O GLOBO - Guilherme Caetano
sáb., 17 de abril de 2021
SÃO PAULO — Representando o PT, o
ex-ministro da Educação Fernando Haddad fez coro a lideranças do chamado Centro
em críticas a Jair Bolsonaro na noite deste sábado, em evento realizado
virtualmente. João Doria e Eduardo Leite, do PSDB, Ciro Gomes (PDT) e o
apresentador Luciano Huck compuseram um painel do Brazil Conference at Harvard
& MIT para debater os rumos do país.
Considerados potenciais candidatos à
presidência da República em 2022, Doria, Ciro, Huck e Leite já haviam se unido
em um manifesto em defesa da democracia, divulgado em 31 de março. O documento,
no entanto, não incluiu o ex-presidente Lula, considerado o mais provável
concorrente ao Planalto. Ainda assim, um acordo para uma candidatura única no
ano que vem é considerado difícil.
Os participantes do evento fizeram
declarações duras contra o presidente Bolsonaro sobre diversas questões, como
as áreas educacional e ambiental do governo, mas principalmente em relação à
condução federal da pandemia. Apesar de provocações pontuais e divergências no
que consideraram as prioridades para a economia brasileira, o ambiente foi de
enaltecimento mútuo.
Doria chamou Bolsonaro de
"fascínora genocida". Huck criticou a gestão do governo na área da
educação e o que considerou irrelevância do ministro Milton Ribeiro. Leite
disse que o presidente não tem uma agenda clara para a economia. Haddad se
recusou a elencar qualquer ponto positivo do governo federal. E Ciro afirmou
que "2022 impõe aos brasileiros a tarefa de banir o bolsonarismo" da
política e que Bolsonaro começa a se preparar para resistir a uma eventual
derrota em 2022.
— O delírio de Bolsonaro é formar uma
milícia para resistir de forma armada à derrota eleitoral que se aproxima —
disse Ciro.
Em determinado momento, Fernando
Haddad prestou solidariedade aos governadores paulista, João Doria, e gaúcho,
Eduardo Leite, pelo ataques sofridos de Jair Bolsonaro. O petista afirmou ser
preciso um "pacto" em favor da democracia e chamou de
"retrocesso civilizatório".
— Eu queria terminar me solidarizando
com os dois governadores aqui, que são do PSDB e que têm sofrido ataques
indignos, intoleráveis. Um presidente que se porta da maneira como Bolsonaro
frente a dois governadores de oposição porque (eles) querem para o país algo
diferente do que o presidente está oferecendo não podem sofrer o tipo de ataque
que estão sofrendo. Isso é indigno da nossa democracia. Não pode ser tolerado
por nenhuma força política. Passou de todos os limites. Todo aqui merece ser
respeitado — afirmou Haddad, sendo aplaudido por João Doria.
O governador paulista agradeceu às
palavras de Haddad, que administrou a prefeitura de São Paulo entre 2013 e
2016, e fez elogios ao petista.
— Eu sou testemunha da dignidade, da postura que
foi a transição da prefeitura de São Paulo com Fernando Haddad. Apesar de
nossas diferenças, em nenhum momento fomos ofensivos, agressivos e nos
maltratamos. Fizemos uma transição civilizada, democrática e construtiva. Isso
é parte de sua boa biografia e eu testemunhei isso — declarou Doria.
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