quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Putin considera positiva reação dos EUA a suas exigências sobre segurança

 

O presidente russo, Vladimir Putin, durante a entrevista coletiva em Moscou (AFP/NATALIA KOLESNIKOVA)

AFP - Antoine LAMBROSCHINI

qui., 23 de dezembro de 2021 

Vladimir Putin considerou "positiva" as primeiras reações dos Estados Unidos para resolver a crise entre a Rússia e o Ocidente a respeito da Ucrânia, um conflito que desestabilizou o equilíbrio da segurança europeia resultante da Guerra Fria.

A Rússia propôs dois tratados para proibir qualquer ampliação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em particular para a Ucrânia, e o fim de todas as atividades militares ocidentais nas proximidades das fronteiras russas. "Não deve haver avanços da Otan para o leste. A bola está no campo deles. Eles precisam nos dar alguma resposta", afirmou o presidente russo. 

"Até agora estamos vendo uma reação positiva. Nossos sócios americanos nos disseram que estão prontos para começar esta discussão, as conversas, no início do próximo ano em Genebra", acrescentou o chefe de Estado. Putin insistiu em que qualquer futura ampliação da Otan é "inaceitável" para a Rússia, que não vai tolerar um sistema de armamento ocidental perto de seu território.

As declarações foram dadas dois dias depois de sua ameaça ao Ocidente com "medidas militares e técnicas", caso as exigências de Moscou não sejam aceitas.

- "Quando vão nos atacar?" -

As exigências de Putin, que teriam fortes consequências para a arquitetura da segurança europeia, foram consideradas "inadmissíveis" por vários países ocidentais. Sem propor contrapartidas, Putin quer o fim do apoio militar da Otan e dos Estados Unidos à Ucrânia, frear a ampliação da Aliança Atlântica e interromper todas as atividades militares ocidentais perto da Rússia.

O presidente russo, que em 22 anos no poder passou de uma entente cordial a uma relação conflituosa com o Ocidente, é suspeito de preparar uma invasão à Ucrânia, uma ex-república soviética agora pró-Ocidente e da qual uma parte, a península da Crimeia, foi anexada pela Rússia em 2014. Putin rebateu as acusações e afirmou que as políticas anti-Rússia da Ucrânia e de seus aliados ocidentais, particularmente no contexto da guerra contra os separatistas pró-Rússia no leste ucraniano, representam uma ameaça para Moscou.

"Temos que pensar em nossa segurança, não apenas para hoje, não para amanhã", disse. "Não podemos viver olhando por cima dos ombros e pensando, o que vai acontecer? Quando vão nos atacar?".

O presidente russo voltou a acusar o Ocidente de ter "enganado descaradamente" a Rússia na década de 1990, ao violar uma suposta promessa de não ampliar a Otan. Questionado sobre a repressão da oposição russa, que aumentou consideravelmente em 2021, Putin respondeu que não se trata de amordaçar os críticos, e sim de interromper as operações de influência estrangeira.

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"Eu recordo a vocês o que nossos adversários falaram durante séculos: a Rússia não pode ser derrotada, só pode ser destruída por dentro", disse ele. De acordo com Putin, foi isto que provocou a queda da URSS há 30 anos. Ao longo do ano, meios de comunicação, ONGs, jornalistas, advogados e ativistas foram perseguidos no país.

- Navalny, um "vigarista" -

O ano começou com a detenção do principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, que sobreviveu a um envenenamento do qual acusa o Kremlin. Depois, o movimento liderado por ele foi proibido e acusado de "extremista". O presidente russo chamou-o de "vigarista" mais uma vez, em referência à condenação de Navalny em um caso de fraude, considerado forjado pela oposição.

"Sempre existiram vigaristas", disse Putin sobre seu principal opositor. "Não há necessidade de cometer crimes".

Ele também foi questionado sobre as consequências da pandemia de covid-19. "Há coisas que nos preocupam, como a redução da expectativa de vida", admitiu. A pequena taxa de vacinação e a ausência de restrições fortes resultaram em um elevado custo em vidas humanas. Em menos de dois anos, mais de 520.000 pessoas morreram de covid-19 na Rússia, de acordo com os dados oficiais da agência Rosstat. Especialistas suspeitam, no entanto, de uma subnotificação.

Putin disse que acredita em imunidade coletiva com 80% da população vacinada, ou curada da covid, "ao final do primeiro trimestre, ou no segundo trimestre". No plano econômico, o presidente russo afirmou que o país estava "mais bem preparado para o choque (da pandemia) do que as economias mais desenvolvidas do mundo". "Nos recuperamos muito mais rápido que outros", frisou, mencionando um crescimento esperado de 4,5%, um cenário favorecido pelas restrições mínimas e o preço dos combustíveis.

alf/rco/dbh/mas/aoc/zm/fp/tt

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