Folhapress, qua., 15 de setembro de 2021
GUARULHOS, SP (FOLHAPRESS) - Ao longo
dos últimos meses do governo de Donald Trump, o general Mark Milley, chefe do
Estado-Maior dos Estados Unidos, se viu obrigado a assumir posturas
diplomáticas. Diante das investidas do então presidente contra a China, Milley
teve de colocar panos quentes na relação com as autoridades do país asiático
para assegurar que os americanos não iriam desencadear uma guerra.
A revelação foi feita pelos
jornalistas Bob Woodward e Robert Costa, do jornal americano Washington Post,
em livro que será lançado na próxima semana. O volume é o terceiro de uma série
de Woodward que vem tornando públicos os bastidores do governo Trump e se
dedica ao período que vai do fim da presidência do republicano até os primeiros
meses do mandato de Joe Biden na Casa Branca.
Nesta terça (14), o Washington Post
publicou alguns trechos inéditos. Segundo o material, o general Milley,
instruído por sua equipe de inteligência, por duas vezes ligou para Li
Zuocheng, chefe do Estado-Maior chinês, para assegurar que não havia
possibilidade de ataques americanos. A primeira chamada teria ocorrido em
outubro de 2020, pouco antes da eleição que alçou Biden à Presidência; e a
segunda, em janeiro, pouco após a invasão ao Capitólio, insuflada por Trump.
"O governo americano é estável e tudo vai ficar bem, teria dito Milley a seu homólogo chinês. Não vamos atacar ou conduzir nenhuma operação contra vocês." As suspeitas chinesas, segundo os autores, teriam surgido após tensões com os EUA no mar do Sul da China principal rota de comércio de Pequim, que tem 20% do PIB ligado às exportações e ganhado fôlego com os ataques retóricos proferidos por Trump contra o país.
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Enquanto atenuava a situação com os
chineses, porém, o próprio Milley desconfiava do então presidente. Ainda de
acordo com as revelações do livro, o general estaria preocupado com uma suposta
"deterioração da saúde mental" de Trump após assumir a Presidência
dos EUA. "[Trump] tem construído sua própria realidade alternativa sobre
conspirações eleitorais (...) Nunca se sabe qual é o ponto de gatilho de um
presidente", teria dito.
O chefe do Estado-Maior chegou a convocar oficiais de sua equipe para revisar os procedimentos para o lançamento de armas nucleares, dizendo que só o presidente poderia dar essa ordem, mas enfatizando que ele, Milley, deveria estar envolvido na decisão para que ela fosse posta em prática. O general teria compartilhado as apreensões com outras autoridades do país. Em janeiro, segundo mostra transcrição obtida pelos autores do livro, Milley deu essa avaliação para a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi. A democrata, então, concordou com a avaliação de que Trump era instável.
A atual diretora da CIA (agência de inteligência americana), Gina Haspel, também concordava com os temores e teria dito que "estamos a caminho de um golpe de direita". Já em relação ao início do governo Biden, as principais revelações do livro giram em torno da retirada das tropas americanas do Afeganistão, após duas décadas de ocupação militar, que resultaram em uma veloz retomada do grupo fundamentalista Talibã ao poder e fizeram despencar os índices de aprovação de Biden.
Segundo o material, conselheiros de
Biden e figuras como o secretário de Defesa, Lloyd Austin, e o secretário de
Estado, Antony Blinken, cogitaram durante os meses anteriores maneiras de
estender a missão americana em busca de vantagem diplomática. Ao final, porém,
atenderam aos chamados de Biden, defensor da retirada completa.
Para a pesquisa do livro intitulado "Peril" (perigo), os autores entrevistaram mais de 200 pessoas, em conversas conduzidas sob a condição de anonimato. Trump e Biden se recusaram a ser entrevistados para o material. Os dois volumes anteriores da série capitaneada por Bob Woodward um dos jornalistas que revelou o escândalo que culminaria no fim do governo de Richard Nixon em 1974, o Watergate também trouxeram revelações sobre o governo Trump.
No primeiro, "Fear" (medo), o repórter mostra como assessores do republicano atuaram para impedi-lo de tomar decisões como sair do acordo comercial com a Coreia do Sul, sair da Otan (a aliança militar do Ocidente) e assassinar o ditador Bashar al-Assad, da Síria. Já no segundo, Rage (raiva), Woodward mostra como Trump minimizou intencionalmente gravidade da pandemia de Covid-19, postura que alarmou as principais autoridades sanitárias do país.
EM TEMPO:
1 - Em meados de 2020 o general Mark Miller, chefe da maior esquadra de guerra do mundo, foi pego de surpresa e participou, contra a sua vontade, de um evento público com Trump. Em seguida o general Mark Miller, pediu desculpa por ter participado daquele evento. Já aqui no Brasil alguns militares participam até de manifestação golpista com o arruaceiro Bolsonaro. Pazuello, Braga Neto e outros, que o digam. Sem contar que os generais brasileiros estão muito aquém do poder militar do general dos EUA;
2 - Convém lembrar que no final do seu governo, o ex-presidente Donald Trump queria bombardear o Irã;
3 - Como é aconselhável melhorar a qualidade do voto. Comece por sua cidade
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