ESTADÃO -
Breno Pires
© Fábio de Oliveira / Estadão. Pescador navega pelo Rio Potengi, cercado por áreas de mangues no Rio Grande do Norte.
BRASÍLIA - A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), requisitou ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que preste informações em até 48 horas sobre a revogação de regras de proteção a áreas de manguezais e restingas, determinada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), presidido por Salles. A solicitação foi feita em uma ação do Partido dos Trabalhadores que pede a suspensão da resolução do Conama.
O despacho, proferido na
quarta-feira, 30, destaca a urgência e relevância da questão. Rosa também pediu
pareceres da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Advocacia-Geral da
União (AGU), antes de decidir se concederá ou não a liminar pedida pelo PT.
“Diante da urgência qualificadora
da tutela provisória requerida e da relevância do problema
jurídico-constitucional posto, requisitem-se informações prévias ao Ministro de
Estado do Meio Ambiente, a serem prestadas no prazo de 48 horas. Dê-se ainda
vista ao Advogado-Geral da União e ao Procurador-Geral da República, no mesmo
prazo", diz um trecho do documento.
Como o Estadão mostrou, a revogação dessas regras abre espaço
para especulação imobiliária nas faixas de vegetação das praias
e ocupação de áreas de mangues para produção de camarão. A resolução do Conama
vem em um momento em que o conselho está controlado majoritariamente por
ministérios e membros do governo federal.
Além da derrubada das resoluções
sobre manguezais e restingas, o conselho também extinguiu uma terceira medida
que exigia o licenciamento ambiental para projetos de irrigação. Outra mudança
aprovada foi a permissão para queima de materiais de embalagens e restos de
agrotóxicos em fornos industriais, substituindo as regras que determinavam o
devido descarte ambiental do material. O conselho tem caráter consultivo e
deliberativo sobre questões ambientais.
“Os riscos que tal situação traz
ao meio ambiente são inúmeros, não sendo exagero destacar que o ser humano
destrói em segundos aquilo que a natureza demora séculos para construir. A
questão é urgente. A ausência normativa protetiva poderá ocasionar na atuação
imediata de diversas destruições ao meio ambiente, sem qualquer espécie de sanção
ou meio de desincentivo”, escreveu na o PT na ação, assinada pelo advogado
Eugênio Aragão, pelo senador Jacques Wagner (PT-BA) e pelo deputado federal
Paulo Teixeira (PT-SP).
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