11 de setembro de 2021
No início da noite de
ontem (09/09), tornou-se pública a vergonhosa e cínica “Declaração à Nação”,
através da qual Bolsonaro recua de suas ameaças feitas no 7 de setembro,
dizendo agora que não teve “intenção de agredir quaisquer poderes” e que suas
palavras “por vezes contundentes, decorreram do calor do momento”.
Essa ofensiva,
insuflada pela mídia burguesa e operada por muitos atores e instituições que
hoje se vestem de democratas, pavimentou o impedimento de Dilma e o caminho de
Bolsonaro à Presidência, com o objetivo de avançar a pauta de contrarreformas que
o petismo tinha dificuldade de oferecer com a pressa e a intensidade exigidas
pelo capital. Curiosamente, por agora atrapalhá-las, Bolsonaro pode vir a ter o
mesmo destino.
Mas não é hora de
fazer prognósticos. A partir de agora, tudo pode acontecer, inclusive o
presidente da Câmara rasgar ou desengavetar os pedidos de impeachment ou ainda
a costura de um pacto no andar de cima, em que Bolsonaro siga como figura
decorativa, a troco de uma garantia de não punição a ele e seus zeros filhos.
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Não podemos descartar
inclusive um novo surto golpista do inacreditável presidente, por pressão dos
que hoje lhe cobram, com razão, o sacrifício com que se entregaram para militar
a favor do “momento histórico” que imaginavam protagonizar e dos riscos que
correram como soldados do alucinado capitão de bravata. O problema é que,
independente de Bolsonaro, consolidou-se uma direita fascista orgânica e
articulada, como se depreende da invasão da Esplanada dos Ministérios, na noite
do 6 de setembro, e no posterior bloqueio de rodovias. Muita água vai rolar
ainda debaixo desta ponte.
A insistência do PCB
na política de frente ampla, equivocada desde o início dos anos 1980,
contribuiu para o pacto de elites que resultou na eleição indireta de Tancredo
e Sarney e na chamada “transição democrática”, na verdade a substituição
“lenta, segura e gradual” da forma ditadura militar de exercício da hegemonia
das classes dominantes para legitimá-la sob o manto da ditadura disfarçada de
democracia burguesa.
Quando expus estas
opiniões, não havia ainda tido notícia da absurda decisão de figuras da
esquerda parlamentar (do PDT, PSOL e PCdoB) de adesão às manifestações
capitaneadas pelo MBL, movimento de direita liberal que impulsionou o golpe que
levou ao impedimento de Dilma Rousseff e à eleição de Bolsonaro, apoiada por
estes golpistas.
Ao contrário dos
grandes atos de massa no auge da campanha “Diretas Já!”, convocados por
praticamente todas as vertentes da oposição à ditadura, a manifestação deste
domingo é uma iniciativa assinada pelos setores de centro e de direita, com uma
pauta estritamente institucional, com vistas às próximas eleições.
Trata-se de uma
manobra, insisto, para tomar o protagonismo da esquerda nas manifestações e
desviá-las para um novo pacto burguês, com vistas a fortalecer a hoje
desidratada “terceira via” ou, se isso não for possível, render-se ao
favoritismo de Lula, para rebaixar mais ainda o nível de conciliação e “união
nacional” que ele se dispõe a oferecer ao capital. O PT e outros setores da
esquerda socialdemocrata que tendem a apoiar Lula no primeiro turno podem até
ser atraídos por esta iniciativa, de olho nesta segunda hipótese.
Como a campanha
eleitoral de 2022 na prática já começou, este é um sinal de que as
manifestações antibolsonaristas poderão bifurcar-se a partir de agora, o que não
ocorreu em 1984, porque não havia eleições marcadas, mas a luta por elas, que
só vieram acontecer em 1989.
Esta manobra da
centro-direita é mais uma nova e importante razão para que as organizações
políticas e populares de orientação anticapitalista e anti-imperialista abram
um diálogo entre si, na perspectiva da unidade de ação nas próximas lutas,
sejam quais forem os campos desta batalha, com o objetivo de construir um bloco
político com total independência, não só em relação à centro-direita burguesa, como
também aos socialdemocratas que sempre apostam tudo nas eleições seguintes,
iludindo os trabalhadores com a falácia da administração “progressista” do
capitalismo.
Esta unidade de ação
não pode ser apenas tática, restrita às lutas conjunturais e institucionais.
Não cumprirá seu potencial estratégico se não a ligarmos às bandeiras pelos
direitos e necessidades imediatas do proletariado e à agitação e propaganda da
luta pelo socialismo.
A luta contra os
governos burgueses de plantão não pode ser dissociada do combate ao
capitalismo.
(*) Ivan Pinheiro é
membro do CC do PCB
EM TEMPO: Bozo sempre foi indisciplinado e arruaceiro, pois não é à toa que o mesmo foi expulso do Exército e foi taxado pelo ex-presidente, e ditador, o general Ernesto Geisel, como um mau militar e, por conseguinte, o Comandante das Forças Armadas, general Leônidas Pires, na época, proibiu o ex-capitão Bolsonaro de fazer alguma visita aos quartéis. É uma prova que além de fascista, Bozo é de má índole. Aliás, a bem da verdade não existe fascista de boa índole.
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