ESTADÃO - Idiana Tomazelli e Adriana Fernandes
© Gabriela
Biló/Estadão O ministro da
Ciência e Tecnologia, Inovação e Comunicação, Marcos Pontes
O presidente Jair Bolsonaro vetou R$ 200 milhões que seriam usados no
desenvolvimento da vacina contra covid-19 “100% brasileira” anunciada pelo Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação. O corte nos recursos vem um dia após o
presidente convidar o ministro Marcos Pontes para sua transmissão
semanal nas redes sociais para falar sobre o imunizante.
Em março, o Palácio
do Planalto fez questão de divulgar que a vacina brasileira apoiada pelo
governo federal, desenvolvida por cientistas da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), estava
avançando. O anúncio foi feito horas depois de o governo de São Paulo informar
que pediria aval para iniciar testes clínicos da Butanvac, desenvolvida
pelo Instituto Butantan, ligado ao governo
paulista.
“Marcão, vamos lá.
Como é que 'tá' a nossa vacina brasileira? Essa é 100% brasileira, não é aquela
‘mandrake’ de São Paulo, não né”, perguntou Bolsonaro a Pontes nesta
quinta-feira, 23, durante transmissão na internet, em referência à Butanvac. A
tecnologia do imunizante foi apresentada pelo Butantan e pelo governador João Doria (PSDB) como sendo 100%
nacional, mas foi desenvolvida, na realidade, por pesquisadores de instituição
americana.
Já na live de
quinta, Pontes demonstrava preocupação com a manutenção dos recursos no
Orçamento. Estavam reservados R$ 207,2 milhões para o projeto dos quais R$ 200
milhões haviam sido injetados por meio de emenda do relator, senador Marcio
Bittar (MDB-AC).
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“O nosso desafio
aqui é justamente o Orçamento. Esse custo é um investimento muito bom para o
País. São R$ 30 milhões para essa fase 1 e 2, um ensaio clínico com 360
pacientes, e depois são mais R$ 310 milhões com a fase 3, com 25 mil pacientes.
Tenho a esperança agora que isso entre no Orçamento”, disse o ministro. As
fases 1, 2 e 3 envolvem testes em humanos, para avaliar a segurança e a
eficácia do produto contra o vírus.
Logo após esse
apelo de Pontes, o presidente falou brevemente sobre o Orçamento e, sem
antecipar que o investimento na vacina seria vetado, avisou que “todo mundo”
iria pagar a conta. “A peça orçamentária para os 23 ministérios é bastante
pequena e é reduzida ano após ano. Tivemos um problema no Orçamento no corrente
ano, então tem um corte previsto bastante grande no meu entender, pelo tamanho
do orçamento, para todos os ministérios. Todo mundo vai pagar um pouco a conta
disso aí”, disse Bolsonaro na live.
Segundo apurou
o Estadão/Broadcast, a
avaliação entre defensores da emenda é que a verba permitiria a criação de uma
futura vacina, domínio da tecnologia para as variantes brasileiras do vírus e a
produção nacional rápida e com logística melhor para imunizar a população.
Helena Faccioli,
presidente da Farmacore, empresa de biotecnologia que desenvolveu o imunizante
em parceria com a USP de Ribeirão Preto, estimou ao Estadão em março a necessidade
de 9 a 12 meses para os testes clínicos,
o que indica que o imunizante deverá estar disponível ao público somente no ano
que vem. Naquela época, ela também disse ter recebido do Ministério da Ciência
garantia de que teria recursos federais para as fases 1 e 2 dos testes.
A aceleração da
vacinação tem sido colocada pela própria equipe econômica como uma condição
necessária para a retomada da atividade econômica. Recentemente, o governo
diversificou os contratos com laboratórios privados para ampliar a aquisição de
vacinas.
EM TEMPO: Alguém se habilita a levar essa rapaz "bondoso" para casa e concluir sua educação?
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