Correio Braziliense - Augusto Fernandes
© Marcos Correa/AFP.
A reunião do Mercosul ocorreu por video-conferência, por causa da pandemia. Bolsonaro disse que bloco ''é parte das soluções que estamos construindo''
Diante da
resistência de alguns países da Europa de sacramentar acordos comerciais com o
Mercosul, o presidente Jair Bolsonaro pediu aos demais chefes de Estado do
bloco sul-americano que façam uma força-tarefa para que os pactos com a União
Europeia e a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta) sejam finalizados
ainda neste ano. Ontem, durante a 56ª reunião da cúpula de presidentes do
Mercosul, o mandatário brasileiro ainda falou em “desfazer opiniões distorcidas
sobre o Brasil”, sobretudo em temas voltados ao meio ambiente, para tentar
viabilizar a assinatura dos acordos.
Atualmente,
organizações não-governamentais ambientalistas pressionam nações europeias a não
dar sequência aos dois pactos, que foram selados no ano passado, e países como
Áustria, Irlanda, França e Países Baixos já sinalizaram que não darão aval às
propostas, sobretudo por não aceitarem a forma como o governo Bolsonaro lida
com o tema ambiental. As queimadas na região amazônica são um dos principais
empecilhos, bem como a destruição de reservas indígenas por empresas
mineradoras.
“Nosso governo vai
desfazer opiniões distorcidas sobre o Brasil, mostrando ações que temos tomado
em favor da floresta amazônica e do bem-estar das populações indígenas”, disse
o chefe do Planalto aos mandatários de Argentina, Uruguai e Paraguai. Ele
acrescentou que “está disposto a avançar em outros empreendimentos com
parceiros mundo afora” e destacou que “o Mercosul é o principal veículo” para
que o Brasil possa se inserir “mais e melhor” no mundo.
“Queremos levar
adiante as negociações abertas com Canadá, Coreia do Sul, Cingapura e Líbano,
expandir os acordos vigentes com Israel e a Índia e abrir novas frentes na Ásia.
E temos todo interesse em buscar tratativas com os países da América Central”,
frisou Bolsonaro. O presidente pediu a mobilização dos demais membros do
Mercosul para o desafio de “conciliar a proteção da saúde das pessoas com o
imperativo de recuperar a economia” em meio à pandemia do novo coronavírus.
“Senhores presidentes, os próximos meses serão de grandes desafios para todos
nós. Tenho certeza de que o Mercosul é parte das soluções que estamos
construindo”, destacou ele, que cogitou, no ano passado, a saída do Brasil do
bloco.
Ataques e acenos O encontro foi cercado de expectativa porque se
tratava do primeiro compromisso oficial envolvendo Bolsonaro e o presidente da
Argentina, Alberto Fernández. Os dois colecionam desentendimentos desde o ano
passado, quando o chefe de Estado vizinho derrotou Mauricio Macri nas eleições
para a Casa Rosada.
Durante o seu
discurso, Bolsonaro não citou o nome do argentino, mas o alfinetou em, ao
menos, três ocasiões: ao defender a revisão da Tarifa Externa Comum (TEC) do
Mercosul — cobrada sobre a importação de produtos e serviços de empresas dos
países-membros do bloco —; ao criticar Nicolás Maduro — tido por Fernández como
o presidente da Venezuela —; e ao lamentar a ausência da presidente interina da
Bolívia, Jeanine Áñez, nos trabalhos do Mercosul no último semestre — o
argentino não reconhece o governo de Áñez e ainda concedeu refúgio, em Buenos
Aires, ao ex-presidente boliviano Evo Morales.
Fernández também
não se dirigiu diretamente a Bolsonaro, mas observou que “precisamos integrar
uma única nação em nível regional” e que “as diferenças que possam surgir passam
a um segundo plano”. “O importante é o desejo de nossos povos de se vincular,
acima dos governos, que, ocasionalmente, governam cada uma de nossas
Repúblicas. A união dos nossos povos precede a nossa posição como governantes
ocasionais”, comentou.
Fernández também
ressaltou a importância da globalização, fenômeno bastante criticado pelo
ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. “Estamos chamados a ser um
grande país, a América Latina. O mundo se globalizou, isso é fato. Brigar
contra isso é bobeira, o que não é bobeira é ver como nos integramos a um mundo
globalizado, como região. Aqui, ninguém vai se salvar sozinho, precisamos ver
como vamos construir um mundo mais igual e desenvolvido depois da pandemia.
Temos de encarar juntos esse debate”, frisou.
Por sua vez, o
presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, que assumiu a presidência pró-tempore
do Mercosul durante a reunião, firmou o compromisso de trabalhar com o governo
da Alemanha, um dos principais defensores do acordo comercial entre o bloco
sul-americano e a União Europeia, para acelerar a assinatura e ratificação do
pacto. Ele defendeu que o Mercosul tem de trabalhar a zona de livre comércio,
consolidar o trato nacional de produtos e aperfeiçoar a união aduaneira.
Na visão do
mandatário uruguaio, o fato de os países europeus tentarem, ao máximo, se
proteger da covid-19 pode levá-los “inconscientemente ao protecionismo”, o que
é uma “tentação” para algumas nações, em especial as maiores. “O Mercosul
precisa aproveitar e terminar o que começou. Não deve haver sinal global pior
do que não concluir os processos que levaram tantos anos de negociação, e
estamos na reta final. Portanto, se possível, nestes meses, temos de assinar
com a União Europeia e com a Efta”, salientou Pou.
EM TEMPO: Bolsonaro foi escolhido "a dedo" para promover o desastre ambiental e o governo genocida durante a Pandemia do COVID 19. Agora durmam com essa bronca, mas usem máscaras durante o dia. Desobedeçam o Presidente e preservem suas vidas.
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