Publicado por: Diario do Centro do Mundo
Em 19 de
dezembro de 2020
Mourão e Bolsonaro (FOTO: Valter Campanato/Agência Brasil)
Como oficial da reserva do Exército, e de acordo c/o direito que me é assegurado pela Lei 7.524/86, declaro ter/sentir:
– NOJO da pessoa que preside meu país;
– DESPREZO por quem participa de seu governo;
– REPÚDIO por quem ainda hoje o apoia;
– ASCO em escutar sua voz ou a pronúncia de seu
nome;
– VERGONHA de que tenha um dia passado pela mesma
Academia Militar que me formou oficial do EXÉRCITO BRASILEIRO;
– CONTRARIEDADE com quem, minimamente informado,
votou nessa pessoa pra ser PRESIDENTE DO BRASIL;
– MELANCOLIA em ver boa parte dos oficiais de minha
geração e ex-comandantes participando de um governo chefiado por uma pessoa
política e intelectualmente despreparada, inepta e incompetente, além de
desumana e extremamente grosseira e mal educada;
– DESESPERANÇA em perceber que grande parte dos
oficiais e praças das novas gerações está seguindo o MAU exemplo de alguns
chefes e ex-chefes insensatos, ambiciosos, tolos ou idênticos ao capitão
manobrado por generais;
– MEDO que o Exército, por intermédio da maioria de
seus integrantes, seja transformado numa instituição à imagem e semelhança de
seu atual ‘comandante supremo’, que continua sendo tratado como ‘MITO’ nos
quartéis em que comparece, SEMPRE acompanhado por generais-ministros políticos
que COMANDAVAM, CHEFIAVAM e GUIAVAM as forças armadas brasileiras…até outro
dia; e
– DESCONFIANÇA de que alguns generais que se
apresentam hoje como ‘dissidentes do governo’ e críticos (exclusivos) ao
presidente, mesmo sendo, antes das eleições, as pessoas que mais o conheciam na
face da Terra exceto a própria família (dele), sejam apenas aproveitadores de
nova ocasião para manutenção do ‘PARTIDO MILITAR’ no centro do poder e do
cenário político nacional, agravando o processo de POLITIZAÇÃO DAS FORÇAS
ARMADAS e seu reverso – MILITARIZAÇÃO DA POLÍTICA e da SOCIEDADE -, ambos
nocivos para as Forças Armadas (DEFESA) e o BRASIL (ESTADO DEMOCRÁTICO DE
DIREITO)…hoje, amanhã e SEMPRE.
(a) Marcelo Pimentel J. de Souza, cel R-1 EB.
Observações:
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1) indico posto hierárquico na manifestação de meu
pensamento político (coronel), em contrariedade ao estabelecido na Lei 6.880/80
(Estatuto dps Militares), Art 28, inciso XVIII (determina q o oficial da
reserva se abstenha de usar seu posto qdo ocupar cargo público ou ‘discutir
política’ publicamente), SIMPLES e EXCLUSIVAMENTE para demonstrar o poder do ‘MAU
EXEMPLO’ de inúmeros generais (veja o perfil pessoal de rede social do gen
villas boas ou heleno, pra citar apenas dois) que descumprem os preceitos
ÉTICOS (é disso que trata o Art 28 do Estatuto dos Militares) mais elementares,
traduzido num raciocínio bem simples: “SE UM GENERAL FAZ, QUALQUER OUTRO
MILITAR PODE FAZER TAMBÉM” – eu fiz tão somente para mostrar a impropriedade
dessa conduta;
2) é o mesmo que dizer… ‘SE UM GENERAL DA ATIVA FAZ
POLÍTICA’ (é/era o que fazem/faziam – os generais Pazuello, Ramos, Braga Netto,
Rego Barros, respectivamente ministros da saúde, secretaria de governo, casa
civil e ‘porta-voz’) ‘QUALQUER MILITAR, DE CORONEL A SOLDADO, PODE FAZER
TAMBÉM’;
3) o marechal Osório, comandante da força terrestre
na Guerra da Tríplice Aliança, já dizia: “É FÁCIL A MISSÃO DE COMANDAR HOMENS
