ISTO É - Germano Oliveira
Neste sábado, 12, enquanto Bolsonaro conduzia seus insanos seguidores numa motociata da morte entre São Paulo e Jundiaí, todos sem máscara e desafiando as medidas sanitárias recomendadas pela ciência, morria de Covid em um hospital paulista, após três meses de sofrida internação, o jornalista Domingos Fraga, diretor-executivo da Record TV, um dos mais competentes profissionais que foi colega aqui na ISTOÉ por muitos anos.
Aos 62 anos, deixou, de forma abrupta, mulher e quatro filhos, incluindo
maravilhosos trigêmeos. No início de junho, a Covid nos levou o grande
jornalista econômico Ribamar Oliveira, 67, de Brasília, com quem trabalhei no
Estadão e no Globo e que deixou prematuramente a mulher e três filhos. Em abril,
foi a vez do fantástico jornalista Aloy Jupiara, 56, meu editor no Globo por
muitos anos e dileto amigo, um dos maiores especialistas em escolas de samba do
planeta.
Todos eles foram levados pela política genocida de Bolsonaro, que não trouxe as vacinas quando deveria e que continua insistindo em recomendar a criminosa cloroquina, a abolição do uso indispensável da máscara e a combater o necessário isolamento social, como fez, mais uma vez, na insana marcha dos decrépitos motoqueiros realizada neste final de semana em São Paulo. Marchas da morte que ele já havia repetido no Rio e em Brasília recentemente numa clara mobilização para um golpe que ele articula.
Em todos esses eventos grotescos, antecipando ilegalmente a
campanha eleitoral, em desrespeito à legislação, o ex-capitão reafirmou gestos
dos também genocidas Adolf Hitler e Benito Mussolini. O ditador italiano também
se utilizava de passeios com motociclistas nos idos de 1930 para aliciar seu
alucinado rebanho de aliados para a adesão a suas teses totalitárias
Está cada vez mais
claro, como vem demonstrando a CPI da Covid, que se Bolsonaro tivesse comprado as vacinas em
agosto do ano passado junto à Pfizer e ao Butantan, como lhe foi sugerido, poderíamos ter evitado pelo
menos metade das 500 mil mortes que atingiremos na semana que vem, incluindo os
amigos queridos Domingos Fraga, Ribamar Oliveira e Aloy Jupiara, além de
milhares de brasileiros, vítimas do genocídio posto em prática pelo atual
governo federal.
Diante desse quadro
desesperador, hei de concordar com o jornalista Ricardo Kotscho que escreveu,
em sua coluna de hoje, que Bolsonaro precisa ser urgentemente interditado,
pois, solto, é uma ameaça à saúde pública. Tese, aliás, já defendida pelo
jurista Miguel Reale Júnior, para quem o presidente precisa ser declarado
mentalmente incapaz e ser afastado do cargo imediatamente para não permitir a
continuidade da morte de milhares de pessoas por omissão e negligência em nome
de um projeto chavista de poder. Afinal, até quando vamos assistir passivos à
partida de nossos entes queridos?
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