Banco do Brasil vende carteira de crédito a preço de bananas. Com o valor estimado a quase R$ 3 bi, foi vendida por R$ 371 milhões
O Brasil nunca esteve tão lançado aos interesses particulares como na atual conjuntura. O país das desigualdades atravessa um mar de retrocessos, em meio à maior crise sanitária da década. O momento se torna ainda mais perverso diante do entreguismo da equipe econômica à mercê do ministro Paulo Guedes.
Diante de um cenário de atrasos, uma operação obscura vem à tona no panorama
econômico. Se trata da venda de uma carteira de crédito pelo Banco do Brasil ao
banco privado BTG Pactual. Segundo notícias divulgadas, a venda foi realizada a
preço de bananas, ou seja, o valor da carteira de crédito é de R$2,9 bilhões, e
o BB teria vendido esta carteira de quase R$3 bilhões por R$371 milhões.
Vale ressaltar que o banco BTG Pactual foi, na década de 1980, criado pelo
próprio Paulo Guedes, atual ministro da economia do governo de Bolsonaro, e que
ainda é um dos proprietários do banco. E mais: o ex-secretário do tesouro de
Bolsonaro se tornou sócio do banco Pactual.
“É de extrema gravidade esta transação, não só por ter ocorrido sem
transparência alguma, mas, principalmente, por representar a liquidação do
patrimônio público e o desmantelamento da soberania nacional. Para os
compradores, estima-se um lucro incalculável. Já para o Banco do Brasil,
segundo analistas, a operação acarretará um prejuízo significativo. É no mínimo
lamentável”, protesta a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores
do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
Agenda privatista
Mesmo em plena pandemia causada pelo
coronavívus, o Complexo Eólico Campos Neutrais, da Eletrobras, foi vendido à
empresa mineira Omega. A empresa estatal havia investido neste complexo um
valor de R$ 3,1 bilhões e vendeu pelo preço de R$ 500 milhões. A transação
ocorreu no último dia 30 de julho. O escândalo se completa quando se tem a
informação de que a usina obteve, em 2017, lucro líquido de R$ 345 milhões.
O Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (SingeRS), já havia
apresentado, em 2018, uma denúncia ao Ministério Público apontando a
inconstitucionalidade do leilão dos Parques Eólicos do Complexo Campos
Neutrais.
A venda escancara a proposta do atual governo de privatizar a Eletrobras. A
expectativa do mercado financeiro é que a venda do controle da empresa
responsável pela energia elétrica brasileira arrecada entre R$ 12 bilhões e R$
16 bilhões. Porém, só nos últimos dois anos, a estatal lucrou R$ 24 bilhões.
Estatais sob fortes
ameaças
Estes são alguns exemplos da grande
liquidação do nosso patrimônio público, que estão sob fortes ameaças. Um grave
ataque recente à empresa pública é a Medida Provisória 995/2020, que o governo
Bolsonaro publicou no último dia 07 de agosto, em edição extra do Diário
Oficial da União, com o objetivo de desmembrar e privatizar o banco estatal. Em
seus dois artigos, a medida autoriza o governo federal a passar por cima do
Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal para fatiar a Caixa em
subsidiárias que poderão, posteriormente, ser tiradas do Estado e divididas com
investidores.
A Contraf-CUT, a Fenae e as entidades da sociedade civil se mobilizam contra a
MP 995, que enfraquece o papel social do banco público.
Parafraseando a deputada federal, Érika Kokay (PT/DF), “a mão que afaga os
banqueiros e os rentistas desse País é a mesma mão que apedreja a população
brasileira”, quando fez uma comparação do poema do Augusto dos Anjos, durante a
live realizada pela página Resistência Carbonária, no fim de semana, onde o
tema foi a MP 995/2020, que entrega o patrimônio público aos interesses
privados.
“Sem bancos públicos o país seria mais carente de infraestrutura, de
investimentos e desenvolvimento social. Não podemos aceitar que tirem o
patrimônio público dos brasileiros e entreguem aos mais ricos deste país. A
desigualdade chegará a patamares imensuráveis. É preciso muita união e
mobilização da categoria contra a agenda privatista desmedida deste governo”,
diz Juvandia.
Extração do texto do sítio: https://app.redeclipping.com.br/clippings/view/92680
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