Folha - MARCELO ROCHA
O corregedor-geral
da Justiça Eleitoral, ministro Luis Felipe Salomão, vai apurar se houve
propaganda antecipada e abuso de poder em manifestações bolsonaristas de raiz
golpista no 7 de Setembro.
Decidida nesta quarta-feira (15), a investigação é decorrente de indícios de que a mobilização em apoio ao presidente Jair Bolsonaro pode ter sido financiada por empresários ou políticos. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) reuniu informações que incluem um vídeo e notícias veiculadas pela imprensa.
Será apurado também se houve pagamento de transporte e diárias a quem participou dos atos e se houve conteúdo de campanha eleitoral antecipada, informou a corte eleitoral. No STF (Supremo Tribunal Federal) corre um inquérito, instaurado antes do feriado da Independência e sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, com a finalidade de apurar a mobilização, a organização e o financiamento das manifestações do início do mês.
São alvos da investigação, entre outros, o presidente nacional do PTB e ex-deputado Roberto Jefferson, o cantor Sérgio Reis e o caminhoneiro Marco Antonio Pereira Gomes, Zé Trovão, este foragido do país e contra quem há uma ordem de prisão a ser cumprida. Nos atos do dia 7, Bolsonaro escalou mais uma vez a crise institucional no país, ameaçou o Supremo e disse que não cumpriria mais ordens judiciais do ministro Alexandre de Moraes.
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A atuação do presidente aumentou a pressão da classe política pelo impeachment do presidente, e, dois dias depois, ele divulgou nota retórica em que abaixa o tom com os demais Poderes. A investigação do TSE correrá no inquérito que já tramita na corte eleitoral desde agosto e que foi aberto com o objetivo de apurar a disseminação de notícias falsas nas redes sociais.
Faz parte do material em poder Salomão um vídeo divulgado nas redes sociais que mostra cenas do interior de um ônibus supostamente oriundo de Pompeia, interior de São Paulo, com destino a Brasília para a manifestação do feriado da Independência. Na gravação, segundo informou o TSE, aparece um homem trajando camiseta com dizeres de apoio ao voto impresso e que distribui dinheiro para os ocupantes do veículo.
"Há também notícias nos grandes veículos de comunicação e redes sociais, que apontam que foram confeccionados bonés e roupas, com a mesma finalidade e com eventual intuito eleitoral, o que pode ainda caracterizar possível campanha eleitoral antecipada", explicou Salomão. Para o corregedor, o conteúdo do vídeo e também as notícias veiculadas podem ter conotação de abuso de poder econômico e político.
O ministro
determinou o envio do arquivo de vídeo à Policial Federal, para que seja
providenciada a transcrição e "o aprofundamento das investigações junto às
pessoas envolvidas, no prazo de 20 dias".
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