Por Humberto Carvalho
Nós, comunistas,
vemos com extrema preocupação o desenrolar da assim chamada crise ucraniana.
Os EUA, após o fim da
União Soviética, em dezembro de 1991, esperava transformar nosso planeta, até
então caracterizado pela bipolaridade no que tange à hegemonia mundial, num
mundo unipolar, sob o comando exclusivo do imperialismo americano nos campos
econômico, militar, da política internacional e da ideologia.
Mas surgiram fatos
históricos como o desenvolvimento sem precedentes da China, liderada pelo PCCh,
e, ainda, o reaparecimento da Rússia pós-soviética como potência mundial que
não garantiram a unipolaridade pretendida pelo imperialismo yankee e sim
traduziram a multipolaridade que caracteriza os tempos atuais, acrescida da
crise sistêmica do capitalismo e de um enfraquecimento letal da hegemonia
americana.
Diante dessa
situação, visando recuperar sua liderança mundial, os EUA trataram de expandir
a Organização do Tratado do Atlântico Norte, o braço militar do imperialismo,
trazendo para compor a aliança militar até algumas ex-repúblicas soviéticas, ou
aliadas como, por exemplo: a Hungria e a Polônia, em 1999; a Bulgária, a
Eslováquia, a Eslovênia, a Estônia, a Letônia, a Lituânia e a Romênia, em 2004;
a Croácia e a Albânia, em 2009; e outros países como Montenegro, em 2017; e, a
Macedônia, em 2020.
Se olharmos para o
mapa dessa região, concluiremos que a Rússia está cercada a leste por aqueles
países e mais ao sul, pelo Japão, tradicional aliado dos EUA, contando, ainda,
com a presença da frota americana do Pacífico.
Não se pode esquecer
que, após a invasão da Polônia pelo exército hitlerista, em 1939, bem como da
Finlândia e outros países fronteiriços à URSS, houve o cerco e a invasão do
país soviético, pela Alemanha de Hitler, em 1941, o que levou ao sacrifício de
centenas de milhares de homens, mulheres e crianças, para não falar nas grandes
perdas materiais da pátria do socialismo. Há essa terrível experiência na
história mais recente da Rússia, sem mencionar a invasão dos países
capitalistas durante a Guerra Civil após a Revolução de Outubro de 1917.
Então, a Rússia não
só sabe, como também se sente cercada pelo braço militar do imperialismo, a
OTAN.
Por isso, a Rússia
exige que a Ucrânia não seja incorporada à OTAN porque está muito próxima,
geograficamente, da Rússia. A Ucrânia, uma vez na OTAN, sob o pretexto de
reincorporar ao seu território a península da Criméia ou os territórios das
Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk que se separaram da Ucrânia, apoiada
pela OTAN e com os armamentos enviados ou facilitados pelos EUA, pode invadir,
ou atacar com mísseis, a Rússia.
Os comunistas são,
também, internacionalistas. Como internacionalistas, entendemos que as divisões
que ocorrem no mundo não decorrem de nacionalidades diferentes, diversidade de
culturas ou raças, mas sim da diversidade/desigualdade das classes econômicas e
as guerras são produzidas pela concorrência econômica inerente ao capitalismo.
Por tais razões, os comunistas lutam pela paz, não só por razões humanitárias, mas porque, também e principalmente, é uma forma de lutar contra o capitalismo e o imperialismo. E nós, comunistas brasileiros, queremos e lutamos pela paz, exigindo o cumprimento dos Acordos de Minsk para findar os conflitos da Ucrânia com as Repúblicas Populares de Lugansk e Donetsk. Os movimentos sociais, nessas circunstâncias, também devem lutar pela paz no mundo.
Humberto Carvalho é militante da Célula
Internacionalista do PCB-RS
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