Marighella foi morto pelos agentes da repressão em 04.11.1969 |
Coordenação Nacional da UJC – União da Juventude Comunista
Sem qualquer
pretensão de querer se apropriar da imagem do camarada Carlos Marighella (que
pertence à todos os brasileiros que lutam contra a opressão), a UJC marca seu orgulho
por ele ter iniciado sua militância política na nossa organização (à época com
o nome de Juventude Comunista) e permanecido por décadas no Partido Comunista
Brasileiro (PCB), tendo sido Deputado Constituinte em 1946 e, principalmente,
um dirigente partidário combativo, organizador e agitador, este adjetivo que
soa como acusação para a direita e como elogio para os comunistas.
Marighella não é reivindicado apenas pelos comunistas, mas por todos aqueles que lutam por liberdade e justiça social. É impossível falar de Marighella sem falar da UJC e do PCB – as grandes escolas onde se formou e militou a maior parte de sua vida como revolucionário. É impossível também falar de Marighella, fundador da Ação Libertadora Nacional (ALN), sem lembrar de outros revolucionários que também tiveram divergências com a linha política do PCB no momento posterior ao golpe de 1964, adotando formas de luta diferenciadas, como Luiz Carlos Prestes, Apolônio de Carvalho, Joaquim Câmara Ferreira, Mário Alves e tantos outros.
O PCB, em sua reconstrução revolucionária, olha com respeito para todos os que saíram do Partido àquela época e se mantiveram na esquerda. Os que tentaram liquidar o PCB e o abandonaram, pela direita, merecem o nosso desprezo. Este respeito vem da compreensão de que as divergências com a linha política do Partido têm sua origem nos equívocos que contribuíram para derrotas em 1964. Suas raízes estão na chamada Declaração de Março de 1958, que privilegiava alianças com setores da burguesia e a via institucional de transição ao socialismo. Com esta linha, o PCB se desarmou para resistir ao golpe.
No entanto, respeitar
e compreender o surgimento dessas dissidências do PCB após 1964 não significa
concordar com a forma de luta adotada por algumas delas. Apesar de legítima e
historicamente presente na luta pelo socialismo, a luta armada não era adequada
àquela correlação de forças e ao nível de organização e mobilização da
resistência popular à ditadura.
Diante do erro
cometido antes de 1964, consideramos correta, até 1979, a linha política
adotada pelo VI Congresso Nacional do PCB, em 1967, de enfrentamento à ditadura
pela via do movimento de massas e da frente democrática, até porque não
restavam outras alternativas. Novos erros vieram depois, nos anos 80, com a manutenção
da política de frente democrática que já havia perdido a atualidade. Foi a
década perdida do PCB, do ponto de vista revolucionário, marcada pela
conciliação de classes.
No entanto, não estamos entre aqueles que negam ou subestimam o papel da insurgência armada adotada por algumas organizações no período que, ao preço de muitas vidas que nos fazem falta, também contribuíram para a derrubada da ditadura. Também é preciso ficar claro que a ditadura não escolhia suas vítimas apenas em função dos meios com que lutavam. Entre 1973 e 1975, foram assassinados dezenas de camaradas do PCB, cujos corpos jamais apareceram, dentre eles quase todos os membros do Comitê Central (CC) que aqui atuavam na clandestinidade.
Ao homenagearmos
Marighella não queremos transformá-lo apenas em um personagem da história, mas
principalmente fazer dele um exemplo de luta para as novas gerações.
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