quinta-feira, 16 de julho de 2020

Grupo Prerrogativas sai em defesa de Gilmar Mendes: ‘Botou o dedo na ferida’


Poder360

 

© Sérgio Lima/Poder360 Gilmar Mendes, ministro do STF, em gravação do programa Poder em Foco

grupo Prerrogativas, que reúne entidades e juristas do Brasil, divulgou nota em defesa do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, que tem sido alvo de críticas depois de ter falado, no último sábado (11.jul.2020) que o Exército estava se associando a 1 “genocídio” na pandemia. Ele se referia ao número de mortos no Brasil pelo coronavírus enquanto aumenta o número de militares no Ministério da Saúde.

O grupo afirmou que a declaração do ministro “botou o dedo na ferida” do governo federal, que se encontra “em maus lençóis por causa da péssima gestão da crise da covid-19″. Para a entidade, a repercussão das declarações do ministro são uma tentativa do governo de desviar o foco da crise gerada pelo descontrole da pandemia, que já matou mais de 72.000 brasileiros.

A palavra genocídio é uma clara hipérbole para mostrar o tamanho da crise e do descaso do governo para com dezenas de milhares de mortes, que logo chegarão à casa de uma centena de milhar. E como chamaremos a morte de mais de 100.000 pessoas?”, explicou. A manifestação do ministro do Supremo teve resposta do Ministério da Defesa. A pasta publicou nota afirmando que “as Forças Armadas atuam diretamente no combate ao novo coronavírus, por meio da Operação Covid-19. Desde o início da pandemia, vem atuando sempre para o bem-estar de todos os brasileiros”.

Eis a íntegra da nota do grupo Prerrogativas:

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No filme Wag the Dog (no Brasil, Mera Coincidência) , dois personagens, interpretados por Robert de Niro e Dustin Hofman, são chamados para resolver uma crise no salão oval da Presidência dos Estados Unidos.

O Presidente havia sido filmado em atitude inapropriada com uma menor de idade.

Os dois personagens, especialistas em ‘limpeza’, têm a seguinte ideia: inventar uma guerra contra a Albânia. E então fazem uma superprodução. E o povo acredita.

No Brasil, o governo, integrado por um expressivo número de militares, e em maus lençóis por causa da péssima gestão da crise da COVID 19, em que sequer Ministro da Saúde existe, inventou uma ‘guerra contra a Albânia’, para com isso desviar a atenção do fracasso e da triste marca de mais de 72 mil mortos até o presente momento.

Quem botou o dedo na ferida do governo foi o Ministro do STF Gilmar Mendes, ao dizer, em webinar no último dia 11, que não era aceitável o vazio no comando do Ministério da Saúde e que, se o objetivo de manter um militar à frente da pasta era o de tirar o protagonismo do governo na crise, o exército estaria se associando a esse ‘genocídio’.

Semelhantes críticas já foram feitas por diversas autoridades. A palavra genocídio é uma clara hipérbole para mostrar o tamanho da crise e do descaso do governo para com dezenas de milhares de mortes, que logo chegarão à casa de uma centena de milhar. E como chamaremos a morte de mais de cem mil pessoas?

Por óbvio que o contexto da fala do Ministro e dos demais participantes da webinar mostrava claramente que se tratava de uma hipérbole, ou seja, quando mais de 70 mil pessoas são mortas deixando mais de 200 mil pessoas-familiares enlutadas, afora os efeitos econômicos da perda de arrimos, qualquer expressão se torna fraca e incapaz de demonstrar o tamanho da tragédia. Óbvio isso.

Enquanto o ex-ministro do governo, Mandetta, dizia que o ministério da saúde tinha acabado, entre outros adjetivos, as Forças Armadas decidiram atacar os mensageiros. Mais, decidiram brigar com os fatos e, para tanto, inventaram uma guerra com a Albânia, atacando o Ministro Gilmar, para, assim, insistimos, desviar o real foco: o massacre de dezenas de vidas proporcionado por ausência de políticas públicas, pela delegação das nobres funções do Ministério da Saúde a militares sem expertise e pela negação científica da própria pandemia.

A trajetória do ministro Gilmar é conhecida de todos. Sempre respeitou as instituições. Como Presidente do STF, implementou o maior programa de ressocialização de presos e denunciou os perigos de um estado policial.

Como ele mesmo afirmou em nota, ‘além do espírito de solidariedade, devemos nos cercar de um juízo crítico sobre o papel atribuído às instituições no enfrentamento da maior crise sanitária e social de nosso tempo’.

Portanto, é hora de os brasileiros e as autoridades juntarem esforços para combater a crise sanitária e a crise econômica e não para vitaminar falsas polêmicas por meio da artificial construção de crises políticas, desviando os olhares da sociedade.

Seguimos. Os desafios são grandes.”


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