OUTUBRO ROSA – Saúde é um direito da população e dever do Estado
Coletivo Feminista
Classista Ana Montenegro de Nova Friburgo/RJ
Outubro,
tradicionalmente, é o mês pautado pela campanha de conscientização e prevenção
ao câncer de mama que, segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer), é
o tipo de câncer com maior ocorrência e com maior índice de mortalidade entre
as mulheres.
O Outubro Rosa é
celebrado mundialmente com o objetivo promover a conscientização e contribuir
para a redução da incidência e mortalidade pela doença, que também acomete
homens, embora eles representem 1% dos casos registrados no país. Ainda que a
campanha se volte para a conscientização, vemos que, no caso de homens e
mulheres trans, os alertas necessitam ainda de reforço na visibilidade frente à
campanha para publicizar tal risco, tendo em vista que a gravidade da doença
pode ser acentuada pela invisibilidade desses grupos, quando recebem o
diagnóstico tardiamente.
Nesse sentido, o
CFCAM NOVA FRIBURGO chama a atenção das mulheres para esta campanha na intenção
de dar visibilidade a este risco e aos devidos cuidados para que possamos,
ainda que diante das muitas dificuldades que encontramos frente à ausência do
poder público, nos manter da forma mais saudável possível e tomarmos ciência
dos nossos corpos.
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Segundo o INCA, o
tratamento de câncer de mama que garanta mais chances de sobrevivência precisa
começar na atenção primária, quando é possível chegar ao diagnóstico no inicio
e fazer um acompanhamento integral. Porém, às vistas da ausência do poder
público frente às milhares de mulheres que morrem anualmente em consequência do
câncer de mama, é urgente apontar neste momento para a PRECARIZAÇÃO dos
hospitais públicos e demais redes de atendimento à saúde na atenção primária, a
TERCEIRIZAÇÃO e a INSUFICIÊNCIA de profissionais da área, DIMINUINDO a
capacidade de atendimento à população e de oferta de exames e tratamentos para
nos manter vivas e saudáveis, tendo garantido nosso direito.
A precarização do SUS
e sua sobrecarga visível durante a pandemia deixaram esse cenário bem mais
escrachado, diante dos perigos da EMENDA CONSTITUCIONAL 95 (EC 95, o Teto de
Gastos), que congelou gastos que, dentre outros efeitos, deixa de investir na
saúde pública da nossa população. Agora, enfrentamos novo ataque do Governo
Federal que apresenta a PEC 32 (PEC 32/2020), afetando diretamente os serviços
públicos e podendo acabar de vez com a saúde pública por meio de privatizações
e intensificação da precarização.
A prevenção ao
desenvolvimento de cânceres precisa ser também mais debatida, para que mulheres
não sejam culpabilizadas individualmente pelos problemas de saúde que é um
problema de toda a população. Orientações sobre autoconhecimento do corpo,
alimentação e amamentação, práticas esportivas são destacadas como temas a
serem mais abordados nas campanhas. Além disso, destacar que os cânceres têm
como causas múltiplos fatores, como a depressão, o estresse no trabalho, a
superexploração, as condições de vida e alimentação, questões que precisam ser
também discutidas nas campanhas para que o desenvolvimento de tumores malignos
não traga com ele ainda uma culpa descabida por parte das pessoas acometidas
pela doença.
Campanhas como a do
Outubro Rosa, que atentem para os perigos do câncer de mama são importantes,
mas os órgãos do poder público não devem agir apenas em campanhas buscando a
própria valorização, propagando atendimento açodado, com profissionais da saúde
pressionados a realizar consultas em poucos minutos e onde mulheres não
encontram acolhimento necessário, tampouco as garantias de adequado tratamento
no âmbito público.
É certo que a
precarização e o descaso com o setor público é um elemento que afeta e aumenta
o risco de mortalidade, tornando o tempo entre o diagnóstico e o tratamento
maior e impossibilitando que mulheres tenham de fato acesso aos serviços
públicos que conquistamos como direitos sociais. DEFENDEMOS o SUS e o projeto
de SAÚDE INTEGRAL, que garantam acesso à atenção primária e não apenas a atendimentos
de emergência ou que nos deixem à mercê de campanhas esporádicas.
No âmbito do
município de Nova Friburgo, cobramos ainda das autoridades competentes a
IMEDIATA RETOMADA DAS OBRAS DO HOSPITAL DO CÂNCER, que está PARALISADA DESDE
2016 e continua gerando prejuízos não só de ordem econômica, mas
fundamentalmente de ordem social e humanitária, causando dificuldades para
pacientes oncológicos que necessitam se dirigir até outras cidades para
garantir seus tratamentos.
NOS QUEREMOS VIVAS!
SAÚDE PÚBLICA NÃO É MERCADORIA! SAÚDE É DIREITO!
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