Foto: Alexandre Schneider/Getty Images |
EXTRA, Rayanderson Guerra
sex., 25 de junho de 2021
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Petista soma 11
pontos a mais do que a soma de seus possíveis adversários e venceria em
primeiro turno
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CPI da Covid tem
gastado Bolsonaro, que viu sua reprovação disparar
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Correndo por fora,
João Doria e Ciro Gomes estão tecnicamente empatados
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a corrida para a sucessão presidencial do ano que vem, com 49% das intenções de voto, 26 pontos percentuais à frente do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que tem 23%, na primeira pesquisa Ipec. O petista tem 11 pontos percentuais a mais do que a soma de seus possíveis adversários, e venceria o pleito em primeiro turno, caso as eleições fossem hoje. O pedetista Ciro Gomes (PDT), que deve disputar a quarta eleição presidencial, tem 7%, empatado tecnicamente com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que tem 5%. O ex-ministro da Saúde na gestão Bolsonaro Luiz Henrique Mandetta (DEM) aparece com 3% das citações, enquanto brancos e nulos somam 10%, e eleitores que não sabem ou não respondem, 3%. A margem de erro é de dois pontos.
A intenção de voto no ex-presidente
Lula é mais expressiva entre os entrevistados que moram no Nordeste (63%),
região em que Bolsonaro aparece com apenas 15% das menções — o menor índice
entre todas as regiões do país. Lula aparece ainda à frente do presidente entre
os mais jovens (53% a 17%); entre os que têm ensino fundamental II (59% a 19%);
entre os que se autodeclaram pretos ou pardos (54% a 21%) e entre os que são de
outras religiões que não a católica e a evangélica (54% a 19%).
Já Bolsonaro mantém a maior intenção de voto no eleitorado que integra a base de sustentação de sua popularidade. O presidente tem os maiores índices de ótimo e bom nas regiões Sul (29%), Norte e Centro-Oeste (28%); entre os homens (28%); entre os evangélicos (32%) e entre quem se autodeclara branco (29%). A professora de Ciência Política Maria do Socorro Sousa Braga, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), explica que o índice de intenção de voto do ex-presidente Lula é resultado de uma maior exposição do petista no cenário político e do início das articulações com vistas à 2022.
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— Ele entrou mais no debate nos
últimos meses, após o restabelecimento de seus direitos políticos, e vive uma
maré positiva de notícias sobre processos a que responde, além de contar ainda
com o queda na aprovação do governo do atual presidente. Outro ponto que
devemos levar em consideração é o cenário de candidatos ainda incerto. Por
enquanto, o centro ainda não tem nomes competitivos e não chegou a um acordo
sobre alianças. Isso acaba levando as pessoas a aderirem aos polos, seja com
Lula ou Bolsonaro — explica.
Enquanto Ciro busca apoio de setores
da centro-direita em conversas com DEM, PSD, e com a centro-esquerda, com PSB e
Rede, o PSDB vai definir um candidato somente após prévias no partido. Com
isso, segundo Maria do Socorro, os eleitores tendem a buscar os nomes com maior
estabilidade: Lula e Bolsonaro.
CPI fez reprovação
de Bolsonaro explodir
Com o avanço das investigações e depoimentos na CPI da Covid no Senado, a reprovação do presidente Bolsonaro subiu 10 pontos , de 39% para 49%, segundo pesquisa do Ipec. Já a aprovação do mandatário caiu de 28% para 24% — quatro pontos a menos em relação a fevereiro, antes do início dos trabalhos da comissão parlamentar de inquérito.
A pesquisa mostra que entre os
entrevistados, 26% avaliam o presidente como regular — uma queda de cinco
pontos em comparação com a pesquisa anterior, produzida em meio a recordes diários de mortes e casos confirmados de
Covid-19. Com a instalação da CPI para apurar ações e omissões do
governo Bolsonaro no enfrentamento ao vírus e a destinação dos estados e
municípios dos repasses federais, a reprovação do presidente disparou.
A CEO do Ipec, Márcia Cavallari,
afirma que os resultados da pesquisa de avaliação do governo refletem a
percepção da população sobre o que está acontecendo no país. O levantamento
ouviu 2.002 pessoas em 141 municípios entre os dias 17 e 21 de junho. A margem
de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou para menos, e o nível de
confiança é de 95%.
— Os entrevistados levam em conta
todas as informações sobre a atualidade. A pesquisa foi feita em uma conjuntura
de divulgação dos 500 mil mortos por Covid-19, as manifestações contrárias ao
governo e as apurações da CPI. Todo esse contexto se reflete na pesquisa. Há
uma piora rápida na avaliação do governo, se compararmos com a pesquisa de
quatro meses atrás — explicou Márcia.
Cerca de dois terços dos
entrevistados pelo Ipec afirmaram que não concordam com a maneira do presidente
governar (66%) e não confiam nele (68%). Os que aprovam a forma de gestão são
33% e os que confiam em Bolsonaro, 30%.
Entre o eleitorado evangélico,
principal base de apoio de Bolsonaro, a queda na avaliação positiva foi ainda
maior que a média geral. Aqueles que consideravam o governo bom ou ótimo eram
38% há quatro meses. No levantamento atual, o índice caiu nove pontos
percentuais e chegou a 29%.
Para manter o núcleo duro de apoio
coeso, Bolsonaro investe em acenos aos evangélicos. Recentemente, participou de
uma “motociata”, em São Paulo, batizada de “Acelera para Cristo com Bolsonaro”
e se aproximou de líderes neopentecostais, que ganharam força no governo.
Apesar da queda nos índices de aprovação no segmento, os evangélicos ainda são
os que mantêm o maior apoio ao governo (29%).
— O presidente mantém, desde a
campanha de 2018, um apoio sólido entre evangélicos, homens e as pessoas com
uma renda maior. A situação econômica e sanitária, com 500 mil mortes por
Covid, parece começar a mudar como parte desse grupo vê o presidente, como
vemos na queda do número de ótimo e bom do governo por parte dos evangélicos —
afirma Maria do Socorro.
O Ipec foi fundado neste ano por ex-executivos do Ibope Inteligência, que encerrou as atividades.
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