ESTADÃO - Marcelo Godoy
© Wilton
Júnior/Estadão O ex-ministro
da Saúde, Eduardo Pazuello, e o presidente Jair Bolsonaro discursam a apoiadores
em ato no Rio de Janeiro.
A presença do
ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello em uma manifestação político-partidária no
Rio criou um constrangimento para o Comando do Exército e pode abrir
uma nova crise militar no governo de Jair Bolsonaro. Isso porque Pazuello é general de divisão da
ativa e como, todo militar da ativa, está proibido pelo Estatuto dos Militares
e pelo Regulamento Disciplinar do Exército de participar de manifestações
coletivas de caráter político.
O regulamento lista
transgressões disciplinares e entre elas está: "Manifestar-se, publicamente,
o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de
natureza político-partidária". Também são vedadas manifestações coletivas
de caráter político aos militares da ativa. Não há notícia de que o Comando do
Exército tenha autorizado o general a participar da manifestação. Mesmo ciente
das restrições legais, Pazuello resolveu exibir-se ao lado do presidente, um
militar reformado do Exército com quem serviu nos anos 1980 na Brigada
Paraquedista no Rio.
O Estadão apurou que o Comando do Exército deve analisar o caso amanhã. Até o começo da tarde deste domingo, a instituição não havia se pronunciado sobre o caso.
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Na quarta-feira,
dia 19, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, disse à
Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara que os militares da reserva podem
participar de manifestações, ao contrário dos que estão na ativa. "Os da
ativa não podem e serão devidamente punidos se aparecerem em manifestações
políticas".
O temor no exército
é que, se Pazuello ficar impune, os comandantes de unidades percam a autoridade
para punir, eventualmente, sargentos ou tenentes que resolvam seguir o exemplo
do general, inclusive os que resolverem participar de atos políticos de
partidos de oposição.
O PSDB publicou, em seu
perfil no Twitter, uma nota criticando a participação de Pazuello no ato:
"Um General de Divisão do Exército Brasileiro participando de um evento de
natureza política não condiz e não respeita a instituição da qual faz
parte", diz parte do texto.
O presidente Jair
Bolsonaro participou de um passeio com
motociclistas no Rio na manhã deste domingo, 23. No final do
ato e com a máscara no queixo, Pazuello passou no meio da multidão de
apoiadores e subiu no carro de som onde estava o presidente. / COLABOROU PEDRO VENCESLAU
EM TEMPO: Alguém tem dúvida que estamos diante de um governo irresponsável, mesmo diante de cerca de 450 mil mortes.
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