terça-feira, 7 de setembro de 2021

Discurso de Bolsonaro mostra político 'medíocre e sem noção dos limites constitucionais', afirma Celso de Mello

 

O GLOBO - Mariana Muniz

ter., 7 de setembro de 2021

BRASÍLIA - O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello afirmou ao GLOBO que os discursos proferidos pelo presidente Jair Bolsonaro no 7 de setembro mostram um "político medíocre e sem noção dos limites éticos e constitucionais" e disse que ele "não está à altura do cargo que exerce".

"Os discursos de Bolsonaro, em Brasília e em São Paulo, revelam a triste figura (e a distorcida mente autocrática) de um político medíocre e sem noção dos limites éticos e constitucionais que devem pautar a conduta de um verdadeiro Chefe de Estado que seja capaz de respeitar o dogma fundamental da separação de Poderes!", afirmou, por escrito, o antigo decano da Corte, que se aposentou no ano passado.

Para o ex-ministro, Bolsonaro "é um político que não está, como jamais esteve, à altura do cargo que exerce, pois lhe faltam estatura presidencial e senso de estadista". Os discursos do presidente foram classificados por Celso de Mello como "ofensivos e transgressores da autonomia institucional do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal", além de "incompatíveis com os padrões mais elevados da Constituição democrática que nos rege".

"Bolsonaro degradou-se, ainda mais, em sua condição política de Presidente da República e despojou-se de toda respeitabilidade que imaginava possuir", afirmou Celso de Mello. Na avaliação do ex-ministro, caberá ao Poder Judiciário repelir "os ensaios autocráticos e os gestos e impulsos de subversão da institucionalidade praticados por aqueles que exercem o poder".

"As tentações autoritárias e as práticas governamentais abusivas que degradam e deslegitimam o sentido democrático das instituições e a sacralidade da Constituição traduzem justa razão para a cidadania, valendo-se dos meios legítimos proporcionados pela Constituição da República, insurgir-se , por intermédio dos Poderes Legislativo e Judiciário, contra os excessos governamentais e o arbítrio dos governantes indignos", concluiu Celso de Mello.

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