segunda-feira, 4 de maio de 2020

Possibilidade de troca no comando do Exército gera apreensão militar

© AFP / Sergio LIMA

CORREIO BRAZILIENSE - Renato Souza


O presidente Jair Bolsonaro avalia remover o general Edson Leal Pujol do comando do Exército. A intenção, de acordo com fontes no governo, seria dar lugar a um militar mais fiel a ele, como o general Luiz Eduardo Ramos, atual ministro-chefe da Secretaria de Governo. A informação, que começou a circular neste domingo (3/5), em Brasília, gera apreensão nas Forças Armadas. 

O presidente estaria descontente com algumas ações do militar, como seus pedidos para que os brasileiros mantenham o distanciamento social em razão da pandemia de coronavírus e de seu escasso alinhamento com interesses do Planalto.

A eventual substituição de Pujol deixaria de lado diversas regras comuns do meio, como a alçada ao posto de comandante de militares mais antigos, como uma grande quantidade de títulos e que leva em consideração a hierarquia. Fontes ouvidas pelo Correio, tanto de militares que integram o Executivo, quanto de integrantes das três forças que estão alheios as relações políticas, avaliam que a possibilidade disso ocorrer "é muito difícil", mas se colocada em prática encontraria grande reprovação.

Mesmo não sendo dos militares mais aceitos pelos generais do alto comando do Exército, a saída de Pujol para dar lugar a um nome mais próximo do Planalto seria visto como uma interferência sem precedentes. "As Forças Armadas são instituições de Estado, e que estão alheias a disputas políticas. O presidente tem o poder para trocar o comandante, mas sabe que não deve fazer isso sem um forte motivo durante seu mandato. Esse motivo poderia por doença, falecimento ou à pedido. Mas nunca por jogada política", avalia um militar da cúpula do Exército.

Em vídeos institucionais publicados no site do Exército e canais das Forças Armadas, Pujol defendeu o respeito a quarentena, e disse que a pandemia de coronavírus "é um dos maiores desafios da nossa história". Na semana passada, Bolsonaro visitou o Comando Militar do Sul, e ao estender a mão para cumprimentar Pujol, recebeu de volta uma saudação de cotovelo, como determina as regras sanitárias para evitar a propagação do novo coronavírus.

A mesma saudação se seguiu por parte de todos os demais militares que recepcionaram o presidente, tendo em vista que estão abaixo de Pujol na hierarquia e seguiam recomendações do comandante. O ato, embora correto, não agradou o presidente. Neste domingo, em frente ao Palácio do Planalto, o presidente disse aos manifestantes que tem o apoio das Forças Armadas.

EM TEMPO: Não é só na PF que ele quer mandar. Bolsonaro nunca enganou ninguém. Indisciplinado que foi quando militar da ativa, deveria servir de alerta para os militares das Forças Armadas não o apoiarem. Apesar disso, hoje o Bolsonaro é muito dependente dos militares graduados. Sendo assim, o que os militares deveriam fazer era desembarcarem do governo Bolsonaro. Afinal, foi um grande erro que eles cometeram no início deste século XXI. Além do mais o Bolsonaro, de índole  ditadorial  e fascista,  está se aproveitando da pandemia do COVID 19 para dar um auto-golpe desde que ele seja o "chefe supremo". Bolsonaro como gosta de se amostrar e dizer suas bravatas, quer que todo mundo fique lhe paparicando. Aí é demais. Não acha? Agora durmam com essa bronca. 

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