminuir a transmissão e os casos graves e provavelmente estaríamos em um estado muito pior se alguns países não tivessem vacinado amplamente suas populações.
Essas novas ondas nos mostram
a necessidade de vacinarmos nossas crianças, bem como lutarmos para que a
vacinação seja um direito de toda a população mundial e não um produto para
conferir lucros bilionários para as grandes indústrias farmacêuticas. Por outro
lado, é necessário ressaltar que a vacinação não é uma atividade individual,
mas sim uma ação pela coletividade. Quando nos vacinamos estamos realizando uma
medida de proteção populacional.
A obrigatoriedade da
vacinação para crianças no Brasil e a aprovação da Anvisa das vacinas contra a
Covid – 19 nessa faixa etária reforçam os apontamentos anteriores. Vários
estudos internacionais demonstraram a eficácia e efetividade da vacinação neste
grupo. Mais de cinco milhões de doses da Comirnaty foram aplicadas em crianças
de 5-11 anos nos Estados Unidos da América (EUA) e em outros países, com dados
de farmacovigilância não revelando eventos adversos de preocupação. No Brasil,
as sociedades brasileiras de Pediatria, Imunologia, Infectologia e Medicina de
Família e Comunidade emitiram notas se posicionando favoráveis à vacinação.
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Já temos visto o
aumento da demanda por leitos hospitalares nos últimos dias. A variante Delta
ainda está em circulação e temos uma epidemia gripal relacionada ao vírus H3N2
no Brasil. As emergências estão lotadas, os profissionais de saúde exaustos e
adoecidos. Não saímos da pandemia e há diversas medidas que precisam ser
tomadas em nível populacional para diminuir os níveis de adoecimento, como
acabar com a fome no país, que leva a uma baixa imunidade e mais adoecimentos,
aumentar as frotas de ônibus, a fim de diminuir as aglomerações nos
transportes, garantir congelamento e redução de tarifas de água, luz,
transporte para a população, aumentar o número de empregos, garantir a
ampliação do sistema de saúde e a oferta de vacinas e testes diagnósticos.
Garantir a vacinação
ampla de nossa população, ir contra o teto dos gastos e por mais orçamentos
para o SUS e lutar pela quebra das patentes em nível internacional são algumas
das tantas batalhas obrigatórias para o próximo período. Claro que isso deve
estar aliado a uma pauta ampla de mobilizações no país que vá contra todas as
medidas de destruição dos serviços públicos, contra as privatizações,
principalmente dos recursos estratégicos, como o petróleo, combate à fome e à
carestia, pela revogação das reformas trabalhistas e da previdência, pela
extinção da reforma administrativa e por uma política de pleno emprego.
Essas lutas devem estar
totalmente conectadas à derrota de Bolsonaro, do bolsonarismo, do sistema
capitalista que lucra com a destruição de nossas vidas e em prol da Revolução
Socialista.
Ana Karen Oliveira é
Médica de Família e Comunidade, Professora da Universidade Estadual de Feira de
Santana, Secretária Política Nacional do CFCAM e membra do Comitê Central do
PCB
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