© Sergio Lima/AFP. (Mudou a bandeira do Brasil? Grifo do Blog) |
CORREIO BRAZILIENSE - Agência Estado
Pressionado pela
crise na área de saúde e ameaçado de impeachment, o presidente da República, Jair Bolsonaro, participou nesse domingo
de um ato de apoio ao governo, em Brasília.
Da rampa do Palácio
do Planalto, Bolsonaro posou para fotos com 11 de seus 22 ministros, cantou o
hino nacional e adotou um discurso ameno em uma transmissão ao vivo do ato.
"Nenhuma faixa, nenhuma bandeira que atente contra nossa Constituição,
contra o Estado de Direito", disse o presidente, em relação aos
manifestantes.
O comentário marca
uma diferença em relação à postura adotada em atos anteriores, como o do dia 19
de abril, quando Bolsonaro participou de manifestação contra o Supremo Tribunal
Federal (STF) e o Congresso, em frente ao quartel-general do
Exército.
Outra diferença foi a presença de
ministros militares, como o general Luiz Eduardo Ramos (Secretaria
de Governo), que é da ativa, o general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança
Institucional), o almirante Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Marcos Pontes
(Ciência e Tecnologia), coronel da Aeronáutica.
O Estadão apurou
que o presidente fez chegar aos líderes do ato de apoio ao governo um pedido para que
evitassem faixas e palavras de ordem contra o STF e o Congresso. Bolsonaro, segundo
um auxiliar direto, fez o pedido pessoalmente, justificando que a insurgência
contra os demais poderes não o estava ajudando. Organizadores da manifestação
foram incumbidos de pedir aos apoiadores que recolhessem as faixas. Apesar
disso, alguns cartazes permaneceram.
Faixas
Em frente ao
palácio, centenas de pessoas empunhavam bandeiras do Brasil e faixas de apoio
ao presidente. Mas algumas delas também traziam provocações, como "Nossa
bandeira jamais será vermelha", em referência aos partidos de esquerda, e
"Cloroquina já", em defesa do uso do medicamento no tratamento de
infectados com a covid-19.
Havia ainda um
caixão com o nome do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Uma faixa dizia:
"Soldados Especialistas da Aeronáutica apoiam Bolsonaro". O
Ministério da Defesa não se manifestou a respeito.
© Sergio Lima/AFP (Moro=Bolsonaro. Grifo do Blog) |
Bolsonaro chegou à
rampa acompanhado dos ministros e de um dos filhos, o deputado federal Eduardo
Bolsonaro (PSL-SP).
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) também
apareceu depois no local. Ele cobrava a participação dos ministros de origem
militar no apoio mais ostensivo ao governo do pai.
Para inflamar os
manifestantes, Carlos ergueu os braços de vários ministros, como se os
estivesse apresentando ao público pela primeira vez. "Deixa ver se você
tem moral", chegou a dizer o presidente a um ministro antes de
apresentá-lo.
Ministros
ameaçados no cargo
Entre os ministros,
estava a da Agricultura, Teresa Cristina, que entrou recentemente na
lista de
autoridades com cargos ameaçados, assim como Marcos Pontes. Em Brasília, especula-se que Pontes pode
dar lugar a um representante do Centrão, que se aproximou recentemente do
presidente. O Ministro da Economia, Paulo Guedes, não participou do
ato.
Na rampa, Bolsonaro
chegou a ficar por cerca de 4 minutos em silêncio, apenas observando os
manifestantes. Eles cantaram o hino nacional e entoaram gritos de apoio. Após
fazer transmissão, ao vivo, nas redes sociais, Bolsonaro pegou no colo uma
criança vestida com roupa do Batalhão de Choque da PM de Minas Gerais. Com a criança,
desceu a rampa e andou próximo à grade do palácio, mais perto do público. Ao
contrário do visto em episódio anterior, no entanto, Bolsonaro não deu as mãos
aos apoiadores, mantendo distância. Ele estava de máscara, assim como os
ministros.
Jornalista
agredida
Uma apoiadora do
presidente Jair Bolsonaro bateu com o mastro de uma
bandeira do Brasil na cabeça de uma jornalista da Band
News TV que esperava para entrar ao vivo pela emissora durante
manifestação em apoio ao governo, na capital federal. O episódio ocorreu pouco
antes da participação de Bolsonaro no ato.
Depois da agressão,
a repórter Clarissa Oliveira relatou que o tom dos manifestantes foi
"bastante agressivo" em relação à imprensa. A responsável pela
agressão, de acordo com ela, circulava com a bandeira do Brasil chamando
profissionais da imprensa de "lixo". Após acertar com a bandeira na
cabeça da profissional, a mulher riu da situação e pediu desculpas, ainda aos
risos. Em nota, a direção de jornalismo da Band lamentou "mais essa prova
de desrespeito ao trabalho da imprensa".
EM TEMPO: A crise política será amenizada quando os militares, cerca de 3.000, desembarquem do governo Bolsonaro. Ficando apenas o Ministro da Defesa e talvez mais hum. Agora, os três generais/ministros que foram depor na PF, não gostaram da convocação. Mas, são os "ossos do ofício" para o militar que aceita um cargo político e normalmente ocupado por um civil.
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