© José Dias/PR O ministro da Saúde, Nelson Teich |
Veja.com - Mariana Zylberkan
O ministro da
Saúde, Nelson Teich, pediu
exoneração do cargo nesta sexta-feira, 15, segundo nota divulgada há instantes
pelo ministério. Uma coletiva de imprensa será realizada nesta tarde para ele
explicar o motivo da decisão. Empossado no dia 17 de abril no lugar de Luiz Henrique Mandetta, ele não chegou
a completar um mês no cargo.
Teich vinha sendo
pressionado pelo presidente Jair Bolsonaro para apoiar o uso da cloroquina em
pacientes com sintomas leves de coronavírus, além de oficializar a flexibilização da
quarentena. Na quinta-feira 15, em reunião com empresários organizada pelo
presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo
Skaf, Bolsonaro disse que iria liberar o uso da cloroquina mesmo a revelia de
Teich.
O agora ex-ministro
vinha sendo questionado por médicos que lhe cobravam coerência em relação ao
uso da cloroquina já que Teich, enquanto especialista em oncologia, sempre
condenou uso de medicamentos sem comprovação científica, algo que ocorre com
frequência em tratamentos de pacientes com câncer.
Na quarta-feira,
13, Teich havia cancelado entrevista coletiva em que anunciaria diretrizes para
atribuir aos estados a decisão de relaxar a quarentena, com base em cálculos
que levam em conta números de casos confirmados e leitos de UTIs disponíveis,
entre outros dados. Para publicar a portaria com as determinações, Teich
precisa do apoio de secretários de Saúde estaduais e municipais, que são a
favor do isolamento social. Esse parâmetro técnico foi uma promessa de Teich a
Bolsonaro pouco antes da nomeação. A demora de Teich em formalizar esses
critérios irritava Bolsonaro.
O ministro também
ficou contrariado quando foi informado por jornalistas na segunda-feira 11, que
Bolsonaro havia publicado decreto tornando salões de beleza, barbearias e
academias como atividades essenciais — portanto, liberadas para funcionar
durante a quarentena. Teich não havia sido consultado. A maior parte dos
governadores sinalizou que não irá seguir a determinação.
O mais cotado para
assumir o cargo é o número 2 do Ministério da Saúde, general Eduardo Pazuello, que é o atual
secretário-executivo da pasta – ele assumiu após a nomeação de Teich, num
processo de militarização da pasta tocado pelo Palácio do Planalto. Outro nome
bastante cogitado é o deputado federal Osmar Terra, que também é médico – ele tem se notabilizado
como um ferrenho crítico da política de isolamento social e é muito próximo a
Bolsonaro, de quem foi ministro da Cidadania.
EM TEMPO: Existe uma infinidade de políticos que gostam de humilhar seus auxiliares. Bolsonaro é um deles. Outros exemplos temos aos montes. Deste modo, fica difícil alguém querer trabalhar com Bolsonaro. O ex-ministro Teich nunca deveria ter aceitado o cargo. Agora durmam com essa bronca
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