(Foto: EVARISTO
SA/AFP via Getty Images) |
Carolina Brígido
O Globo, 3 de junho de 2020
A denúncia envolve um ataque hacker contra um grupo de Facebook com o objetivo de beneficiar a chapa de Bolsonaro.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso, agendou para a próxima terça-feira o julgamento de duas Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aijes) que pedem a cassação do presidente Jair Bolsonaro e do vice, Hamilton Mourão, por irregularidades na campanha de 2018. Segundo as ações, hackers atacaram um grupo de Facebook com o objetivo de beneficiar a chapa.
O julgamento das ações começou em novembro do ano passado, quando o relator, ministro Og Fernandes, votou pelo arquivamento das ações. O ministro Edson Fachin pediu vista para examinar melhor os processos. Agora, o julgamento será retomado. Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) ouvidos em caráter reservado acreditam que não haverá condenação da chapa, por falta de provas de que os candidatos tinham conhecimento ou participaram do ataque cibernético.
As ações foram apresentadas por Guilherme Boulos e Marina Silva, que também concorreram à
presidência da República em 2018. Segundo as ações, o grupo virtual “Mulheres
Unidas contra Bolsonaro”, com 2,7 milhões de participantes, foi alvo de ataques
que alteraram o visual e conteúdo da página. Originalmente, o grupo criticava
Bolsonaro. Depois da atuação dos hackers, o grupo passou a se chamar “Mulheres
com Bolsonaro #17”, com a publicação de mensagens de apoio ao candidato.
Ainda de acordo com os processos,
Bolsonaro publicou em seu perfil oficial no Twitter a mensagem “Obrigado pela
consideração, mulheres de todo o Brasil”, com foto da página do grupo
modificada. Segundo os autores das ações, isso seria indício da provável
participação de Bolsonaro no episódio ou, ao menos, de que ele sabia da
alteração.
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No voto, o relator reconheceu que o
grupo foi alvo de ataques cibernéticos. Mas ponderou que não há prova de que
Bolsonaro participou da autoria ou sabia do caso. O ministro também apontou que
a invasão do perfil no Facebook por menos de 24 horas não teve gravidade capaz
de modificar o resultado da eleição.
Além desses, existem mais seis processos
no TSE pedindo a cassação do mandato da chapa vitoriosa na eleição presidencial
de 2018. Quatro delas apuram irregularidades na contratação do serviço de
disparos em massa de mensagens pelo aplicativo WhatsApp durante a campanha
eleitoral. No dia 29 de maio, Og Fernandes, que também é relator dos casos, deu
prazo de três dias para os envolvidos se manifestarem.
Há também uma ação sobre a instalação de outdoors
em apoio de Bolsonaro em pelo menos 33 municípios de 13 estados. E, por fim, há
um processo que apura uso indevido de meios de comunicação. O TSE já absolveu
Bolsonaro neste caso, mas há recurso pendente de julgamento.
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