A imunologista Nise Yamaguchi |
O GLOBO
sáb., 18 de setembro de 2021
Após um dossiê em posse da CPI da Covid apontar que o “gabinete paralelo” do
Palácio do Planalto atuaram em parceria com a operadora de saúde Prevent
Senior, um vídeo reforça que o estudo da empresa com o kit Covid, com
medicamentos ineficazes contra o coronavírus, era compartilhado com
conselheiros informais do presidente Jair Bolsonaro. A gravação foi publicada
neste sábado (18) pelo portal “Metrópoles.”
A pesquisa experimental da Prevent
Senior foi amplamente criticada por não ter aval de comitê de ética e por
esconder dados sobre mortes de participantes após o uso das drogas. A ocultação
levou a empresa à mira da CPI da Covid. O estudo foi divulgado pelo presidente Bolsonaro, que, mesmo sem
comprovação científica, fez amplamente a defesa da hidroxicloroquina, usada
contra malária, lúpus e artrite reumatoide, no combate ao novo
coronavírus.
O vídeo mostra conversa entre o
virologista Paolo Zanotto, da Universidade de São Paulo (USP), e o
diretor-executivo da operadora de planos de saúde, Pedro Batista Jr, em maio de
2020. Na conversa, Zanotto fala da imunologista Nise Yamaguchi e do anestesista
Luciano Azevedo, aos quais o ex-assessor especial da Presidência da República
Arthur Weintraub elogiava como referências do mandatário em relação ao
tratamento.
"Eles estão em Brasília neste momento e estão conversando com o alto escalão do governo brasileiro. Eles estão acompanhando isso, o Pedro sabe, muito mais perto do que vocês imaginam", afirmou o virologista. Os três estão no rol de investigados pela CPI. O “gabinete paralelo” foi responsável por aconselhar informalmente o presidente na gestão da pandemia, indo na contramão orientações científicas. Documento assinado por 15 médicos que afirmam ter trabalhado na Prevent Senior sustenta que o grupo não só conhecia, mas também acompanhava de perto das práticas ilegais da empresa.
"A gente fez um arrazoado de dados do Pedro, Luciano visitou o Pedro, olhou tudo aquilo, trouxe para esse grupo informações impressionantes. Existe um entendimento muito interessante entre a Prevent Senior e o governo federal brasileiro", continuou. Pedro Batista Jr confirmou o compartilhamento de informações. Depois, Zanotto ri da administração de superdosagem de zinco no estudo, com 220mg, quando o recomendado é de 20mg. Esse protocolo segue a linha do realizado pelo cientista ucraniano Vladimir Zelenko, defensor da cloroquina.
Segundo o dossiê, obtido pelo GLOBO e em posse da
CPI, a diretoria da empresa “fez um pacto com o gabinete paralelo” para livrar
a Prevent de ataques. A operadora foi criticada publicamente pelo ex-ministro
da Saúde Luiz Henrique Mandetta em março do ano passado, após registrar grande
número de mortes num hospital administrado pelo grupo em São Paulo.
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