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dom., 13 de fevereiro de 2022
Filho do líder
rural Geovane da Silva Santos foi assassinado a tiros em Barreiros (PE) - Foto:
Reprodução/Twitter
· Uma menino de 9 anos, filho de um líder rural, foi assassinada a tiros dentro de casa por encapuzados
· Pai é presidente da associação de moradores de engenho; local é considerado área de litígio agrário
· Advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT) afirmou que o alvo da quadrilha era o pai da criança
Um menino de 9 anos, filho de um líder rural, foi assassinada a tiros dentro de casa, em Barreiros (PE), por um grupo encapuzado. "Disseram que era a polícia", afirmou ao portal G1 Geovane da Silva Santos, pai da vítima e presidente da associação de moradores de engenho, que levou um tiro no ombro. O local é considerado uma área de litígio agrário, de acordo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape). A execução aconteceu quando o garoto tentava se esconder com a mãe embaixo da cama. Ela e mais três crianças estavam no local, mas não sofreram ferimentos.
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que pai e filho foram levados para Hospital de Barreiros, mas a criança "não resistiu". O crime aconteceu às 21h40 de quinta (10). "Ouvi o barulho na parte de trás e fui ver o que era. Eles entraram, passaram por mim e foram para o quarto. Pegaram o menino, que estava embaixo da cama com a mãe, e atiraram", declarou ao G1 Geovane da Silva Santos.
O advogado Plácido Júnior, da
Comissão Pastoral da Terra (CPT), afirmou que o alvo da quadrilha era Geovane.
"Chegaram ao local gritando por Jeová, um nome bem parecido", afirmou
ao G1. Ele também disse que foi encontrada uma área em que possivelmente os assassinos
montaram uma campana para acompanhar os movimentos da residência do líder
rural.
Segundo ele, um dos encapuzados ainda teria tentado impedir a morte da criança. "As testemunhas apontaram que um dos homens teriam dito que não deveriam fazer aquilo com o menino", observou o defensor. A polícia abriu um inquérito para apurar o homicídio e a tentativa de assassinato. O delegado titular de homicídios de Palmares, Marcelo Queiroz, foi designado para apurar o fato. A Delegacia Seccional de Palmares e a Delegacia de Barreiros estão dando apoio nas investigações. A Polícia Militar também foi acionada.
Nesta sexta, o velório e o enterro do menino assassinado reuniu parentes e vizinhos. Moradores da cidade realizaram um protesto até o início da cerimônia de despedida. Segundo informações de agricultores do Engenho Roncadorzinho, a casa de Geovane da Silva Santos já tinha sido alvo de outros atentados. A Fetape e a CPT informaram que fizeram denúncias sobre os problemas envolvendo a comunidade.
Representante da Fetape, Bruno
Ribeiro disse que vivem no engenho cerca de 60 famílias de trabalhadores
rurais. Todas atuam em lavouras de subsistência. Muitas dessas famílias,
afirmou, são compostas por ex-trabalhadores da Usina Santo André, que, há 20
anos, entrou em processo de falência.
Há 15 anos, acrescentou Ribeiro, uma
empresa agropecuária, a Javari, arrendou a área judicialmente. Nos últimos
anos, a federação passou a atuar para evitar o despejo dessas famílias.
"Atuamos para fazer a conciliação e evitar que essas pessoas fossem
prejudicadas. Isso ocorreu em dezembro de 2021, mas depois veio o recesso do
Judiciário. As coisas estavam calmas lá", declarou ao G1.
Por meio de nota, o presidente da
Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara Federal, deputado
Carlos Veras (PT), cobrou a apuração rigorosa da morte do menino. Segundo o
parlamentar, "é estarrecedor saber que uma criança tenha sido assassinada
dessa forma".
Ainda de acordo com a nota, foram enviados ofícios para o governador do estado, para o procurador-geral de Justiça e para o secretário de Defesa Social de Pernambuco. A Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife encaminhou uma carta ao governo do estado, em que cobra rigor nas investigações do assassinato da criança. A carta também fala de uma possível ligação do crime com o conflito agrário e faz um apelo para que o governador disponibilize todos os meios para solução e punição dos responsáveis pelo crime.
EM TEMPO: Curioso é que alguns setores da mídia pernambucana ficam em silêncio diante de um crime bárbaro dessa natureza.
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