terça-feira, 14 de setembro de 2021

O Brasil é terra indígena!

 

Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro

A utilização do Marco Temporal como critério para a demarcação das terras indígenas ignora mais de 500 anos de ataques aos povos originários e a necessidade da terra para a sua existência. Muitas etnias não ocupavam seus territórios em 1988 devido a diversos massacres, perseguições e expulsões – principalmente por grileiros, garimpeiros e ruralistas.

A ocupação de territórios indígenas busca legitimidade por meio do discurso capitalista de produtividade, noções estereotipadas de civilização e progresso. A mesma noção de alteridade colonial está presente nesse discurso e ganha cada vez mais força através de projetos como a PL/490 – aprovada pela CCJ e prevista para ser votada no plenário da Câmara dos Deputados – que flexibiliza a exploração de terras indígenas, para exploração hídrica, energética, mineração, garimpo, entre outras coisas, como a ocupação das Forças Armadas e da Polícia Federal caso haja interesse do governo (sem a consulta prévia às comunidades indígenas).

Defender os direitos indígenas é lutar por todos nós, é resistir contra a noção capitalista de lucro acima da vida e defender a preservação do meio ambiente. A história e cultura indígena estão intrinsecamente ligadas à sua relação ancestral com a terra, em termos de subsistência e espiritualidade.

Aproximadamente 6 mil indígenas e representantes de 170 etnias estiveram acampados na Esplanada dos Ministérios em Brasília do dia 22 a 28 de agosto e se depararam, mais uma vez, com o adiamento do julgamento. Com o apoio do lobby ruralista e do Governo Bolsonaro, a grande mídia burguesa cobriu de maneira vergonhosa o maior encontro já registrado de indígenas do Brasil, em uma clara demonstração de apoio ao agronegócio.

Como comunistas, é nosso dever combater o avanço capitalista e essa noção de produtividade que nos esmaga cada vez mais. Os povos originários têm muito a nos ensinar sobre resistência, como nos relacionarmos como indivíduos e coletivamente e, principalmente, sobre a nossa relação com o meio ambiente.

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