LIVRES; BASTA MOSTRAR-LHES O CAMINHO DO DEVER”;
4) o dever do militar das forças armadas NÃO é
governar (independentemente de sua visão político-ideológica, e é livre para
tê-la) nem, muito menos, tutelar o poder político civil;
5) lugar de militares e de forças armadas é no
‘fundo do palco’, não protagonizando as lutas políticas normais e legítimas de
uma sociedade;
6) pra ajudar a resolver ‘polarizações’ não se deve
aderir a um dos polos, muito menos estimular, apoiar ou criar um;
7) ISENÇÃO funcional, NEUTRALIDADE política,
IMPARCIALIDADE ideológica, APARTIDARISMO absoluto, PROFISSIONALISMO estrito e
CONSTITUCIONALIDADE são os ‘ingredientes’ da argamassa que sustenta o MURO que
deve (deveria) separar forças armadas da política. Quem é ou foi chefe e
comandante, que ‘PRECEDE, GUIA e LIDERA’ seus subordinados, DEVERIA ser o
primeiro a PRATICAR esses 6 princípios, posto que o ‘EXEMPLO ARRASTA’ –
‘ARRASTA’ para a trilha do DEVER profissional ou para as profundezas do ABISMO
institucional;
8) eu e muitos oficiais de minha geração formada na
AMAN/1987 ajudamos a reerguer aquele MURO nos 30 anos que se seguiram à
Constituição que fundou o Estado Democrático de Direito. Ajudamos a reconstruir
a IMAGEM POSITIVA de credibilidade, confiança e respeito da sociedade em seu
Exército, após 21 anos de autoritarismo inaugurados e protagonizados por chefes
militares que se formaram no ‘Estado de Indisciplina Crônico’ dos quartéis nos
anos 1920-60 e que, percebendo ou não, transformaram-se em generais ‘DITADORES’
nos anos 1960-70;
9) falo porque é necessário reparar, URGENTEMENTE,
as muitas avarias no ‘MURO’, antes que desmorone por completo e tenhamos risco
de retroceder institucionalmente àquele ‘Estado de Indisciplina Crônico’ anos
pré-64 ou, por outro lado, que se transformem as forças armadas num monolito
político-ideológico de sustentação a desvarios autoritários como no período
1964-68-77-85. Como dizia o General Peri Bevilacqua, Ministro do STM cassado
pelo AI-5: ‘QUANDO A POLÍTICA ENTRA NO QUARTEL POR UMA PORTA, A DISCIPLINA SAI
PELA OUTRA’);
10) falo porque tive (e tenho) a ‘melhor profissão
do mundo’ – a de oficial do Exército Brasileiro e, por isso, tenho consciência
plena que aquele MURO só será reparado se contar com a participação mutuamente
cooperativa das chefias militares das forças armadas e das lideranças políticas
da sociedade civil.
Como fazer isso? É resposta ao mesmo tempo SIMPLES
e COMPLEXA. Apresentarei somente a parte SIMPLES e IMEDIATA:
– a saída, mais breve possível, de todos (TODOS) os
militares da ATIVA que exercem cargos de natureza política e/ou que não tenham
claríssima relação com as atividades essencialmente militares (o que inclui
atividades administrativas);
– a saída gradual de todos (ou quase todos) militares
da RESERVA dos cargos para os quais foram nomeados no governo, estatais,
autarquias, fundações, fundos de pensões, embaixadas, tribunais etc., nas
mesmas condições dos da ativa; e
– o mais SIMPLES de tudo –> Basta os GENERAIS
darem o EXEMPLO. Dar EXEMPLO é fazer primeiro ou junto!
A HISTÓRIA grita aos nossos ouvidos!
Ouçamo-la!
EM TEMPO: Enquanto a população não melhorar a qualidade do voto,estaremos sujeitos a esse políticos "bolo cru" e do "baixo clero"
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