EXTRA - Ivan Martínez-Vargas
seg., 30 de agosto de 2021
Político brasileiro
A notícia de que o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, adiou a publicação
de um amplo manifesto sobre a crise política no país, previsto para esta
terça-feira, gerou bastante incômodo entre empresários e industriais.
A atitude não foi oficialmente comunicada aos cerca de 200 signatários do documento. Eles ficaram sabendo do recuo pela imprensa, o que gerou mal estar no setor privado. Skaf, que sempre se mostrou próximo ao bolsonarismo e deixa o comando da maior entidade industrial do país em quatro meses, foi um dos organizadores do manifesto e trabalhou colhendo assinaturas para o documento, intitulado “A Praça é dos Três Poderes”.
A decisão de adiar a publicação do documento partiu exclusivamente de Skaf, de acordo com dirigentes de grandes entidades setoriais ouvidos pelo GLOBO. O recuo teria ocorrido após conversa do presidente da Fiesp com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e em meio à pressão do governo federal, por meio dos bancos públicos BB e Caixa Econômica Federal, sobre a Febraban, uma das entidades que articulou o documento.
O dirigente de uma grande entidade setorial afirmou que a reação do governo Bolsonaro de tomar o manifesto como uma afronta contrasta com o teor “água com açúcar” do documento. Segundo esse mesmo dirigente, o ato de Skaf foi visto como um golpe contra a veiculação do documento que pode desidratar outras manifestações de grandes empresários e associações setoriais que já estavam em articulação para depois do 7 de setembro.
Continue lendo
A avaliação é de que não faz sentido agora publicar um texto de um único segmento ou mesmo mais amplo com menos assinaturas do que o que vinha sendo gestado até domingo. Outro presidente de associação industrial afirma que os signatários foram informados de que o manifesto seria publicado antes do 7 de setembro, data para a qual estão previstas manifestações bolsonaristas, e que publicá-lo depois não faria sentido.
Segundo esse mesmo dirigente, uma mudança de data implicaria perda de
assinaturas.
Íntegra do manifesto
Leia na íntegra a versão do documento que circulava entre os empresários
no início da tarde desta segunda-feira:
"A praça dos três Poderes encarna a representação arquitetônica da
independência e harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário,
essência da República. Esse espaço foi construído formando um triângulo
equilátero, cujos vértices são os edifícios-sede de cada um dos poderes.
Esta disposição deixa claro que nenhum dos prédios é superior em
importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos
demais. Em resumo, a harmonia tem de ser a regra entre eles.
Este princípio está presente de forma clara na Constituição Federal,
pilar do ordenamento jurídico do país. Diante disso, é primordial que todos os
ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição nos
impõe.
As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com
grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades
públicas.
O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política,
estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e
necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar
empregos e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos
da população.
Mais do que nunca, o momento exige do Legislativo, do Executivo e do
Judiciário aproximação e cooperação. Que cada um atue com responsabilidade nos
limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos em nossa
Carta Magna. Este é o anseio da Nação brasileira.
EM TEMPO: Independente do adiamento da divulgação oficial do manifesto o que se observa é que a classe empresarial, incluindo a FEBRABAN e setores de peso do agronegócio, estão desalinhados com o governo Bozo. Afinal, o governo Bozo está atrapalhando também a classe empresarial. Sinal de que o governo Bozo está ruim das pernas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário