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© Divulgação Bolsonaro dá posse ao delegado Alexandre
Rolando de Souza como diretor-geral da Polícia Federal.
Está nas mãos do
ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), a decisão de
divulgar ou não trechos da reunião ministerial em que, segundo o ex-ministro da
Justiça Sergio Moro, o presidente Jair Bolsonaro teria indicado a intenção de
interferir na Polícia Federal.
A Advogacia-Geral
da União (AGU), que defende o governo Bolsonaro no caso, já divulgou a
transcrição de alguns trechos do encontro. Nesses trechos, Bolsonaro se queixou
de forças de segurança federais e disse que não esperaria "foder(em) minha
família toda de sacanagem".
O presidente pediu
ao STF que não divulgue o vídeo na íntegra para preservar "questões de
Estado, economia e coisas pessoais" citadas pelos participantes. Segundo relatos,
entre outros acontecimentos, houve duras críticas à China e ofensas a ministros
do STF na reunião.
Moro sai do governo
O encontro ocorreu
em 22 de abril no Palácio do Planalto. Dois dias depois, o diretor-geral da
Polícia Federal, Maurício Valeixo, deixou o cargo. Moro pediu demissão no mesmo
dia.
A entrega do vídeo
ao STF ocorreu no âmbito de um inquérito que apura a conduta de Bolsonaro em
relação a denúncias feitas por Moro. Após deixar o
Ministério da Justiça e Segurança Pública, o ex-juiz afirmou que o presidente
lhe cobrou mudanças na Polícia Federal sem apresentar justificativas
plausíveis. A BBC News Brasil
lista a seguir os principais episódios que levantam suspeitas sobre a relação
do presidente com a PF.
1- Demissão de Sergio Moro
Em depoimento à
Polícia Federal após deixar o cargo de ministro, Moro disse que Bolsonaro
queria trocar o superintendente da PF no Rio de Janeiro. Segundo Moro, o
presidente lhe enviou a seguinte mensagem no WhatsApp: "Moro, você
tem 27 superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro."
Moro não disse qual
interesse Bolsonaro teria em interferir na divisão do Rio e afirmou que os
motivos deveriam "ser indagados ao presidente". O ex-ministro
afirmou ainda que Bolsonaro vinha lhe pressionando para tirar Valeixo da
direção da corporação sem apresentar justificativas convincentes.
Disse também que o
presidente "relatou verbalmente no Palácio do Planalto que precisava de
pessoas de sua confiança (na Polícia Federal), para que pudesse interagir,
telefonar e obter relatórios de inteligência".
Valeixo também
depôs à PF após deixar a corporação.
Ele afirmou que
Bolsonaro lhe disse que gostaria de nomear como diretor-geral "alguém
(com) que tivesse maior afinidade", mas que jamais lhe pediu relatórios de
inteligência nem tratou com ele sobre troca de superintendentes.
2 - Nomeação de Alexandre Ramagem
Após a saída de
Valeixo, Bolsonaro nomeou o delegado Alexandre Ramagem como diretor-geral da
PF.
Até então diretor
da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), anteriormente Ramagem foi o
responsável por chefiar da segurança da campanha de Bolsonaro após a facada
sofrida pelo então candidato. Nesse período, aproximou-se da família do capitão
reformado. No Réveillon de
2019, Ramagem foi fotografado ao lado do vereador Carlos Bolsonaro, filho do
presidente.
A proximidade do
delegado com a família presidencial fez com que o ministro Alexandre de Moraes,
do STF, anulasse a nomeação, atendendo a um pedido do partido PDT. "Analisando os
fatos narrados, verifico a probabilidade do direito alegado, pois, em tese,
apresenta-se viável a ocorrência de desvio de finalidade do ato presidencial de
nomeação do diretor da Polícia Federal, em inobservância aos princípios da
impessoalidade, da moralidade e do interesse público", afirmou Moraes na
decisão.
Bolsonaro não
recorreu e nomeou então o delegado Alexandre Rolando de Souza, considerado o
braço direito de Ramagem na Abin, para a direção da PF.
3 - Entrevista de Paulo Marinho
Em 16 de maio, o
empresário Paulo Marinho - um dos principais apoiadores da candidatura de
Bolsonaro à Presidência - disse em entrevista à Folha de S.Paulo que Flávio
Bolsonaro, primogênito do presidente, soube com antecedência de uma operação
policial que atingiu membros de seu gabinete.
Segundo Marinho, um
delegado da Polícia Federal no Rio que simpatizava com a candidatura de
Bolsonaro procurou Flávio entre o primeiro e o segundo turnos da eleição para
avisá-lo da Operação Furna da Onça.
A operação trouxe à
luz transações suspeitas de Fabrício Queiroz enquanto ele trabalhava como
assessor de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Investigadores
afirmaram que Queiroz gerenciava um esquema de "rachadinha" entre
funcionários do gabinete, coletando uma parte dos salários que lhes eram pagos
para entregá-la a Flávio ou destiná-la a outros fins.
Segundo Marinho, os
policiais decidiram segurar a operação para que ela não prejudicasse a
candidatura de Bolsonaro, postergando-a para depois do segundo turno. O aviso do delegado
sobre a operação, segundo Marinho, foi o motivo para a demissão de Queiroz e de
sua filha, Nathalia, que trabalhava no gabinete de Jair Bolsonaro. Ambos foram
exonerados em 15 de outubro.
No livro
"Tormenta - O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos", a
jornalista Thaís Oyama também afirma que a família Bolsonaro foi avisada com
antecedência da operação da PF.
Segundo ela, um
"delegado amigo" fez chegar ao clã a informação de que o gabinete de
Flávio Bolsonaro - assim como o de outros 20 deputados estaduais - estava sendo
investigado pela prática de "rachadinha".
EM TEMPO: Esta ocorrência demonstra que nos governos nitidamente da burguesia, ingerências como essa ocorrem aos montes. Lembrem-se que o próprio carrasco de Lula, o ex-juiz Sérgio Moro, afirmou que nos governos do PT não houve ingerência nos trabalhos da PF. Agora durmam com essa bronca ou levem Bolsonaro e os seus filhos para terminar de criá-los (rsrsrs).
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